Cerca de um terço dos doentes internados nos serviços de Medicina Interna são diabéticos

As pessoas com diabetes pertencentes ao grupo etário entre os 51 e os 60 anos têm a doença mal controlada previamente ao internamento. Este é um dos dados obtidos com o estudo DIAMEDINT, realizado pelo Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), que avaliou o perfil e a prevalência dos doentes internados em serviços de Medicina Interna do país.



Os resultados foram revelados no primeiro dia do XXII Congresso Nacional de Medicina Interna, que está a decorrer em Viana do Castelo, até domingo.



O estudo, coordenado por Estevão Pape, internista do Hospital Garcia de Orta, em Almada, e membro do NEDM, envolveu 31 dos 42 serviços de Medicina Interna do país e um total de 126 médicos, aos quais foi pedido que preenchessem uma base de dados com vários indicadores. A recolha de dados foi realizada no dia 15 de março deste ano.

O estudo DIAMEDINT permitiu concluir que cerca de um terço (31,1%) dos doentes internados nos serviços de Medicina Interna são diabéticos, 96% dos quais do tipo 2, 2% do tipo 1 e os restantes apresentando outro tipo de diabetes ou não tendo registo. Também se concluiu que as pessoas mais novas (abaixo dos 50 anos) ainda estão pior controladas, uma situação que se pode justificar pelo facto de, provavelmente, a amostra incluir casos de diagnóstico recente.

De destacar o facto de se ter verificado uma prevalência superior da doença em determinados grupos etários, sendo que, segundo o coordenador do estudo, “curiosamente, os doentes no grupo etário > 70 anos estão mais bem controlados”.



Outra das conclusões foi que a prevalência da diabetes é maior na região Norte (38,7%). Verificou-se, ainda, que cerca de 52% dos doentes estão a fazer inibidores da DPP4/metformina, enquanto 31% estão a ser tratados com insulina.

Estevão Pape realçou, ainda, que, no que se refere ao controlo metabólico (níveis de HbA1C), houve uma discrepância relativamente aos números do último Observatório Nacional da Diabetes, sendo que este estudo revelou um maior controlo metabólico da população.


Álvaro Coelho com Manuel Teixeira Veríssimo e Estevão Pape.

Foi igualmente possível apurar que a patologia mais prevalente nos serviços de Medicina Interna é a respiratória, seguida da cardiovascular, dominante na região Sul do país. No entanto, o internista adverte que estes resultados podem ter sido influenciados pelo facto de a recolha de dados ter decorrido em março, numa época do ano mais propícia ao desenvolvimento de patologia respiratória. Por isso, Estevão Pape adiantou que, a curto prazo, pretende-se repetir o estudo, mas agora no período do verão.

O papel dos internistas na "abordagem da pessoa com diabetes"

Álvaro Coelho, coordenador do NEDM, admitiu à Just News não ter ficado surpreendido com as conclusões do estudo DIAMEDINT. Na sua opinião, “os números vieram sublinhar a importância da Medicina Interna na abordagem da pessoa com diabetes e, por outro lado, mostram que é importante fazer mais“.


O coordenador do NEDM frisa a “considerável” participação dos serviços de Medicina Interna do país neste estudo, no entanto, seria importante que todos participassem. “Espero que este estudo sirva de motivação para que haja uma melhor participação no futuro.”



Além de Estevão Pape e Álvaro Coelho, a sessão em que foram apresentados os resultados do estudo DIAMEDINT, contou com as presenças de Rita Nortadas, Joana Decq Mota, Conceição Escarigo e Paula Lopes, que integraram o grupo de trabalho que elaborou o estudo.




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