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Infeções respiratórias: «O diagnóstico precoce, rápido e diferencial é fundamental»

Especialistas de Pneumologia, Microbiologia e Patologia Clínica partilharam recentemente as experiências das suas unidades hospitalares no que diz respeito à situação atual do diagnóstico rápido por PCR e dos vírus que causam infeções respiratórias. "Foi extremamente gratificante contribuir para esta conversa aberta", afirma Mercedes Manzanares, diretora-geral ibérica da Cepheid.

Segundo a responsável, a mesa redonda intitulada "Análise do contexto atual das infeções respiratórias", que se realizou no final de setembro, despertou um grande interesse de profissionais de várias especialidades e áreas: "Este ano superámos as expectativas relativamente ao número de inscritos e participação ativa dos assistentes." 

Medidas para evitar a propagação dos vírus respiratórios


De acordo com Mercedes Manzanares, o que levou a Cepheid a organizar este evento é muito simples: "As doenças respiratórias continuam a ser uma das principais causas de morbilidade e mortalidade em Portugal. Num período pós-pandemia é fundamental analisar o contexto das doenças respiratórias, os seus desafios e preparar medidas preventivas."


Assim, destaca que "o diagnóstico precoce, rápido e diferencial é fundamental para fazer uma gestão eficaz do doentes e implementar medidas para evitar a propagação dos vírus respiratórios".

Esta necessidade e urgência de uma intervenção precoce foi precisamente uma das ideias partilhadas na mesa redonda pelo pneumologista Carlos Lopes, do Centro Hospitalar Lisboa Norte, considerando ser "cada vez mais importante" e desenvolve a ideia: "Um alvo definido permite um aumento da eficácia dos antivirais direcionados para o vírus SARS-CoV-2 e Influenza".

Assim, de acordo com o especialista, "importa identificarmos o alvo para personalizamos a terapêutica, aumentando assim a eficácia e diminuindo consequentemente os efeitos secundários. Assim, conseguimos perceber o que se passa em termos epidemiológicos que, por sua vez, é imprescindível para planearmos o futuro."



Gerir internamentos

Outro dos oradores convidados, Tiago Guimarães, diretor do Serviço de Patologia Clínica do Centro Hospitalar de São João do Porto, sublinhou que, "do ponto de vista clínico, faz sentido classificarmos. Ou seja, a capacidade de despistar e de classificar pode ser importante".

Na sua opinião, “o diagnóstico diferencial" tem uma importante mais valia: "Permite, acima de tudo, gerir internamentos". Ou seja, "podemos ter os doentes em pares, de acordo com o seu diagnóstico, os que têm influenza, os que têm o SARS-CoV-2, etc, o que neste sentido, torna este diferencial relevante.”

A mesma abordagem foi partilhada por Catarina Chaves, igualmente patologista, mas do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. De acordo com a médica, "o diagnóstico rápido é importante para identificar o vírus causador de uma condição clínica  para poder gerir o internamento, evitar contaminação e disseminação do vírus dentro do hospital ou para analisar se há a necessidade de algum suporte adicional.”

E fez questão de garantir que, a nível de resposta de diagnóstico,"estamos preparados para dar resposta ao clínico sempre que ele assim a solicitar. Portanto, acho que estamos preparados para receber a época normal, sazonal, dos vírus respiratórios”.



A importância da rapidez em hospitais fora das grandes cidades


A mesa redonda organizada pela Cepheid contou ainda com a intervenção da microbiologista Gina Marrão, responsável de laboratório no Serviço de Patologia Clínica num hospital fora dos grandes centros urbanos, o Centro Hospitalar de Leiria.

Lembrando precisamente que se encontra num hospital "com pouco recursos humanos", explicou que "as coisas têm de funcionar o mais rápido possível e por isso apostamos muito em soluções automatizadas e fiáveis, como é o caso do Infinity, onde realizamos a grande maioria dos testes. O acesso a estas soluções para nós é imprescindível.”

E se deixassem de ter acesso a esta tecnologia? "Garanto-lhe que todos iriamos sentir, principalmente quem está do lado de lá. Atualmente conseguimos dar uma resposta rápida e, como tal, os clínicos de certa forma já se acostumaram com esta dinâmica."


Pneumologia, Microbiologia e Patologia: proporcionar uma "conversa aberta" entre especialistas


Para o evento foram convidados especialistas de Pneumologia, Microbiologia e Patologia. E Porquê estas três especialidades? "O diagnóstico e tratamento de um doente implica a intervenção de uma equipa multidisciplinar", explica Mercedes Manzanares, indicando que, "paralelamente, cada um dos especialistas tem as suas prioridades e desafios durante o processo".

Em declarações à Just News, a responsável afirma que é, por isso, "imprescindível reunirmos os especialistas para analisar o circuito, partilhar experiências e sempre que possível identificar os obstáculos inerentes ao processo". Até porque "a verdade é que, apesar de trabalharem nas mesmas instituições, são raras as oportunidades em que os profissionais se podem reunir e partilhar as suas preocupações e angústias".

Assim, reconhece que, “enquanto empresa, foi uma grande satisfação podermos contribuir para uma conversa aberta e desprovida de julgamentos”.



Mercedes Manzanares

"Sabemos que há realidades hospitalares que são completamente distintas"


A iniciativa teve a particularidade dos quatro oradores convidados serem de quatro cidades, e não foi por acaso, conforme salienta Mercedes Manzanares:

"Dada a dimensão do país existe a tendência de se considerar que a realidade hospitalar é exactamente a mesma independentemente da sua localização. No entanto, o que se verifica é que dependendo da região as realidades sobre o mesmo tópico são completamente distintas."

Desta forma, além de ser disponibilizado "um ponto de vista nacional, contribuímos para que todos os assistentes se sintam representados, criando assim uma relação de maior proximidade".

Para a responsável da Cepheid Ibérica, é fundamental a empresa ter "uma representação regional o mais abrangente possível. Desta forma, conseguimos passar a todos os assistentes uma representação real das diferentes realidades ao nível nacional".

"Garantir que vamos sempre detetar aquilo que são as expressões invariáveis do vírus"


E quais as principais conclusões a tirar do que foi partilhado pelos diferentes especialistas nesta mesa redonda dedicada à "Análise do contexto atual das infecções respiratórias"? Para Mercedes Manzanares, "ficou claro que os convidados consideram que as principais medidas preventivas passam pelas medidas de higiene reforçadas, a auto-exclusão perante quadros de sintomatologia e a vacinação dos grupos de risco".

E acrescenta: "Todavia, existem outros desafios associados à gestão da temporada de virús respiratórios, nomeadamente, a necessidade de criarmos uma certa sazonalidade dos vírus ao humano, o acompanhamento regular das mutações dos vírus, a disponibilização de testes robustos e o contínuo trabalho de educação cívica. Trata-se portanto, de um conjunto de medidas essenciais para gerir os desafios desta temporada."

Também olhando para o futuro, Tiago Guimarães fez questão sublinhar na mesa redonda que, "do ponto de vista de diagnóstico, o que é importante é manter os testes robustos para depois não termos surpresas", acrescentando:

“Neste momento, a minha maior preocupação nesta área é garantir que temos testes que vão sempre detetar aquilo que são as expressões invariáveis do vírus e que que, portanto, nos permitem não estar vulneráveis às variantes que vão aparecendo”.

Catarina Chaves destacou ainda a importância da Direção Geral de Saúde e as entidades competentes "continuarem a apostar na etiqueta respiratória, ou seja, continuar a consciencializar as populações".

Pode aceder ao podcast da mesa redonda "Análise do contexto atual das infecções respiratórias":


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