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Investigação sobre a ansiedade dos adolescentes vence Concurso de Enfermagem

Tânia Morgado, Vera Lopes e Lúcia Sousa foram as vencedoras do último Concurso de Investigação em Enfermagem do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC). 

O projeto de investigação que desenvolveram tem como objetivo “avaliar a viabilidade de uma intervenção psicoeducativa sobre a ansiedade, no âmbito dos cuidados de enfermagem proporcionados aos adolescentes no serviço de Pedopsiquiatria, nomeadamente na área da enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica”, explica Tânia Morgado.

E acrescenta: “Pretendemos capacitar os adolescentes para o reconhecimento dos sinais e sintomas de ansiedade e para a identificação das estratégias de gestão da ansiedade mais eficazes para cada um e, simultaneamente, promover a literacia em saúde mental sobre a ansiedade dos adolescentes e a sua aplicabilidade no dia-a-dia.”

Questionada sobre o significado do prémio, Tânia Morgado afirma: “Sentimos o reconhecimento institucional e a valorização da investigação na prática clínica, no âmbito dos cuidados de enfermagem prestados aos adolescentes no Serviço de Pedopsiquiatria.”


Lúcia Sousa, Tânia Morgado e Vera Lopes

Simultaneamente, acrescenta Vera Lopes, “vencendo o concurso, temos a colaboração e a orientação metodológica do Núcleo de Investigação em Enfermagem (NIE) para o desenvolvimento deste projeto de investigação”.

Por sua vez, Lúcia Sousa destaca "o compromisso institucional de ser disponibilizado tempo exclusivo para a investigação".

"Várias perturbações mentais nesta faixa etária"

A adolescência, enquanto transição da infância para a vida adulta, constitui-se como "uma fase de vida crítica para a saúde mental", refere Tânia Morgado, e explica a ideia:

“São várias as perturbações mentais que têm o seu pico de incidência nesta faixa etária. De acordo com a OMS, aproximadamente 16% das crianças e adolescentes sofrem de alguma perturbação mental e a prevalência mundial de qualquer perturbação da ansiedade em crianças e adolescentes é de 6,5% (Child Mind Institute, 2018)."

De acordo com a enfermeira, se, por um lado, "a infância e a adolescência se constituem como uma fase de vida crítica para a saúde mental", por outro, apresentam-se como "fases de vida privilegiadas para a intervenção e para a investigação”.


Os vencedores do Concurso de Investigação foram conhecidos durante o II Simposium de Investigação em Enfermagem

"A psicoeducação é uma forma específica de educação"

Vera Lopes frisa que esta é ainda uma área pouco estudada. “Na prática clínica, os enfermeiros identificam necessidades específicas de intervenção” aponta, nomeadamente, na área especializada de Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica (ESMP), que se encontra devidamente regulamentada.

No contexto do Serviço de Pedopsiquiatria, “o enfermeiro especialista em ESMP assume um papel crucial no diagnóstico e na intervenção, perante respostas humanas desajustadas ou desadaptadas aos processos de transição geradores de sofrimento, alteração ou doença mental (Regulamento n.º 515/2018)".

E, acrescenta a enfermeira, "para além da mobilização de si mesmo como instrumento terapêutico, desenvolve vivências, conhecimentos e capacidades de âmbito terapêutico que lhe permitem, durante a prática profissional, mobilizar competências psicoterapêuticas, socioterapêuticas, psicossociais e psicoeducacionais”.

Lúcia Sousa refere que “a psicoeducação é uma forma específica de educação que promove a compreensão e o insight sobre os problemas e/ou perturbações de saúde mental e a aprendizagem e o treino de estratégias de gestão e/ou resolução”, fazendo referência ao Regulamento n.º 356/2015.

“Este projeto contribui para o desenvolvimento do conhecimento, da investigação e da intervenção de enfermagem, na área específica da saúde mental e psiquiátrica”, possibilitando, desta forma, “uma prática de enfermagem fundamentada/reflexiva/sustentada na melhor evidência científica”.



De acordo com Tânia Morgado, a equipa pretende "avaliar a viabilidade de uma intervenção psicoeducativa que promova e uniformize a prática clínica de enfermagem centrada nas necessidades dos adolescentes internados no Serviço de Pedopsiquiatria, com os diagnósticos de enfermagem: ansiedade e autocontrolo da ansiedade comprometido, desocultando indicadores sensíveis aos cuidados de enfermagem".

Simultaneamente, desejam envolver os pais/tutores legais no processo terapêutico dos adolescentes "e estabelecer a ligação necessária ao ambulatório e aos cuidados de saúde primários para garantir a continuidade de cuidados".

Com este projeto, e em jeito de conclusão, as enfermeiras e investigadoras pretendem "contribuir para a melhoria da qualidade dos cuidados de enfermagem no Serviço de Pedopsiquiatria". E manifestam o desejo de que promova o desenvolvimento do seu conhecimento e competências de investigação e, "através da sua motivação, gostariam de cativar a equipa a desenvolver mais investigação em enfermagem".

NIE: desde 2012

“A evolução da profissão de enfermeiro exige produção de conhecimento disciplinar próprio”. Foi com esta convicção que, em 2012, foi criado o Núcleo de Investigação em Enfermagem (NIE) do CHUC, coordenado por António Marques.


Elementos do Núcleo de Investigação em Enfermagem

Constituído hoje por 10 elementos, o Núcleo foi criado essencialmente "para promover a investigação em Enfermagem fora do contexto académico, que se dirige à produção de conhecimento específico que se considere prioritário". Mas também para fazer a translação desse conhecimento, ou seja, "para tirar partido do mesmo, de modo a trazer para a prática clínica melhor qualidade de cuidados".



O II Simposium de Investigação em Enfermagem, que decorreu sob o lema "Da visão à implementação", permitiu a apresentação de pósteres que, exclusivamente, reportassem "resultados de estudos de investigação".

Na reunião foram ainda apresentados os resultados de mais três trabalhos de investigação desenvolvidos no CHUC: "Juízo clínico sobre a capacitação do prestador de cuidados", "Conhecimento dos profissionais de saúde em cuidados paliativos" e "Cuidados pós-alta à pessoa com depressão".
 

 
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