Hipertensão arterial pulmonar: Médicos internos aprendem com «iniciativa fundamental» da SPC

No último dia 5 de fevereiro, pelas 8 da manhã, teve início o primeiro “Um Dia Dedicado…”, iniciativa da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) particularmente dirigida a internos e jovens especialistas, mas não só, que visa proporcionar-lhes uma experiência diferente – a possibilidade de, ao longo de um dia, terem um contacto mais próximo com uma área específica em que o Serviço de Cardiologia que os acolhe se destaque de alguma forma.



O primeiro a aderir ao projeto foi o Serviço de Cardiologia do HGO, que é um dos quatro centros de referência, a nível nacional, em hipertensão arterial pulmonar (HAP). O seu diretor realça o interesse e a importância da iniciativa:

“Permite, sobretudo, a troca de experiências entre profissionais e unidades hospitalares, facilitando o conhecimento sobre determinada área da Cardiologia, como é o caso da HAP, uma doença rara, mas muito grave.”



Hélder Pereira ficou satisfeito por receber no HGO quatro internos, de diferentes zonas do País, interessados em aprender mais sobre HAP. “É também uma forma de darmos a conhecer aquele que é o nosso mais recente investimento, a angioplastia pulmonar por balão, com base na última redefinição desta técnica”, aponta.

Consultas, exames complementares e angioplastia

O dia começou cedo e o entusiasmo era grande. Afinal, não é todos os dias que um grupo de internos pode assistir, in loco, a todos os procedimentos que estão subjacentes a uma doença rara e muito grave, para a qual existem apenas quatro centros de referência no País.



Até às 6 da tarde, quatro internos de formação específica em Cardiologia acompanharam o trabalho de uma equipa multidisciplinar. São de diferentes pontos do País: CH Lisboa Ocidental (Hospital de Santa Cruz), Hospital do Espírito Santo de Évora, CH e Universitário do Algarve e CH de Leiria.

A manhã começou com consultas médicas e de enfermagem, esta última com sessões de esclarecimento sobre técnicas de perfusão subcutânea, perfusão endovenosa e nebulização de fármacos. Quem os irá acompanhar durante todo o dia é Maria José Loureiro, coordenadora da Unidade de Hipertensão Pulmonar do HGO. Além de explicar os vários procedimentos, também vai colocando questões, não para avaliação, mais para promover a troca de experiências.


Maria José Loureiro

Trabalho realizado por "equipa multidisciplinar"

Para a cardiologista, esta iniciativa representa uma enorme mais-valia na formação dos internos. E refere ter testemunhado o grande entusiasmo dos participantes: “Dois já me referiram que gostariam de trabalhar nesta área. Penso que o facto de terem contacto com um centro de referência, onde há pessoas bastante especializadas em HAP, e de também estarem com os doentes, contribui para este seu empolgamento.”

Na sua opinião, “outro aspeto relevante é que mostramos in loco o trabalho que também realizamos em equipa multidisciplinar, nomeadamente, em colaboração com a Medicina Interna, a Reumatologia e a Pneumologia.”

Ao fim da manhã, é chegado o momento de os internos se encontrarem com os cardiologistas dedicados à Imagiologia Cardíaca e os técnicos de Cardiopneumologia, que mostram e analisam, em conjunto, exames complementares de diagnóstico, principalmente ecocardiografia e ressonância magnética cardíaca.



Da parte da tarde vão para o Laboratório de Hemodinâmica, para assistirem a vários cateterismos direitos, angiografias pulmonares e angioplastias pulmonares por balão, com base na última redefinição desta técnica. A última doente já fez cinco sessões de angioplastia pulmonar e é um exemplo de como esta técnica permite uma melhoria clínica e hemodinâmica significativa.

Como lhes é explicado, após a redefinição desta técnica, passou-se a ter mais uma opção de tratamento para os doentes com hipertensão pulmonar tromboembólica crónica (HPTEC), que não são considerados candidatos a cirurgia de tromboendarterectomia pulmonar ou que, após cirurgia, ficaram com hipertensão pulmonar residual.

“É mais uma resposta, inovadora, que vai permitir melhorar a qualidade de vida destas pessoas que, consoante a gravidade, poderão estar bastante limitadas nas suas atividades de vida diária”, afirma a médica.

"uma iniciativa fundamental"



Maria José Loureiro mostra-se satisfeita com a experiência. Como refere, “a formação específica em Cardiologia tem um curriculum, mas este deve ser complementado em determinadas áreas, e o ´Um Dia Dedicado…` é uma iniciativa fundamental”.

Um projeto que vai "mais além"

A coordenadora da Unidade de Hipertensão Pulmonar do HGO considera mesmo que “a SPC tem feito um trabalho excecional – quer nesta Direção como nas anteriores – na complementação dos curricula dos internos”.



E acrescenta: “Estas iniciativas não se limitam a melhorar a formação, vão mais além, permitindo um contacto de maior proximidade entre os vários serviços, bem como a troca de experiências.”

No caso dos internos, em particular, há ainda outra vantagem. “Vão sempre ficar com o contacto de especialistas desta área, o que é uma mais-valia caso necessitem referenciar algum doente ou apenas para esclarecimento de dúvidas.”

Objetivo: "Um Dia Dedicado..." mensalmente


João Morais

A propósito desta iniciativa, e em declarações à Just News, o presidente da SPC, João Morais, assegura que “o objetivo é realizar esta iniciativa todos os meses, de modo a que cada Serviço possa escolher um tema e abrir as suas portas a alguns internos e jovens especialistas”.

"Absorver todo um conhecimento e prática"

Afonso Oliveira, 27 anos, é interno do 3.º ano de formação específica em Cardiologia no Hospital de Santa Cruz (CHLO). A razão por que se inscreveu na iniciativa “Um Dia Dedicado…” da SPC é clara:

“No meu hospital não tenho oportunidade de estar com doentes com HAP idiopática e quis ver como era a organização deste centro de referência.” Para este interno, a experiência permite-lhe "absorver todo um conhecimento e prática que pode vir a ser útil noutro hospital".


Afonso Oliveira e Rita Carvalho

Rita Carvalho, 30 anos, é interna do 2.º ano no Centro Hospitalar de Leiria. As razões que a levaram a visitar o Serviço de Cardiologia do HGO são idênticas às de Afonso Oliveira. E realça: “É uma forma de sabermos melhor o que se pode fazer por estes doentes e como podemos referenciá-los.”




A notícia poderá ser lida no Hospital Público.

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