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Hidroterapia e aposta nas novas tecnologias ajudam a reabilitar doentes há 31 anos

Além da Hidroterapia, no Serviço de Medicina Física e de Reabilitação (MFR) do Hospital da Prelada há outro grande enfoque: a aposta nas novas tecnologias como um apoio ao trabalho desenvolvido pelos vários profissionais. O próximo projeto vai ser a abertura da Unidade de Reabilitação de AVC.

“Apostamos na inovação"

No Ginásio do Internamento, um doente tenta marcar golos num equipamento que lhe permite, através de um jogo, melhorar a funcionalidade da mão. Outro jogo passa por tentar apanhar maçãs e colocá-las dentro do carrinho das compras.



Para Gonçalo Borges, diretor do Serviço de Medicina Física e de Reabilitação do Hospital da Prelada, no Porto, as novas tecnologias são uma mais-valia, complementar ao trabalho manual dos terapeutas.

“Apostamos na inovação e temos adquirido vários equipamentos de vanguarda que dão apoio aos terapeutas, porque primamos pela qualidade dos cuidados prestados”, diz.

Outros aparelhos que fazem a diferença são os artromotores ou não fosse Gonçalo Borges, que entrou no Serviço em 1991, sendo diretor desde 2013, especializado na área do ombro. “São máquinas que permitem um movimento articular contínuo e uniforme e quem faz o tratamento pode, inclusive, estar a ler um livro ao mesmo tempo”, explica.

E continua: “Sou um grande adepto do artromotor, porque permite fazer movimentos uniformes que relaxam o doente, melhorando a amplitude articular quando existe rigidez.”


Gonçalo Borges: "Tenho uma enorme paixão pela patologia do ombro"

No treino de equilíbrio aposta-se num "standing frame dinâmico, que permite ao paciente ficar de pé e ter noção da sua postura e reeducar o seu equilíbrio". Através deste dispositivo “adotámos um programa de reeducação propriocetiva de orientação corporal baseada no sentido sensorial, ou seja, no processo de reabilitação também se treina a visão ou o labirinto”.

Novas tecnologias e “bons recursos humanos, diferenciados”

As novas tecnologias não se ficam apenas por estes três exemplos, tendo sido criada também, há 7 anos, uma Consulta de Técnicas Especiais. “É uma área um pouco vanguardista. Contamos com o apoio de um ecógrafo que auxilia nas técnicas invasivas, isto é, se se quiser fazer uma injeção numa articulação ou nas partes moles, consegue-se visualizar a agulha dentro da estrutura corporal e assim acabamos por ter uma noção exata do local onde se administra a substância”, indica.

Atualmente, Gonçalo Borges vê entre 30 a 40 doentes por semana nesta consulta, seja para diagnóstico como para tratamento. Outro dispositivo é o aparelho de ondas de choque, “uma técnica semelhante à litotrícia para o rim, que é utilizada em determinadas patologias musculoesqueléticas, como calcificações periarticulares”.

Recorda que foi “uma grande luta conseguir este equipamento, mas tem sido uma grande mais-valia para os doentes e para os internos de Fisiatria, que optam cada vez mais pelo Hospital da Prelada para fazerem formação em Técnicas Especiais”.

Apesar das mais-valias das novas tecnologias, o médico faz questão de salientar que "o seu benefício depende sempre de bons recursos humanos, diferenciados”.



"Temos capacidade para muitos mais doentes do SNS"

O Serviço de MFR do Hospital da Prelada foi criado em 1988, tendo pertencido sempre à Misericórdia do Porto, apesar da parceria com o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“Atualmente, recebemos, para internamento, apenas 12 doentes do SNS, mas temos capacidade para muitos mais. Já tivemos 68, contudo, o que o Estado definiu foi apenas este número, o que nos levou a expandir os nossos cuidados a particulares, subsistemas de saúde e seguradoras”, explica Gonçalo Borges, que considera que se deveria ter mais vagas para o SNS:

“A decisão é da tutela, mas é frustrante ver que temos capacidade e um serviço de qualidade para oferecer e não o podemos fazer por decisões políticas, além de que não é fácil gerir as expectativas de quem conhece o Serviço e depois não tem possibilidade de fazer aqui o tratamento…”



O Serviço está dividido em duas grandes áreas: Ambulatório, com capacidade para tratamento de 500 doentes/dia, e Internamento. São dois pisos onde, além dos gabinetes médicos, estão as áreas terapêuticas, com dois ginásios, área de eletroterapia, hidroterapia e cinesioterapia de grupo.

No Internamento estão à disposição 52 camas, nas quais se incluem as dos 8 quartos particulares. Quanto a esta estrutura, “vai sofrer uma remodelação, para que as enfermarias tenham duas camas e uma casa de banho. Está comprovado que desta forma se consegue mais facilmente preparar o do-ente para se adaptar às suas limitações quando tiver alta hospitalar, porque assim vai ter um espaço mais idêntico à realidade da sua casa, tornando-se mais facilmente autónomo”.

O treino da autonomia é, assim, pedra angular no Serviço e para isso privilegiam-se os tratamentos bidiários, com períodos mais pequenos. Desta forma, “consegue-se dar melhor assistência por períodos, contribuindo para a reabilitação motora e cognitiva, mas não deixando de se ter tempos livres para que se respeite os limites de cada um”.



Hidroterapia: "vale a pena o investimento"

O Internamento tem ainda áreas de tratamento específico em isolamento e uma outra para estudos urodinâmicos, além do apoio da Neuropsicologia. Um outro espaço ao qual não se fica indiferente no Serviço é o da Hidroterapia, com uma piscina e três tanques, dois dos quais de Hubbard. “Temos esta valência desde 1988 – há 31 anos – e é uma enorme mais-valia nos tratamentos de determinadas patologias”, diz Gonçalo Borges.

O fisiatra reconhece que a manutenção é “bastante dispendiosa”, mas vale a pena o investimento. Aliás, “só a imersão já acarreta benefícios para o doente, que se sente mais relaxado, mas pode-se usufruir também da hidromassagem localizada ou generalizada, por forma à mobilização tecidular”.



Outra vantagem é o treino de marcha sem carga total e a mobilização das articulações, além de determinados estímulos cutâneos serem propriocetivos, sendo que “a pessoa também ganha maior noção do espaço e do seu movimento corporal”. A existência de uma rampa para entrar e sair da piscina, assim como de escadas, permite o treino do equilíbrio e também da subida e descida, com aumento progressivo da carga.

Outra das áreas que Gonçalo Borges gosta de destacar é a da reeducação musculoesquelética recorrendo a estimulação elétrica neuromuscular, que existe há mais de 20 anos e que se adapta muito à Medicina Desportiva. “Em 2016, criámos uma Unidade de Medicina Desportiva, envolvendo a Fisiatria, a Ortopedia, a Cardiologia e a Nutrição. Adquirimos máquinas específicas para fortalecimento muscular e para a reabilitação em Traumatologia do Desporto”, explica.



Equipamentos de vanguarda e recursos humanos diferenciados

Ainda neste campo, o Serviço tem-se empenhado no Desporto Adaptado, tendo, inclusive, uma equipa de orientação de precisão. “Fomos nós que relançámos a orientação de precisão em Portugal”, informa, acrescentando que “há ainda um projeto de vela adaptada já com barcos, atletas e auxiliares, mas falta um patrocinador. Pensamos ainda apostar no apoio ao rugby em cadeira de rodas, que será um projeto a desenvolver em parceria com a Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência”.

Não gostando de estar parado, Gonçalo Borges garante que o Serviço de MFR do Hospital da Prelada vai continuar a ser uma referência. Exemplo disso é o próximo projeto que terá início ainda este ano. “Vamos ter uma Unidade de Reabilitação de AVC que vai fazer toda a diferença”, garante. Continuando: “Vamos apostar na inovação e na qualidade, com equipamentos de vanguarda e com recursos humanos diferenciados, como fazemos há 31 anos.”

"Essa proximidade é 50% do sucesso que se obtém nos tratamentos"

Mário Silva, fisioterapeuta, foi convidado por Gonçalo Borges há 6 anos para ser terapeuta coordenador. Estando no Hospital há 28 anos, além da gestão dos recursos humanos, gere a marcação dos doentes e acaba por ser uma ajuda importante para o diretor.


Mário Silva

Com 33 anos de carreira, realça o investimento do Hospital da Prelada nas novas tecnologias. “Tentamos estar na vanguarda. As tecnologias são um complemento importante para os técnicos, sobretudo quando se trata de doentes neurológicos”, observa.

A tecnologia pode ser assim “um coadjuvante”, mas diz que o contacto das mãos continua a ter um papel preponderante. “É dessa forma que se cria uma relação de confiança entre doente e terapeuta e essa proximidade é 50% do sucesso que se obtém nos tratamentos. Se as pessoas se sentirem bem e se confiarem no nosso trabalho vão acreditar, mais facilmente, que é possível melhorar.”

"Para alguns doentes somos a sua família"

Há 30 anos que está no Hospital da Prelada, tendo passado pelos mais variados serviços, exceto o Bloco Operatório. Rui Guerra aceitou o desafio de gerir a equipa de enfermeiros e de auxiliares do Serviço de MFR em 2012. “Somos 15 enfermeiros e 18 auxiliares”, diz.

Dos enfermeiros, sete são especialistas em Enfermagem de Reabilitação. “Não exercem, porque não está previsto na carreira deste hospital, apesar de, obviamente, ser uma mais valia”, afirma.


Rui Guerra

Apesar de considerar que do ponto de vista da gestão não existem diferenças significativas nos vários serviços, em MFR há muitos doentes dependentes. “Há pessoas que já cá estão há anos. Por exemplo, um deles está cá há 20 anos, após ter sofrido um traumatismo cranioencefálico num acidente de viação. É muito
tempo, o que leva, inevitavelmente, a criar amizades. Para este homem somos a sua família.”

Com 53 anos, é enfermeiro há 31, tendo-se especializado em feridas: “É uma mais-valia ter esta formação, embora os casos de úlceras de pressão sejam mínimos neste Serviço. Os que existem vêm de outras unidades hospitalares ou do domicílio.”

"Vamos ter novas áreas para tratar os doentes vítimas de AVC"

Com 45 anos, Renato Nunes vai dedicar-se, nos próximos meses, à Unidade de Reabilitação de AVC do Hospital da Prelada. Um novo projeto que promete ser promissor.

“Focar-se-á no Internamento e no Hospital de Dia e vamos ter novas áreas para tratar os doentes vítimas de AVC”, afirma. O espaço já existe. Resta pôr em prática o que se planeou. “A aposta vai incidir essencialmente em três vertentes mais diferenciadoras: disfagia, reabilitação cognitiva, neuropsicológica e neuromotora.”


Renato Nunes

O Serviço vai passar assim a utilizar, por exemplo, o exoesqueleto para treino funcional de membro superior e de marcha suspensa. “Já temos um na Prelada e com a nova Unidade vai ser uma mais-valia.”

No fundo, o que se pretende é apostar numa reabilitação “mais abrangente”. “O enfoque será nas várias áreas de atuação, de modo que num único espaço se tenha acesso a um programa de recuperação intensiva, que permita uma vida mais participativa e mais autónoma após o AVC”,  explica o fisiatra. A Unidade vai começar com apenas 15 camas, mas a expectativa "é que venha a ter 70 doentes".


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