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Internistas comemoram 70 anos da SPMI com «imenso orgulho»

Assinalou-se, há dias, os 70 anos da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) com uma sessão solene na Academia de Ciências de Lisboa. Para Lèlita Santos, presidente da SPMI, a efeméride é “um marco importante na história da SPMI e da Medicina Interna, mas também para a Saúde em Portugal.”

Antigos presidentes e vários membros da SPMI estiveram presentes na sessão que assinalou os 70 anos da SPMI, onde, além de um momento musical, também se ouviu a anterior ministra da Saúde, Maria de Belém Roseira, falar sobre “Enfermaria médica e social” e uma mensagem do Presidente da República.

Na sua intervenção, Lèlita Santos começou por expressar o “imenso orgulho” na história da SPMI, relembrando o quão “nuclear” é a especialidade de Medicina Interna nos hospitais, sendo que 14% dos médicos são internistas. Continuando, enfatizou o papel dos serviços de Medicina Interna que são responsáveis, anualmente, por mais de 180 mil doentes internados, 587 mil consultas, mais de 4 milhões de episódios de urgência e mais de 5 mil camas com uma taxa de ocupação superior a 100%.


Lèlita Santos

Não esquecendo as dificuldades sentidas no Serviço Nacional de Saúde (SNS), sobretudo no que diz respeito a recursos humanos, a responsável enalteceu o papel dos internistas que estão “na linha da frente de muitas batalhas”.

E enfatizou “a sua missão de olhar para o doente no seu global e de estarem onde é preciso diagnosticar e tratar, preocupando-se com as vertentes de bem-estar físico, mental e social”.

Lèlita Santos reconheceu que se esperam grandes desafios nos próximos tempos, mas garantiu que irão manter o compromisso de defender o fortalecimento dos serviços públicos de saúde, com acesso universal e tendencionalmente gratuito a cuidados de qualidade, nos quais se inclui os preventivos e as novas formas assistenciais. A especialista considera que é desta forma que é possível combater o sobrediagnóstico, sobrerrastreio e o sobretratamento.

“Defendemos hospitais mais flexíveis, escaláveis, mais integrados e focados em processos assistenciais, com camas e recursos humanos suficientes, que proporcionem cuidados integrados, contínuos e proativos a doentes crónicos complexos”, acrescentou.


Lèlita Santos com outros presidentes da SPMI: Faustino Ferreira, João Araújo Correia, Luís Campos e Manuel Teixeira Veríssimo

Maior articulação entre Saúde e Social

Na sua intervenção, Maria de Belém Roseira focou-se numa ideia-chave: “A Saúde é um direito humano especial, ligado ao direito à vida, sem a qual não se podem exercer outros direitos humanos.”

Fazendo uma análise dos últimos relatórios e estudos, alertou para as várias desigualdades que ainda imperam no acesso a cuidados de saúde em Portugal, sobretudo junto das classes sociais mais vulneráveis.

Relembrou ainda o facto de, na União Europeia, o nosso país apresentar maus indicadores quando se trata de avaliar a qualidade de vida após os 65 anos. Defendeu, assim, que o SNS não pode conformar-se com os bons resultados nalgumas áreas, como os da Saúde Materno Infantil.

“Temos o desafio de fazer e refazer o SNS, que é um projeto humanista, não ideológico”, disse, relembrando palavras de António Arnaut, o fundador do SNS.


Maria de Belém Roseira

Defendeu também uma maior articulação entre Saúde e Social, mencionando que as desigualdades poderão aumentar nos próximos tempos, com o aumento de seguros de saúde. “É preciso haver uma maior aproximação multissetorial, o que é possível através da discriminação positiva.”

Outros pontos abordados foram a necessidade de se apostar na inovação, na transformação digital e na relação humana médico-doente.

Quanto à Medicina Interna, destacou o seu papel no sistema de saúde, por ser “uma especialidade absolutamente indispensável, integrativa e integradora”.



O Presidente da República não pôde estar presente, mas gravou um vídeo para deixar algumas palavras aos internistas que, segundo afirmou, são “uma das traves-mestras dos hospitais”, ao lidarem com doentes bastante complexos.

No final da sessão solene fez-se silêncio para ouvir a pianista Joana Gama, além de uma sessão de autógrafos com Maria Elisa Domingues, autora do livro que assinala os 70 anos da SPMI “A Missão de Cuidar”.



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