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Investigação ao estado nutricional do idoso arranca em julho com inquéritos em todo o país

Perto de quatro dezenas de entrevistadores vão percorrer o país, a partir de julho, para aferir o estado nutricional do idoso, no âmbito de uma investigação inédita conduzida pela Unidade de Epidemiologia do Instituto de Medicina Preventiva, da FMUL.

O relatório final deverá ser apresentado no prazo de um ano e, nessa altura, será possível também saber, com rigor, em que medida a solidão, a depressão e a dieta podem estar a prejudicar a qualidade de vida do idoso, sublinhou João Gorjão Clara, coordenador da Unidade Universitária de Geriatria do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN) e investigador principal da equipa.



A primeira sessão pública de apresentação do projeto realizou-se esta semana, na Faculdade de Medicina de Lisboa, e serviu para debater e acertar detalhes sobre os aspetos metodológicos da investigação – designada por PEN-3S (de Portuguese elderly nutritional status surveillance system) – e para apresentar o Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF), que vai ajudar a sustentar grande parte do trabalho de campo.

“Os estudos de investigação nos idosos são relativamente recentes. Praticamente todos os estudos e ensaios foram feitos a indivíduos de meia-idade. Consideraram que todos os que tinham mais de 65 anos eram idosos, mas esta é uma idade arbitrária, que não define, de facto, quem é idoso e quem é doente geriátrico ou saudável. É uma população muito heterogénea e os dados são, por vezes, contraditórios, difíceis ou não existem”, referiu João Gorjão Clara.

Houve, por isso, a necessidade de definir com pinças a seleção da amostra. Haverá, pela primeira vez, informação epidemiológica sobre os padrões alimentares e o estado nutricional dos idosos. Sabe-se, no entanto, que a malnutrição é prevalente neste grupo. Daí que a outra componente do projeto seja a criação de um sistema eletrónico de vigilância e alerta, em estreita colaboração com os prestadores dos CSP, médicos e enfermeiros. O objetivo é que, havendo números, possa haver uma justificação para uma intervenção.

“Para já, queremos saber até que ponto os idosos se alimentam mal e quais as razões”, sublinhou o investigador.



De acordo com Teresa Madeira, coordenadora do projeto e investigadora da Unidade de Epidemiologia do Instituto de Medicina Preventiva da FMUL, não há informação atualizada sobre os consumos alimentares desde 1980. Sabe-se, contudo, que “muitas das doenças crónicas podem ser diminuídas e tratadas através da alimentação”. Uma vez concluído o estudo, será possível implementar as políticas de saúde necessárias de combate e prevenção à malnutrição.

Enquanto o Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física, dinamizado pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, se destina à população em geral, o PEN-3S vai estudar especificamente os idosos, chegando aos que se encontram institucionalizados. “O PEN 3S acrescenta algumas variáveis e escalas que são específicas do idoso e do estado nutricional e acrescenta os idosos que estão em lares e que estavam excluídos do IAN-AF”, explicou.


O projeto de investigação “Estado nutricional dos idosos portugueses: estudo de prevalência nacional e construção de um sistema de vigilância” é financiado pelo Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu 2009-2014, no âmbito dos European Economic Area Grants, e tem como parceiros o Oslo and Akershus University College of Applied Sciences, a Associação para a Investigação e Desenvolvimento da Faculdade de Medicina de Lisboa, o Instituto Ricardo Jorge e a Universidade do Porto, através do Instituto de Saúde Pública e da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação.


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