Formação em Medicina da Dor está fragmentada em Portugal

“A formação na área da Medicina da Dor existe em Portugal, mas está fragmentada”, alerta Catarina Aguiar Branco, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação (SPMFR).

Para Catarina Aguiar Branco, a formação em Medicina da Dor está estruturada de “modo deficiente” e é, de algum modo, “heterogénea”, se se considerar o país que temos e os possíveis centros formadores para esta área.

“É necessário regulamentar a formação em Medicina da Dor. Os cursos de pós-graduação, que já existem, são muito úteis e estão bem organizados”, afirmou, salientando a importância de regulamentar a formação contínua e pós-graduada dos internos de especialidades que muitas vezes são esquecidas, mas que são muito importantes porque a Medicina da Dor é transversal a todas as áreas”, afirmou a presidente da SPMFR.

Segundo Catarina Aguiar Branco, “os défices de formação existem nas várias especialidades que tratam a dor e há alguma dificuldade em ter formadores suficientes nas diferentes áreas para dar cursos creditados em Medicina da Dor”.

“Temos de fazer um trabalho de avaliação do que há em Portugal, quais são os centros onde existem potencialmente melhores condições para formação em Medicina da Dor, quem são os formadores que podem dar formação nesta área e estão habilitados para isso”, advertiu, salientando que existe necessidade de fazer cursos não só na perspetiva generalista da Medicina da Dor, mas também para áreas específicas da dor, como, por exemplo: dor na população pediátrica, dor na população geriátrica, AVC e dor no lesionado medular.



Esta temática foi discutida recentemente, durante o VI Encontro Nacional das Unidades de Dor, organizado pela Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED), numa sessão que teve como principal objetivo ouvir as várias sociedades médicas portuguesas mais relacionadas com a Medicina da Dor, entre as quais, obviamente, a SPMFR. Tentou-se perceber o contributo que cada uma delas pode dar para a evolução e reestruturação da Medicina da Dor, assim como as formas de sensibilizar não só as autoridades de saúde, mas também o público.

Falou-se, também, sobre a formação específica, sobretudo da necessidade da formação pré-graduada nas universidades, das parcerias que as sociedades científicas podem fazer com instituições variadas, nomeadamente as universidades, para a formação na área da dor, e também o contributo das sociedades num trabalho multidisciplinar para organizar cursos creditados de Medicina da Dor.

Uma das grandes conclusões foi que a dor e a Medicina da Dor é transversal a muitas especialidades e que a necessidade de formação nesta área é real e deverá, nalgumas dessas especialidades, ser obrigatória.

Concluiu-se, ainda, que a formação deve incidir sobre os internos de formação específica, mas também sobre especialistas. E, além disso, que as várias sociedades médicas devem trabalhar em conjunto para criar cursos de formação validados para a Medicina da Dor.

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