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«Finalmente, alguém percebe o que eu sinto quando digo que tenho dor!»

“Então?! Mas não tem nada, como é que pode ter dor?” Muitos dos doentes que chegam pela primeira vez ao Centro Multidisciplinar de Dor Beatriz Craveiro Lopes reconhecem que já anteriormente haviam sido confrontados com esse comentário, quando os vários exames de diagnóstico a que iam sendo submetidos ao longo do tempo não acusavam nada que objetivamente justificasse a queixa que apresentavam, o que os conduzia ao desespero.

“Por isso é que a formação em dor é muito importante!”, exclama a anestesiologista Elsa Verdasca, “porque quem trabalha nesta área e conhece os mecanismos da dor sabe que o doente que se queixa pode estar, de facto, em sofrimento, mesmo que os múltiplos exames que faça não o denunciem”.


Elsa Verdasca

A médica, que em 1996 iniciou a sua relação com a então Unidade de Dor do Hospital Garcia de Orta, quando ainda era interna, acabaria, a partir de 2009, por ficar ligada a “tempo inteiro” à nessa data denominada Unidade Multidisciplinar de Dor.

Nessa altura, já tinha adquirido o estatuto de Unidade Funcional Autónoma, obtido em agosto de 2007, deixando de depender do Serviço de Anestesiologia e reportando diretamente à Direção Clínica. Continua a ser, aliás, a única estrutura deste género, na área da dor, a funcionar com este tipo de gestão autónoma.

"Nós entendemos perfeitamente"

Elsa Verdasca faz questão de dizer à Just News que reconhece a mais-valia que representa para um profissional que se dedica a esta área “passar pelo mesmo que os doentes passam”, porque ela própria experienciou essa situação.

“Eu acho que isso é uma coisa interessante para quem faz dor e que nos melhora muito em termos de abordagem dos nossos doentes. Quando algum deles nos diz que está deprimido e que já não aguenta mais, nós entendemos perfeitamente, porque ao fim de uma semana de nós termos dor já nos falta a paciência...”, admite, compreendendo o pensamento do doente que está à sua frente quando este desabafa:

“Finalmente, alguém percebe o que eu sinto quando digo que tenho dor!”




31.º Congresso Medicina da Dor: “O que há de novo?”

Eleita presidente da Associação para o Desenvolvimento da Terapia da Dor (ASTOR) em assembleia-geral realizada em março de 2023, Elsa Verdasca, 57 anos, tem a especial responsabilidade de liderar a organização da 31.ª edição do Congresso de Medicina da Dor. Evento que não se vai desviar do modelo de 2023, no que diz respeito ao seu conteúdo programático, em torno da dor crónica, contemplando a vertente não física da primeira.

“O que há de novo?” é o tema do encontro deste ano, com o 1.º dia de trabalhos a voltar a acontecer na última sexta-feira de janeiro (dia 26), prosseguindo na manhã de sábado (dia 27). Na quinta-feira (dia 25) realizar-se-á o ECOASTORx, Curso de Intervenção em Medicina da Dor.

Com uma previsão de 600 participantes, metade dos quais médicos de diversas especialidades – nomeadamente, Anestesiologia, Medicina Física e de
Reabilitação, Neurologia, Ortopedia, Medicina Geral e Familiar, Psiquiatria, Oncologia e Medicina Interna –, outros grupos profissionais marcarão também presença no Auditório do ISCTE, em Lisboa, como enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas e nutricionistas.



Respeitando a tradição de, em anos alternados, uma Unidade de Dor de outra instituição ser convidada a ter uma participação ativa no programa do Congresso da ASTOR, a escolha recaiu sobre a Clínica da Dor do IPO de Lisboa, a primeira unidade do género a ser criada no país. Aliás, este foi precisamente o hospital com quem se estabeleceu esta mesma parceria há 31 anos, por ocasião do 1.º Congresso.

Elsa Verdasca comenta, a propósito, haver “uma boa relação entre as várias unidades, sendo que as coisas funcionam muito bem porque todos nos vamos conhecendo”. E acrescenta: “Nós conseguimos ter esta relação de respeito pela qualidade do trabalho de cada um, numa relação de partilha e não de competição.”

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