Miocardiopatias: Novas opções terapêuticas discutidas na 10.ª Reunião Anual do GEDMP

"Temos vindo a assistir a um grande desenvolvimento desta área ao longo dos últimos anos, nomeadamente com o surgimento de novos fármacos”, refere Nuno Marques, coordenador do Grupo de Estudo de Doenças do Miocárdio e do Pericárdio (GEDMP) da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC).

Neste campo, Nuno Marques salienta a área da amiloidose cardíaca, que, “além de deter vários fármacos em estudo atualmente, existem já várias opções terapêuticas válidas em Portugal para estes doentes”.

O ano de 2020 ficou marcado também pelo surgimento de um novo fármaco para a área da miocardiopatia hipertrófica obstrutiva, salientando o cardiologista do CHU do Algarve que “o mavacamten será, obviamente, a curto prazo uma opção para os doentes, a nível europeu”.


Nuno Marques, durante a reunião do GEDMP em 2019

Contributo da genética na identificação precoce dos doentes


Por outro lado, o coordenador do GEDMP aponta o maior conhecimento dos doentes com estas patologias como outra mais-valia, que permite “atuar mais precocemente no tratamento, evitando, por exemplo, a morte súbita cardíaca, quando conseguidos diagnósticos precoces”.

Para este avanço muito contribuiu, na sua ótica, o campo da genética, “na identificação da doença e até das mutações, que potenciam um seguimento diferente quer dos doentes, como dos familiares”.

Como explica, “muitos casos tratam-se de miocardiopatias raras que, estabelecido o diagnóstico genético, é feito de seguida o rastreio da família, em termos clínicos e genéticos, de forma a identificar o mais precocemente todos os doentes”.

Ciclo de Formação Avançada em Cardiomiopatias

Prestes a terminar o segundo mandato à frente do GEDMP, Nuno Marques conseguiu, em conjunto com as colegas de coordenação, Olga Azevedo, do Hospital Senhora da Oliveira, e Ana Rita Almeida, do Hospital Garcia de Orta, avançar na elaboração de documentos de consenso na área das miocardiopatias, algo a que se tinha proposto logo no primeiro mandato (2018-2019).


Nuno Marques com Olga Azevedo e Ana Rita Almeida durante a 9.º reunião do GEDMP

“Publicámos, em 2020, um artigo de recomendações para o tratamento da amiloidose cardíaca, à base do conhecimento atual e estamos a desenvolver outros consensos em conjunto com a SPC”, destaca.

Realça ainda um documento de consenso elaborado também em 2020, relativamente à vacinação da gripe, “uma temática que era fundamental estar clara e bem definida entre todos os grupos de estudo da SPC”.

Em fase de aprovação encontra-se ainda um Ciclo de Formação Avançada em Cardiomiopatias, apresentada pelo GEDMP à SPC, que terá uma periodicidade anual e “será um avanço na componente formativa das miocardiopatias em Portugal”.

Reunião anual com grande adesão

Estes e outros assuntos serão abordados na 10.ª Reunião Anual do GEDMP, que está agendada já para esta sexta-feira e sábado. O evento, que decorrerá em formato digital, tem início com uma uma mesa redonda sobre as "novidades na miocardite e miocardiopatia inflamatória".

Questionado sobre a adesão que a reunião está a ter, Nuno Marques manifesta uma grande satisfação, adiantando que foram atingidas as 200 inscrições, o que acaba por ser uma consequência do empenho do GEDMP na formação contínua dos profissionais, algo que tem marcado a atividade deste grupo de trabalho da Sociedade Portuguesa de Cardiologia.  O programa pode ser consultado aqui.

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