Ginecologistas estreitam laços ao nível da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

“A Mulher, da infância à menopausa, saúde e direitos sexuais reprodutivos” foi o tema escolhido para o I Congresso Internacional de Obstetrícia e Ginecologia dos Países de Língua Portuguesa, que se realizou em Moçambique e que contou com uma ampla representação de especialistas portugueses. Angola será o próximo país a acolher o evento, dentro de três anos.

O objetivo de realizar congressos ao nível da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) já existia, mas nunca se tinha concretizado, devido sobretudo à dispersão geográfica e aos custos inerentes à concretização de um evento com estas características, explicou Pedro Vieira Baptista, membro da Direção da Sociedade Portuguesa de Ginecologia e um dos especialistas que integrou a delegação portuguesa enviada à cidade de Maputo, entre os dias 14 e 16 de maio.



A partilha de experiências, muito diferente de país para país, é uma das primeiras mais-valias que Pedro Vieira Baptista aponta e que justificam o congresso promovido pela Associação Moçambicana de Obstetras e Ginecologistas (AMOG).

“Mesmo dentro de cada país, há realidades diferentes. Sem estes encontros, a partilha de realidades e experiências pode nunca chegar a acontecer”, explica, acrescentando que, a nível pessoal, significou voltar a contactar com uma realidade que conheceu em 2010, quando trabalhou no Hospital Central de Maputo. “Essa experiência deu-me alguma visão dos problemas e dificuldades relativos aos cuidados de saúde em Moçambique e, muito especialmente, na área da Ginecologia e Obstetrícia”, afirma.

Pedro Vieira Baptista não tem dúvidas de que Moçambique, um país com uma grande extensão territorial, tem poucos profissionais de saúde para dar resposta às necessidades. “O projeto inovador de formar técnicos de cirurgia e de anestesia, para suprir essas faltas, parece estar a dar alguns frutos, mas não é, naturalmente, suficiente para a resolução de todos os problemas”, sublinha.

Por outro lado, nota que “um dos grandes problemas a considerar é a elevadíssima taxa de infeção pelo VIH e uma consequente elevada taxa de transmissão vertical, apesar da disponibilidade de terapêutica antirretroviral”. Acrescenta que “as taxas de mortalidade materna são assustadoras” e que a maioria dessas mortes seria evitável se houvesse uma adequada vigilância pré-natal e assistência ao parto.

“Alguns partos ocorrem a centenas de quilómetros do bloco operatório mais próximo!”, lembra o ginecologista. Receia ainda o aumento do flagelo do cancro do colo do útero. “A combinação HPV e VIH, associada à quase total falta de rastreio, terá, necessariamente, que se associar a milhares de mortes evitáveis anualmente”, lamenta.




Presença portuguesa na reunião de Moçambique

Além de Pedro Vieira Baptista, a Sociedade Portuguesa de Ginecologia esteve ainda representada por Eunice Capela. No Congresso promovido pela Associação Moçambicana de Obstetras e Ginecologistas participaram ainda Daniel Pereira da Silva e Diogo Ayres de Campos, presidente e secretário-geral da Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia, Rui Marques de Carvalho - Hospital de Santa Maria/CHLN, Teresa Bombas, presidente da Sociedade Portuguesa da Contracepção, bem como Maria do Céu Almeida, que pertence à Direção.

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