A urgência e a emergência «devem ter uma resposta integrada»
Depois de ter revolucionado o funcionamento das urgências portuguesas, abrangendo hoje a quase totalidade da rede nacional, o Sistema de Triagem de Manchester deve agora ser alargado, segundo um modelo que agrupe os serviços quer das linhas de aconselhamento, quer das linhas de emergência. A ideia foi defendida por Paulo Freitas, um dos membros da Direção do Grupo Português de Triagem, no final da segunda Reunião Internacional desta organização, que juntou médicos e enfermeiros de 84 serviços de urgência nacionais.
“Nós temos várias linhas privadas e públicas que funcionam separadas e até, em alguns casos, de costas voltadas. O futuro vai obrigar a repensar esta maneira de atuar. É preciso que o sistema de Saúde funcione como um todo”, argumentou Paulo Freitas, médico internista e diretor do Serviço de Medicina Intensiva do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, unidade pioneira na implementação do Protocolo de Triagem de Manchester, em outubro de 2000.
O Grupo Português de Triagem (GPT) nasceu cerca de um ano antes, como uma associação sem fins lucrativos, constituída por médicos e enfermeiros com experiência na gestão e implementação do Protocolo de Triagem de Manchester nos serviços de urgência. Paulo Freitas faz parte do núcleo fundador.
A reunião internacional realizou-se na passada quarta-feira, no auditório do INFARMED, que cedeu gratuitamente as suas instalações, e serviu não só para refletir sobre os avanços alcançados com a triagem como para divulgar os resultados obtidos com a implementação da Triagem Telefónica de Manchester no arquipélago dos Açores. Um modelo inovador desenvolvido pelos grupos inglês e português e pela Secretaria Regional da Saúde Açoriana.
No arquipélago, os serviços de aconselhamento e de emergência funcionam agora numa plataforma conjunta, o que permitiu melhorar a resposta à emergência médica, poupar recursos e aumentar o grau de satisfação dos doentes. “Aquilo que se conseguiu provar nos Açores é que a integração num único sistema é extremamente vantajoso sob o ponto de vista da segurança, da gestão de recursos e da equidade nos cuidados em todas as ilhas”, sustenta Paulo Freitas.
Na sua opinião, torna-se necessário “melhorar continuamente o funcionamento da Triagem de Manchester, mas também o desenho de ferramentas que ajudem na gestão do serviço e do doente na urgência”.
Os britânicos Mark Newton, especialista em urgência, e Kevin Macway Jones, professor de emergência médica e primeiro autor do Protocolo de Manchester, foram dois dos oradores internacionais convidados para a reunião do GPT. As experiências espanholas e brasileiras com a triagem de Manchester tiveram também expressão através da intervenção de médicos e enfermeiros destes países.
Entre os convidados portugueses esteve Luís Cabral, secretário Regional da Saúde dos Açores, e Eurico Castro Alves, presidente do INFARMED. 





