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Medicina Física e de Reabilitação do CHAlgarve: A diferenciação e a aposta nos mais novos são a imagem de marca

Helena Gomes foi a segunda interna do Hospital de Faro (HF). A atual diretora do Serviço de MFR do Centro Hospitalar do Algarve (CHA) – com polos em Faro, Portimão e Lagos –, começou por integrar uma equipa médica que se reduzia a ela própria, a outro interno e ao diretor.

Desde então, cresceu como profissional, ao mesmo tempo que via a MFR no HF a evoluir, diferenciar-se e impor-se como especialidade transversal e de referência. “De início, no HF e, atualmente, no CHA, participei ativamente na vivência do hospital e na valorização da especialidade, tendo integrado o Conselho de Administração como diretora clínica, entre 2007 e 2012.”

Considera que a aposta na formação contínua dos médicos, a implementação de novas competências, como a ecografia e a delegação de competências, são uma das chaves do sucesso do Serviço. 



Helena Gomes acredita que, para se conseguir um bom trabalho, os profissionais de saúde precisam de ver a Medicina também do ponto de vista social e não apenas com base no paradigma da relação individual médico-doente. 

“Precisamos conhecer a comunidade para quem trabalhamos, as suas principais necessidades de saúde e garantir a acessibilidade ao serviço. Fazemos cerca de 11.000 consultas/ano e, destas, 35% são primeiras consultas.”

E acrescenta: “As pessoas que chegam até nós têm apoio e percebem o esforço dos profissionais na resolução da sua condição clínica. A acessibilidade é um dos grandes objetivos do Serviço, daí defender que os hospitais devem estar de portas abertas e triar atempadamente os pedidos de consulta.”

Como os recursos humanos e materiais são finitos, o segredo para se manter as portas abertas é “saber priorizar e referenciar muito bem”.

“Nem todos os doentes precisam de fazer reabilitação no hospital, existem entidades licenciadas de proximidade que podem responder de forma adequada às necessidades, apenas temos de ter a certeza de que o acompanhamento é adequado às diferentes fases de recuperação”, explica Helena Gomes.


"Somos um centro de excelência", sublinha Helena Gomes.

A especialista defende ainda que os profissionais de saúde não são apenas prescritores, mas, sobretudo, gestores da doença. No Serviço que dirige, conta com o apoio de uma vasta equipa, maioritariamente constituída por jovens. “Somos um centro de excelência, muitos internos e estudantes querem vir trabalhar connosco e, apesar de sermos o centro hospitalar mais periférico, os internos aceitam ficar na nossa equipa sempre que lhes é possível.”

A aposta na formação contínua e na investigação já levou à publicação e à apresentação de muitos trabalhos científicos ou não fosse este um Serviço que investe na diferenciação.

Terapia ocupacional: um exemplo dentro e fora de fronteiras

António Duarte é o responsável pela Terapia Ocupacional (TO) do Serviço de MFR do Hospital de Faro do CHA. Há mais de 20 anos que é da casa e lembra-se bem de quando o convidaram para abrir o departamento.



“Era o único a prestar cuidados, tendo tido toda a liberdade por parte do então diretor do Serviço, José Brito Pinto. Crescemos muito e temos conseguido, em equipa, dar a conhecer à população e ao próprio hospital a importância da TO na funcionalidade e na qualidade de vida das pessoas.”

Independentemente da patologia, o objetivo de António Duarte e da sua equipa é sempre o mesmo: “Vemos a pessoa como um todo, ajudando-a a ultrapassar as suas limitações, nomeadamente as que são mais importantes para si em termos profissionais, sociais e familiares.”

Neste departamento existem várias áreas de atuação, com profissionais com formação académica diferenciada. No acompanhamento aos queimados existe intervenção a nível motor e psicossocial, indo muito para lá do simples ato de fazer pensos. “Isso qualquer pessoa faz, o nosso papel é, logo que a pessoa esteja estabilizada, trabalhar a pressão e a mobilidade cicatricial, a fim de evitar aderências e, consequentemente, limitações articulares.”

Nos problemas que afetam a mão, a inovação está, segundo António Duarte, no facto de serem quase os únicos do país a iniciar a recuperação logo no bloco operatório. “A nossa equipa também produz talas e outras ajudas compensatórias, assim como produtos de apoio.”

Fisioterapia: “A tecnologia é importante, mas mais ainda o trabalho manual”

São várias as patologias que chegam à Fisioterapia. Ana Paula Ferreira é a terapeuta coordenadora e há 36 anos que está no hospital.

“A necessidade de tratamento pode acontecer em casos de AVC, lesões vertebromedulares, problemas neurológicos, ortopédicos, respiratórios e cardiológicos, entre outros.” A responsável salienta ainda o trabalho desenvolvido na reeducação ao esforço de doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) e nas áreas do neurodesenvolvimento e da Senologia.




Ana Paula Ferreira acompanhou o desenvolvimento do Serviço e considera que foram dados passos muito importantes e significativos. Em termos de tecnologia, destaca-se a máquina de marcha assistida com descarga do peso do doente. “Na prática, os doentes neurológicos têm a vantagem de poder praticar a marcha com base na carga que conseguem suportar em cada fase do tratamento.”

Mas a Fisioterapia é mais do que tecnologia. “Os equipamentos são importantes, sem dúvida, mas as técnicas manuais continuam a ser as principais nesta área”, sublinha a nossa interlocutora.

Terapia da Fala: unidade hospitalar de Faro prepara-se para deteção precoce da disfagia orofaríngea



Fátima Pinto é a responsável pelo setor da Terapia da Fala. Chegou ao hospital há cerca de 20 anos e acompanhou a enorme evolução que se sentiu na evidência científica desta área da saúde, mas também nas infraestruturas. “Comecei sozinha e, atualmente, somos cinco terapeutas da fala, divididas em diferentes áreas de intervenção”, recorda.



Existem poucos terapeutas, o que é um reflexo da realidade do país: “Geralmente faltam recursos suficientes na Terapia da Fala para se conseguir dar uma resposta atempada às mais variadas situações que nos surgem num hospital de agudos.”

Desde o início da vida até à morte, a Terapia da Fala assume um papel-chave na recuperação. E dá um exemplo do acompanhamento que se faz aos bebés que nascem prematuramente: “Um bebé prematuro precisa, regra geral, de ajuda na sucção para se evitar a desnutrição, a desidratação ou a pneumonia por aspiração.”



A reportagem completa, onde são desenvolvidos mais temas e entrevistados diversos outros profissionais do Serviço, pode ser lida na atual edição de LIVE Medicina Física e de Reabilitação.

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