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Saúde Mental: lançamento do relatório da Comissão Lancet em português

O impacto das perturbações mentais no desenvolvimento e na sustentabilidade das sociedades é o grande enfoque do último relatório da Comissão Lancet, cuja versão portuguesa vai ser lançada este mês, na Nova Medical School, em Lisboa.

“É uma inovação, porque passa-se do domínio clínico individual deste tipo de patologias para uma abordagem de Saúde Pública e de desenvolvimento global”, salienta José Caldas de Almeida, presidente do Lisbon Institute of Global Mental Health, responsável pelo lançamento do relatório em Português.

“The Lancet Commission on Global Mental Health and Sustainable Development” vai ter assim uma versão a pensar também nos Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Brasil, daí que no evento também estejam presentes representantes de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique.



A grande novidade do relatório, que é uma atualização do primeiro que foi dado a conhecer há cerca de 10 anos, é o enfoque na sustentabilidade. “Os problemas de saúde mental estão estreitamente ligados ao sofrimento individual, mas também às questões económicas, sociais, entre outras; no fundo os seus custos diretos e indiretos têm repercussões na produtividade, no capital social”, indica o responsável, em declarações à Just News.

Recomendação: "envolver as pessoas com experiência em doença mental"

O relatório da Comissão Lancet apresenta sete recomendações para que os países possam otimizar os cuidados de saúde mental, prevenindo o impacto negativo da doença.

Destes destaca-se, pela primeira vez, a participação dos doentes. “As políticas de saúde e a melhoria dos cuidados devem envolver as pessoas com experiência em doença mental e este ponto, que é novo, é fundamental”, refere o médico psiquiatra.

Além da necessidade de maior investimento em investigação e na implementação e monitorização das políticas de saúde mental, o relatório alerta ainda para a importância de se agilizar a acessibilidade aos cuidados. Para isso deverá existir um esforço de interligação entre os cuidados de saúde primários (CSP) e os serviços hospitalares.

“A prestação de cuidados de saúde mental de qualidade exige uma boa articulação, institucionalizada e monitorizada continuamente, entre CSP e serviços hospitalares”, realça José Caldas de Almeida.



As falhas na interligação de cuidados é também um problema de Portugal, como mencionou o médico. “Comparativamente a outros países temos um boa cobertura em termos de CSP – embora não seja perfeita, contudo nesta área ainda não há bons resultados quanto ao diagnóstico precoce e ao acompanhamento das pessoas com perturbações mentais.”

E especifica: “São necessárias 4 ou 5 consultas por ano no médico de família quando se trata deste tipo de patologias e isso não está a acontecer.”

Estigma e acessibilidade às consultas: "médico de família tem uma posição privilegiada"

Para José Caldas de Almeida, o foco nos CSP é ainda mais relevante, face ao papel dos médicos de Medicina Geral e Familiar (MGF). “O médico de família tem uma posição privilegiada no que diz respeito ao diagnóstico precoce pelo conhecimento que tem de cada pessoa e do seu ambiente familiar e social, além disso existe evidência científica de que o primeiro médico que se procura é o de MGF”, apontou.

E acrescenta: “Apesar de algumas mudanças, continua a ser mais fácil ir ao médico de família do que ao psiquiatra, não só por causa do estigma como também da acessibilidade às consultas e por os primeiros sintomas, nomeadamente nas perturbações depressivas e de ansiedade, serem físicos.”

A sessão de lançamento do relatório da Comissão Lancet sobre Saúde Mental Global e Desenvolvimento Sustentável realiza-se dia 24 de janeiro, quinta-feira, durante o período da manhã, no Auditório Professor Doutor Manuel Machado Macedo, da NOVA Medical School. A inscrição pode ser efetuada aqui.
 

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