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A falta de meios é um dos «grandes desafios» que o IPR enfrenta

Diretor clínico do Instituto Português de Reumatologia (IPR) há seis meses, Augusto Faustino alerta para os constrangimentos económicos e de referenciação que existem na instituição. Pede mais apoios e realça o empenho e a dedicação do corpo clínico, que faz tudo para prestar bons cuidados de saúde aos utentes, apesar das dificuldades que surgem dia-a-dia.

Em entrevista ao Jornal das XXII Jornadas Internacionais do IPR, distribuído hoje aos participantes do evento, Augusto Faustino afirma que "um dos grandes desafios" que a entidade enfrenta diz respeito à "falta de meios e recursos e a obrigatoriedade de nos centrarmos nos cuidados assistenciais da consulta e do internamento, a fim de conseguirmos garantir os acordos de prestação de serviços médicos celebrados pela administração e, por conseguinte, o financiamento da instituição."

O especialista reforça a ideia de que "o maior constrangimento é mesmo a questão económica", explicando que "o orçamento é insuficiente e os reumatologistas estão muito condicionados, sendo impelidos a responder a questões imediatas e a protelar áreas muito importantes, como a investigação clínica, os ensaios, a intervenção social ou a formação médica, só para citar algumas".

Relativamente ao investimento em inovação, o diretor clínico do IPR refere que, apesar das restrições económicas, o IPR acompanha a evolução científica e inovação, "como não podia deixar de ser", explicando que, "umas das áreas-chave são as terapêuticas biotecnológicas, os chamados medicamentos biológicos. O nosso objetivo é sempre o conseguir que cada doente seja tratado da forma clínica e cientificamente mais adequada para a sua situação, permitindo assim os  melhores resultados para todos os envolvidos (doente, instituição e estado)."

Entre outros temas abordados na entrevista, Augusto Faustino esclarece que" atualmente, está-se perto dos dois terços do número de reumatologistas que deveríamos ter no país". No entanto, apesar desta "melhoria significativa", ainda existem muitas assimetrias a nível da cobertura nacional na Reumatologia hospitalar: "Nalgumas regiões, há unidades com apenas um ou dois especialistas que, inevitavelmente, não conseguem dar resposta às solicitações que lhes vão surgindo no dia-a-dia, e existem algumas áreas do país (por exemplo o Alentejo) sem qualquer especialista a nível de hospitais do SNS."

Sobre o futuro do IPR, apesar de, "o desafio prioritário ser a sobrevivência", o responsável salienta que tal "não significa que nos devemos resignar a cumprir a nossa obrigação e desistir de procurar melhorar as condições de trabalho e o retorno económico para os profissionais que trabalham nesta instituição." E termina a entrevista com uma mensagem de esperança: "O meu papel enquanto diretor clínico será sempre o de um treinador que aproveita e potencia as qualidades individuais de cada um para o bem coletivo, e que não irá deixar de incentivar a equipa que será possível ganhar este desafio!"



A vida agitada de quem se dedica há anos à Reumatologia

Todos os dias são bem preenchidos. Augusto Faustino diz que não tem tempos livres. “Não paro. Quando o faço é para estar com a família, tentar estar com os amigos, ler e ver futebol, principalmente o ‘meu’ Sporting.” Em stand-by ficou uma coleção de selos.

Os poucos hobbies ajudam a relaxar de uma carreira em que se dedicou sempre à Reumatologia e ao bem-estar dos doentes. Em 1986, concluiu a licenciatura em Medicina, na FMUL, e realizou o Internato Geral no Hospital de Santa Maria e o Internato Complementar Hospitalar de Reumatologia no IPR, obtendo o Grau de Assistente Hospitalar Eventual de Reumatologia em 1994.

Seguiu-se o Concurso de Admissão a Especialista do IPR, em 1995, passando a pertencer ao Quadro Clínico. Aqui exerceu a sua atividade clínica hospitalar, dividida por consulta externa, internamento hospitalar, investigação clínica, apoio na formação a internos. Entre 2003 e 2005, foi responsável pela Consulta de Reumatologia do Hospital de São José, ao abrigo de um protocolo clínico entre as duas instituições. Foi presidente da Direção da Sociedade Portuguesa de Reumatologia (biénio 2006-2008), coordenador nacional do Registo Nacional de Doentes Reumáticos da Sociedade Portuguesa de Reumatologia de 2008 a 2012 e é o atual presidente da Direção da Liga Portuguesa contra as Doenças Reumáticas.



A entrevista completa com Augusto Faustino foi publicada no Jornal das XXII Jornadas Internacionais do IPR, que se realizaram nos dias 27 e 28 de novembro.

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