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«Os progressos da Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica em Portugal são notórios»


Francisco Sampaio

Presidente da Mesa do Colégio da Especialidade de Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica da Ordem dos Enfermeiros



Em Portugal, assim como em todo o mundo, a pandemia de covid-19 foi responsável por uma marcada desestruturação na vida familiar e profissional de muitos(as) cidadãos(ãs). A ela esteve associada uma generalização da experiência de sofrimento emocional que, ainda assim, de acordo com a evidência científica, não apresentou um impacto substancial a médio prazo na saúde mental da população em geral.

Pese embora seja hoje clara essa ausência de efeitos substanciais de médio prazo da pandemia de covid-19 na saúde mental, é também evidente que esta produziu um impacto imediato (de curto prazo) na mesma. Foi por essa razão que, paradoxalmente, um grave problema de saúde pública se tornou o principal responsável por trazer para a ordem do dia, inclusivamente para os meios de comunicação social, as questões relacionadas com a SM.

Esta maior atenção dada à SM foi muito relevante, sobretudo porque tornou mais clara a ideia de que a doença mental se pode manifestar em qualquer pessoa, concorrendo assim para o combate ao estigma que (ainda) existe associado à mesma.

Por outro lado, contudo, acabou também por conduzir a alguma banalização do tema, abrindo espaço a fundamentalismos pseudocientíficos que, por não terem uma base sólida, constituem um risco para a saúde e para o bem-estar dos(as) cidadãos(ãs).

Foi neste contexto de maior atenção dada às questões relacionadas com a SM que se tornou mais evidente que não é possível nem desejável oferecer cuidados de SM de qualidade sem que tal ocorra num contexto transdisciplinar, através de equipas compostas por diversos(as) profissionais, entre os(as) quais se contam, inevitavelmente, os(as) enfermeiros(as) especialistas em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica.


Francisco Sampaio

Assim, é hoje claro, e tem sido evidente esta evolução ao longo dos anos mais recentes, que no léxico social (incluindo ao nível do poder político e na legislação / regulamentação produzida pelo mesmo) os(as) enfermeiros(as) especialistas em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica são encarados(as) como parte integrante e fundamental das equipas de SM, e que os(as) mesmas(as) não são encarados(as) como substituíveis por enfermeiros(as) que, pese embora possam deter boas competências comunicacionais e/ou relacionais, não sejam especialistas na área.

Ainda que os progressos e a evolução da Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica em Portugal sejam notórios, potenciando assim a qualidade e segurança dos cuidados prestados aos(às) cidadãos(ãs), há ainda um percurso de melhoria que importa realizar, de modo a que estes(as) profissionais se vão tornando, progressivamente, mais significativos(as) para as pessoas-alvo dos seus cuidados.

É por essa razão, e porque importa debater o presente e perspetivar o futuro da área de especialidade, que a Mesa do Colégio da Especialidade de Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica da Ordem dos Enfermeiros irá realizar / promover, nos próximos dias 25 e 26 de setembro, em Lisboa (no Auditório do Alto dos Moinhos), o seu Encontro Nacional 2023, evento destinado a todos(as) os(as) enfermeiros(as) especialistas nesta área.

Nesse Encontro serão debatidas questões relativas à Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica nas suas quatro vertentes de atividade profissional / atuação: a prestação de cuidados especializados, a gestão, o ensino / docência e a investigação.

Assim, se por um lado haverá lugar à apresentação de práticas de cuidados especializados inovadoras e que se distinguem pela sua qualidade, por outro, irá também haver oportunidade, por exemplo, para a discussão das dificuldades relacionadas com a formação de (novos[as]) enfermeiros(as) especialistas.

Adicionalmente, será possível analisar a investigação produzida na área da Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica e as dificuldades de translação da mesma para os contextos da prática clínica, bem como debater potenciais estratégias de aproximação entre a Academia e esses mesmos contextos da prática clínica.



Finalmente, atendendo a que a Enfermagem de SM e Psiquiátrica assume um papel preponderante na reforma da SM que se encontra em curso em Portugal, haverá ainda espaço para uma conferência subordinada ao tema.

É certo que o desejo de progresso é mobilizador e fundamental para que a Enfermagem de SM e Psiquiátrica evolua e se constitua, cada vez mais, como basilar para a prestação de cuidados de saúde mental aos(às) cidadãos(ãs).

Porém, uma coisa é inegável: enquanto que há poucos anos não era concebível prestar cuidados de SM sem enfermeiros, atualmente, a sociedade e o poder político integraram já no seu léxico e na sua semântica uma ideia mais precisa (e correta!) relativamente a esta matéria – não é possível prestar cuidados de SM de qualidade sem enfermeiros(as) especialistas em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica.

 

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