Medicina Interna: SPMI lança primeiro curso de e-learning na área da diabetes
Terá início, no verão, o primeiro curso de e-learning da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), na área da diabetes. O projeto foi apresentado recentemente, no Porto, durante a reunião “A to Z Diabetes - Sharing Knowledge & Expertise”, organizada pela AstraZeneca.
No evento, dirigido a internistas, foi discutido, também, o papel destes especialistas no acompanhamento da pessoa com diabetes mellitus tipo 2 (DMT2), assim como a sua abordagem no internamento e no ambulatório, e ainda o conceito de “hospitalização domiciliária”, tendo sido apresentado um projeto pioneiro nesta área.
Em declarações à Just News, Manuel Teixeira Veríssimo, presidente da SPMI e presidente desta reunião, sublinha que este tipo de cursos constitui “uma forma importante de chegar a mais pessoas”. Além disso, “permite que os profissionais utilizem o tempo consoante a sua disponibilidade”.
Rita Nortadas, internista do Hospital Garcia de Orta e coordenadora do grupo de trabalho nomeado para desenvolver a plataforma e-learning, relata que este projeto nasceu há cerca de dois anos. Segundo a médica, o objetivo fundamental é a formação contínua de profissionais de saúde ligados à área da Diabetes (maioritariamente médicos, ainda que alguns módulos possam ser ajustados à Enfermagem e a outros técnicos). O público-alvo são internistas, especialistas em Medicina Geral e Familiar (MGF) e internos de formação específica.
Questionado sobre o papel do internista na abordagem da pessoa com DMT2, Álvaro Coelho, coordenador do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM) da SPMI, e presidente da reunião, afirma que “o papel do internista é uma mais-valia, dada a visão holística da pessoa que, além da DMT2, tem outras patologias, problemas familiares ou financeiros que interferem com o sucesso do tratamento”.
“O internista tem um papel central, pois, está na urgência, no internamento, dá a alta e vê a Diabetes no seu conjunto de problemas. Além disso, é interlocutor privilegiado para com a comunidade, particularmente com a MGF, que assume a posição mais importante no seguimento clínico”, afirma o coordenador do NEDM.
Álvaro Coelho, Manuel Teixeira Veríssimo e António Martins Baptista.
António Martins Baptista, coordenador de Medicina Interna no Hospital Beatriz Ângelo e do Núcleo de Estudos de Formação em Medicina Interna e também presidente da reunião, refere que, embora não devesse ser essa a realidade, “é na Urgência que os internistas apanham a maior parte dos doentes diabéticos”, com comas hiperglicémicos, cegueiras, doenças renais, membros com isquemia, enfartes e acidentes vasculares cerebrais.
O internista do Hospital Beatriz Ângelo defende que muitos dos doentes deixariam de recorrer à urgência “se quem financia limitasse o financiamento das urgências e pusesse dinheiro nos hospitais de dia ou nas consultas do doente crónico”.
Formação é uma das grandes apostas da SPMI
A SPMI tem vindo a apostar, cada vez mais, na formação, tendo, por isso, criado, recentemente, um Centro de Formação. Além do curso de formação e-learning na área da diabetes, que se prevê ter início no verão, são várias as iniciativas que tem vindo a promover e que apoia cientificamente. Foi o caso da reunião da AstraZeneca, que teve lugar em abril, no Porto.
Para Manuel Teixeira Veríssimo, presidente da SPMI, “estas relações com a Indústria Farmacêutica são ótimas para as sociedades científicas e para os profissionais, porque permitem a formação sem que haja alguma interferência do ponto de vista científico por parte da mesma”.
Na atual edição do Jornal Médico pode ser lida a reportagem completa, com declarações de mais especialistas:
- Mónica Reis, internista do Hospital de Vila Franca de Xira;
- Joana Leite, internista do Centro Hospitalar de Leiria;
- Rui Duarte, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD)
- Carlos Godinho, internista do Centro Hospitalar do Algarve/Hospital de Faro e membro da Direção da SPD.