Internato médico em época de pandemia: «Mais que uma ameaça, uma oportunidade de crescimento»
Entre esta quinta-feira e domingo, os internos de Medicina Interna estão reunidos na Escola de Verão de Medicina Interna (EVERMI), que tem lugar em Albernoa, Beja.
Sob o lema “Tempo de ser Internista”, a pandemia é inevitavelmente um dos temas em debate, mas não o único. Em declarações à Just News, Nuno Bernardino, diretor do curso, destaca o impacto da atual crise sanitária na formação dos internos.
Para o médico, “a pandemia da covid-19 foi, mais que uma ameaça, uma oportunidade de crescimento para os internos de Medicina Interna”. E explica porquê:
“O que se tem vivido faz com que os mais novos adquiram maior capacidade de gestão de tempo e até de expectativas e de medos, que vão ser importantes ao longo da sua carreira como especialistas.”
Nuno Bernardino com o presidente da SPMI, João Araújo Correia, e a co-diretora do curso, Zélia Lopes
Questionado sobre o que mais se aprendeu ao longo destes primeiros 6 meses de covid-19, em Portugal, realça “a forma como todos – mesmo especialistas – controlaram o receio de uma ameaça invisível, que os leva a ter medo de quem está à sua volta, mas também de si próprios”. Por outro lado, refere também “a experiência de conseguirem, no meio de muita informação, focar-se no essencial”.
Outro ponto que destaca é a relevância da própria Medicina Interna: “A pandemia permitiu mostrar, mais uma vez, como a Medicina Interna tem um papel muito importante no contexto hospitalar pela sua visão holística do doente, assim como pela sua flexibilidade e adaptação fácil a diferentes contextos.”
Como acrescenta: “A Medicina Interna tomou, de facto, as rédeas na maioria dos hospitais na abordagem da covid-19.”
Apesar de tudo, reconhece que houve algumas limitações. “Nem sempre puderam contactar com uma maior diversidade de patologias e esperemos que melhore a atual situação de saúde, também para que não haja inclusive alguns estágios cancelados.”
Precisamente por causa do novo vírus e das medidas de contingência, a EVERMI 2020 sofreu mudanças, podendo ter apenas 25 participantes.
Nuno Bernardino esclarece que “este tipo de iniciativa não se cinge à aquisição de conhecimentos, mas também para se estabelecer contactos entre internos e especialistas e para que se crie aquele espírito de internistas, que devem reafirmar a Medicina Interna nos locais onde trabalham".
Neste sentido, e apesar da limitação de vagas, "é importante realizar a EVERMI.”