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«O nosso Hospital de Dia é o ex-libris da Unidade de Hepatologia e da Hepatologia portuguesa»

“Apesar de representar uma grande carga de trabalho, o serviço prestado é uma mais-valia, que satisfaz os doentes e os profissionais”, afirma José Presa, coordenador da Unidade de Hepatologia da ULS de Trás-os-Montes e Alto Douro. Gerida por internistas, oferece respostas em internamento e ambulatório únicas no país, que atraem internos de norte a sul.



"É essencial estarmos próximos dos doentes”

Foi em 2000, após regressar da Unidade de Hepatologia do Hospital Clínic de Barcelona, onde tinha estado a estagiar, que José Presa foi convidado pelo então diretor do Serviço de Medicina a reorganizar os cuidados hepatológicos do então CH de Vila Real/Peso da Régua. Iniciou uma Consulta de Hepatologia e um Hospital de Dia, dinamizados por si e pela enfermeira Filomena Carvalho. A evolução foi sendo progressiva.

“Aos poucos, começámos a crescer, em número de doentes, de dias de consulta e de sessões de hospital de dia”, recorda. Com a criação da Unidade de Hepatologia, em 2007, o crescimento foi mais acelerado, graças à integração gradual de novos colaboradores. 

Acreditando na importância da descentralização dos cuidados, principalmente num CH que abrange uma área de influência direta superior a 5000 km2, o internista implementou a consulta na Unidade de Chaves e, mais recentemente, na Unidade de Lamego.

“Numa área geográfica tremenda, em que as distâncias são consideráveis, é essencial estarmos próximos dos doentes”, refere.

Atualmente, com uma equipa composta por oito médicos, todos com formação específica em doenças do fígado, quatro enfermeiros dedicados, dois assistentes operacionais e uma assistente técnica, "a Unidade de Hepatologia da ULSTMAD é a que tem maior atividade de consulta entre os serviços de Medicina Interna do país". José Presa acredita que o segredo está no “crescimento sustentado, com uma equipa estável, unida e motivada”.


José Presa

A conjugação de cuidados tem sido "fundamental para se conseguirem bons resultados"

Ao longo do tempo, vários projetos conjuntos foram implementados, entre eles o da Consulta de Grupo de Tumores Hepatobiliopancreáticos, em articulação com a Oncologia Médica, a Radiologia de Intervenção, a Radioncologia e a Cirurgia Geral, que é a terceira maior da Unidade Local de Saúde de Trás-os-Montes e Alto Douro e que está em franco crescimento.

“Inicialmente, a consulta era quinzenal, mas neste momento é semanal, e estamos a equacionar a possibilidade de passar a ser bissemanal”, refere o médico.

Esta consulta de grupo junta vários especialistas, que semanalmente avaliam doentes com patologia tumoral, sejam tumores hepáticos primários, das vias biliares ou do pâncreas, a fim de discutir a decisão terapêutica.



Mais recentemente, em julho de 2023, a Unidade foi contemplada com um espaço de internamento próprio, de seis camas, no Serviço de Medicina Interna, que veio “fechar o ciclo de tratamento dos doentes”.

José Presa espera que, em breve, a área aumente, de forma a responder ao aumento das solicitações. A articulação existente com a Unidade de Cuidados Avançados do Serviço, onde colaboram inclusivamente hepatologistas da equipa, permite “oferecer um cuidado diferenciado aos doentes antes de transitarem para a enfermaria”. Na sua opinião, “esta conjugação de cuidados é fundamental para se conseguirem bons resultados”.


"O único (Hospital de dia) exclusivamente dedicado à Hepatologia em Portugal"

Avaliando o ambulatório, o responsável afirma que o Hospital de Dia é “o ex-libris da Unidade e da Hepatologia portuguesa”, visto ser, até à data, o único exclusivamente dedicado à Hepatologia em Portugal.

Enquanto em 2000 havia apenas três camas, neste momento, são já seis e, nas novas instalações, que estão a ser reformuladas, haverá espaço para sete camas e cinco cadeirões, e ainda quatro gabinetes de consulta, uma sala de FibroscanÒ e ecografia e uma sala de reuniões.

Esta atividade ambulatória veio permitir reduzir significativamente a afluência destes doentes ao Serviço de Urgência. “A maior parte deles está referenciada ao Hospital de Dia, com acesso privilegiado ao espaço. Através do contacto com a equipa, conseguimos coordenar a sua vinda ao Hospital de Dia, evitando que recorram à Urgência, algo que nos outros hospitais, infelizmente, não acontece”, diz.

Por isso, “apesar de representar uma grande carga de trabalho, o serviço prestado é uma mais-valia, que satisfaz os doentes e os profissionais”.



José Presa esclarece que alguns dos procedimentos são realizados em conjunto com a radiologia de intervenção. O recurso a um pequeno laboratório de hemodinâmica hepática possibilitou dar início a um meio complementar de diagnóstico, apenas disponibilizado nos centros mais desenvolvidos de Hepatologia.

Mais recentemente, “iniciámos a recanalização de trombose crónica da veia porta em doentes que apresentaram descompensações, algo também muito avançado nesta área da patologia hepática vascular complexa”, conta.

No caso dos tumores do fígado, realça que "os doentes são tratados na sua plenitude desde a cirurgia, quando operáveis, às terapias sistémicas".

“A Unidade lidera todos os processos, à exceção do transplante, pelo que apenas esses casos são orientados para o Santo António, no Porto, ou para Coimbra, onde estão os nossos centros de referência”, indica.



José Presa considera que, “neste momento, e progressivamente, a Hepatologia continuará a ser liderada pela Medicina Interna. No entanto, lembrando a importante atuação da Gastrenterologia também no domínio hepatológico – que, aliás, é a especialidade líder em estruturas como as ULS de Braga, de São João e de Santa Maria –, salienta que, “cada vez mais as áreas têm de ser multidisciplinares”.

E desenvolve: “Precisamos de ter uma Gastrenterologia, uma Radiologia de Intervenção, uma Cirurgia e uma Oncologia de grande qualidade, que nos ajudem a tratar destes doentes, mas também uma Radioterapia e uma Cardiologia capazes de intervir sempre que necessário. Não podemos viver isolados.”

Apesar de a Medicina Interna estar associada a um conhecimento global, o médico alerta que “ser internista não é saber tudo, porque tal é impossível, e, no caso da Hepatologia, o conhecimento é galopante, pelo que em vários lugares do mundo há profissionais diferenciados em determinadas áreas desta especialidade”.


A reportagem completa pode ser lida na edição de janeiro/fevereiro do jornal Hospital Público.

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