Médicos de família «tristes com a desconsideração do poder político»

A “desconsideração por parte do poder político” para com os especialistas de Medicina Geral e Familiar e as dificuldades pelas quais estes passam nas suas unidades, tais como a falta de médicos, neste momento de constrangimentos financeiros e dificuldades sociais, são alguns dos problemas apontados por Rui Nogueira, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, na cerimónia de abertura do seu 32.º Encontro Nacional, aludindo ao tema geral do mesmo: “Pensar positivo e trabalhar em equipa”.

“Os médicos de família estão exaustos, mais do que isso, estão tristes porque são desconsiderados pelo poder político. Contudo, com resiliência e uma postura positiva vamos conseguir superar as dificuldades”, afirma.

E desenvolve: “Temos unidades com metade dos médicos necessários e, quando assim é, o trabalho, obviamente, recai sobre os que lá estão. É complicado.”



Rui Nogueira fala ainda noutras situações que considera “inaceitáveis e não compreensíveis”, como, por exemplo, a questão do sistema informático com que trabalham, que é “inoperacional” e faz referência aos problemas dos concursos de ingresso na carreira médica e à necessidade de se atualizarem os quadros médicos.

“Devemos, também, refletir sobre o internato médico de MGF, que tem 1/3 dos internos do país, isto é, quase dois mil internos. São uma força de mobilização, de trabalho e de inovação nas nossas unidades de saúde. Obviamente, é necessário acarinhar, desenvolver e tratar melhor as estruturas de internato”, indica, apelando ao bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, que estava presente na sessão, que os ajude a repensar e reorganizar o internato médico de um modo geral.

Quanto à reforma dos CSP, Rui Nogueira considera ter sido, depois da fundação do Serviço Nacional de Saúde, uma “benesse” para o nosso sistema. “Foi com certeza o que mais sucesso teve. Podemos orgulhar-nos disso e a APMGF esteve envolvida desde o início. Não será fácil destruir a reforma dos CSP.”

Este foi, segundo descreve, um longo trajeto, pensado e refletido durante anos. Contudo, há agora necessidade de outras inovações. “É importante universalizar as USF. Não podemos ter só metade da população abrangida por estes modelos”, conclui.



O 32.º Congresso Nacional da APMGF tem estado a decorrer no Centro de Congressos do Estoril. A cerimónia de abertura contou com a participação do secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, Leal da Costa, do presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, do bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, e da palestrante da conferência inaugural, a psicóloga Helena Marujo, que fez uma palestra subordinada ao tema geral “Pensar Positivo e Trabalhar em Equipa”.

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