KRKA

Lisboa recebe o maior evento europeu na área da contraceção e saúde reprodutiva

Lisboa será o palco do 13.º Congresso da Sociedade Europeia de Contraceção e Saúde Reprodutiva (ESC), que terá lugar entre os dias 28 e 31 de maio. Com o tema “Desafios na Saúde Reprodutiva e Sexual”, o encontro é organizado pela ESC, com o apoio da Sociedade Portuguesa da Contracepção (SPDC) e sob a chancela da Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia (FSPOG). Teresa Bombas, secretária-geral assistente da ESC e secretária-geral da SPDC, será a presidente deste evento, no qual são esperados mais de 3000 participantes.

Entrevistada pela Women`s Medicine, Teresa Bombas começa por fundamentar a escolha do tema, afirmando que “Portugal, pela sua história, tem uma tradição de tentar ir mais além e de algum pioneirismo”. Além disso, “pretende-se que o congresso represente um ponto definitivo de viragem para trabalhar esta área com a mesma relevância que dedicamos a outras áreas da nossa especialidade. Na Medicina, as coisas não são estáticas e, portanto, a nossa ideia é dar mais um passo em frente”, justifica.

A questão do aborto será um dos temas nobres do evento. Segundo a secretária-geral da SPDC, este continua a ser um assunto muito debatido, sobretudo porque as legislações são muito diferentes nos vários países da Europa e há muitos onde o aborto não é seguro e acessível e a mortalidade e a morbilidade ainda são elevadas.

“Portugal tem uma experiência muito boa no aborto médico que temos divulgado e que tem sido útil para os especialistas de outros países da Europa”, comenta.

Por outro lado, no mundo global em que vivemos, a circulação de pessoas é cada vez maior e, nesse sentido, o trabalho desenvolvido no aconselhamento contracetivo em grupos específicos será outra das temáticas em destaque. “Por vezes, as pessoas vivem em países estrangeiros em comunidades fechadas. Nesse sentido, os profissionais de saúde têm de se adaptar e trabalhar em grupos com culturas e hábitos diferentes e, portanto, há também uma tentativa de individualizar a nossa prática clínica a pessoas que têm expectativas e desejos diferentes, onde reconhecemos que existem muitos problemas.”

Outra das matérias que merecerá realce será a contraceção em mulheres com doenças específicas. Em debate estarão temas como o risco tromboembólico, mulheres medicadas por patologias crónicas e casos onde a gravidez não planeada é um risco.

A saúde sexual e os comportamentos de risco, incluindo a adição a drogas, é outro dos focos do encontro. De acordo com Teresa Bombas, cada vez mais, este grupo é também uma parte importante da atividade clínica.

Do ponto de vista terapêutico, serão apresentadas novidades, como o lançamento de um novo dispositivo intrauterino medicamentado de curta duração (para três anos), tal como de um novo sistema transdérmico mais estético e, teoricamente, com uma maior aceitação.

Apesar de o implante e do anel vaginal não representarem uma novidade em Portugal, há muitos países que não têm estes métodos de contraceção. Neste sentido, o congresso será uma oportunidade para troca de experiências.

Além disso, e como frisa Teresa Bombas, “a contraceção é sempre uma área de grande progresso científico”, havendo muitos produtos em investigação, assim como novas formas de administração em contraceção, que também vão ser debatidas. “O progresso vai no sentido de nós encontrarmos um contracetivo que seja tenha o máximo de eficácia possível, com o menor risco possível, para uma aceitabilidade maior”, aponta.

Congresso vai além da vertente científica

De acordo com Teresa Bombas, as reuniões da ESC vão muito além da parte científica, porque trabalham muito a intervenção na sociedade e são multidisciplinares, o que constitui uma “mais-valia”. “As expectativas destas reuniões internacionais são sempre elevadíssimas”, considera a presidente do evento.

A secretária-geral da SPDC entende que o planeamento familiar é também um trabalho comunitário. “Há 30 anos, as mulheres tinham um número de filhos que lhes acontecia. Hoje em dia, com a otimização dos cuidados de saúde, as mulheres passam mais anos a evitar a gravidez do que a ter filhos, sobretudo as que têm uma carreira profissional mais prolongada”, afirma.

Se compararmos a população portuguesa antes e depois de 1974, os índices de alfabetização mudaram substancialmente e com isso modificaram-se também as expectativas. “As pessoas casam-se mais tarde, iniciam a atividade sexual mais cedo, mas protegem-se e escolhem a altura certa para terem os seus filhos.”

Em jeito de conclusão, Teresa Bombas afirma esperar que o trabalho que é feito pelos profissionais de saúde ao longo da vida das mulheres e dos casais se reveja nesta reunião, quer do ponto de vista do trabalho social, quer do ponto de vista científico, visto tratar-se de uma área científica em expansão, que envolve muita investigação.


Notícia publicada na atual edição de Women`s Medicine.

Imprimir


Próximos eventos

Ver Agenda