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«A pedra angular da nossa especialidade é conhecer aquele utente, entendê-lo e chegar até ele»

"As aulas que dou no ICBAS são exatamente na área da comunicação médico-doente", afirma Ana Margarida Cruz, presidente do Júri das Comunicações Livres selecionadas das VI Jornadas Multidisciplinares de MGF, evento que reuniu este fim de semana 2500 médicos de família.

De acordo com a médica, que integra atualmente a Comissão Coordenadora do Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias (GRESP), "aquilo que mais valorizo e que entendo ser o ex-líbris e a pedra angular da nossa especialidade é conhecer aquele utente, conseguir entendê-lo e chegar até ele".

Na sua opinão, "não é muito distinto dos cuidados respiratórios, em que tentamos sensibilizar pessoas que, muitas vezes, não têm a sua patologia controlada ou apresentam uma má adesão ao plano terapêutico, ou nem identificam ou valorizam as suas queixas."

E acrescenta: "Nós procuramos a motivação – por que razão o utente não deixa de fumar ou não adere à terapêutica? Procuramos sempre, na sua essência, por que motivo não está bem, de forma a otimizar o plano para aquele paciente. É fundamental envolver o paciente na mudança e na adesão ao plano."


Ana Margarida Cruz

"Percebi que a relação médico-doente era tão importante"

A médica recorda, aliás, os seus primeiros meses de internato: "Foram fantásticos. Tive imensa sorte em encontrar o Prof. Jaime Correia de Sousa e quando o vi a dedicar-se aos utentes, a dar-lhes tempo e a aplicar os questionários, ao mesmo tempo em que percebi que as pessoas traziam agendas próprias e que a relação médico-doente era tão importante, fiquei fascinada."

Lembra Ana Margarida Cruz que "ver o utente à procura do médico e o médico a sintonizar-se com ele era fantástico, porque fazia a diferença e não se tratava meramente de prescrever algo ou de resolver determinado problema. Tratava-se daquele problema naquela pessoa."

Essa experiência foi marcante para a médica, que achou "essa prática encantadora e desenvolvi, desde então, todo o meu gosto pela MGF e pela relação médico-doente, tanto que também estou ligada aos grupos Balint desde o final do internato".

Jornadas Multidisciplinares de MGF

E como se deu a descoberta de Ana Margarida Cruz pelas Jornadas Multidisciplinares de MGF? "Participei pela primeira vez nas Jornadas no ano passado e percebi que eram muito práticas e centradas em questões do dia-a-dia e na discussão de casos clínicos. Mesmo no campo das doenças respiratórias, as sessões foram muito sistematizadas e úteis, sem grandes delongas, o que corresponde ao que a maior parte dos colegas procura."

A médica destaca também uma imagem de marca do evento, que este ano foi, aliás, reforçada, atingindo o número recorde de 2500 inscrições: "Foi fantástico ver aquelas plateias tão preenchidas e muitos colegas também estavam a participar de forma virtual. Penso que a possibilidade de serem colocadas questões online é muito útil para quem está mais inibido e é ótimo os moderadores conseguirem trazê-las ao debate."

Na sua opinião, sendo certo que "há uma grande oferta de eventos no âmbito da MGF, mas este é incomparável. Há uma dinâmica de organização muito boa, vista também pelo cumprimento dos timings."

Quanto ao convite para presidir ao Júri das Comunicações Livres selecionadas, adianta que o convite "partiu do Dr. Rui Costa e eu fiquei muito grata pelo facto de ter-se lembrado de mim para esta função e tive todo o gosto em aceitar. Penso que o Dr. Rui Costa tem uma visão muito certeira quanto ao que as pessoas podem oferecer e tem uma boa capacidade de decisão."

 

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