«Uma aposta na humanização dos cuidados desde a formação pré-graduada»
A iniciativa “Natal Diferente” teve mais uma edição no passado dia 24 de dezembro. Estudantes de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) e da Nova Medical School-Faculdade de Ciências Médicas (NMS-FCM) visitaram doentes internados na quadra natalícia, dando seguimento a uma tradição com mais de 20 anos.
Para Raquel Marques, uma das responsáveis, a experiência é, “sem dúvida, uma aposta na humanização dos cuidados”.
A ideia surgiu há mais de duas décadas quando os estudantes da FMUL quiseram dar outro ânimo a quem passava a quadra natalícia no Hospital de Santa Maria (HSM).
Hospital de Santa Maria
Projeto já envolve 23 hospitais
Atualmente, contam também com a Nova Medical School e com mais hospitais. “Já aderiram 23 e, este ano, os alunos distribuíram postais, feitos por crianças internadas, em unidades hospitalares de Lisboa, Almada, Beja, Leiria, Loures, Santarém, Setúbal, Vila Franca de Xira e Madeira.”
Para Raquel Marques foi o terceiro ano em que participou no que diz ser “uma das atividades mais emblemáticas da Associação de Estudantes da FMUL”.
Hospital de Santa Cruz
“Nos dois primeiros anos estive em Setúbal, neste fiquei no HSM, onde foram atribuídos cerca de 200 voluntários. Houve muita animação e confesso que sou fã desta iniciativa que passou a fazer parte, todos os anos, do meu dia 24 de dezembro.”
Raquel Marques
Além da expansão a outros hospitais ao longo dos anos, a coordenadora realçou ainda o facto de haver cada vez mais familiares e amigos a marcarem presença. “É bonito ver colegas a chegarem com os pais, ou até com os avós. Deixam os livros para poderem dar tudo de si a quem não pode ter o Natal que desejaria.”
Centro Hospitalar de Setúbal
Para a estudante de Medicina, o “Natal Diferente” marca os doentes mas também os voluntários. “Volta-se para casa a dar mais valor ao que realmente interessa e é com projetos destes que vemos que o mais importante não é dar e receber, mas estar. Isso vale tudo!”
Hospital Dona Estefânia
A reação de quem está internado é positiva. “Há sempre um ou outro que prefere o silêncio e deixamos-lhe apenas o postal e um sorriso, mas, regra geral, há muitos sorrisos, conversas … É como se por momentos não estivéssemos num hospital, mas simplesmente perante um novo amigo, que nos conta a sua vida.”
Em suma: “É um momento único de humanização e de união.”
Raquel Marques vê nesta iniciativa uma forma de se apostar na humanização de cuidados desde a formação pré-graduada. “Vê-se mais a pessoa como um todo e não apenas no que diz respeito à sua doença. Como estudantes de Medicina, o mais importante é não nos esquecermos que estamos a estudar para tratar doentes e não apenas a doença.”
Para o ano há mais. “No final, queremos sempre repetir!”, garantiu.