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Saúde familiar no ACES Porto Oriental: «número de consultas já é 10% superior a 2019»

Desde o início da pandemia por covid-19 que "a Saúde Familiar não parou", sublinha Dulce Pinto, diretora executiva do Agrupamento de Centros de Saúde Grande Porto VI - Porto Oriental. 

Em declarações à Just News, a responsável indica que a situação de emergência nacional, "sem precedentes, obrigou a proteger profissionais e utentes, levando à reconfiguração de serviços para dar lugar a outras respostas". Contudo, assegura, "também não é menos verdade que o brio profissional, o sentido de serviço público e os princípios éticos e deontológicos nunca foram abandonados".

"Demonstrar aquilo que realmente aconteceu e acontece na saúde familiar"

Face a este cenário, Dulce Pinto repudia claramente "muito do que se diz e escreve sobre os cuidados de saúde primários, já que que carece de evidência ou é suportado em evidência pouco robusta", recordando que "alguns afirmam mesmo que os serviços estão paralisados e os utentes sem cuidados".

Afirmações que a diretora do ACES Porto Oriental considera particularmente gravosas, "que contribuem inexoravelmente para aumentar a angústia e sensação de insegurança dos nossos concidadãos".

Por esse motivo, a responsável salienta que "é da mais elementar justiça demonstrar aquilo que realmente aconteceu e acontece na saúde familiar", partilhando, para o efeito, alguns dados do Sistema de Gestão e Controle da ARS Norte, relativos ao período entre março e junho de 2019, quando comparados com 2020. Desde logo, o número de consultas passou de 171.660 para 144.451.


Dulce Pinto

Assim, e apesar de não ocorrer nenhuma paralisação, "como seria expetável, a atividade sofreu realmente uma redução, para dar lugar às respostas assistenciais à pandemia por covid-19", indica a responsável, especificando algumas dessas medidas:

O call center covid-19 Porto Oriental, a funcionar 7 dias por semana, "integralmente garantida por clínicos", efetuou 2492 chamadas. A Área Dedicada Covid Comunidade realizou 1898 consultas até 30 de junho, foram realizados 1842 testes de diagnóstico covid-19 e a vigilância clínica em domicílio de casos suspeitos e de doentes covid-19 motivou a vigilância de 5712 utentes, muitos deles contactados diariamente.

Dulce Pinto faz ainda alusão aos 2034 testes de rastreio efetuados a grupos vulneráveis e de risco na comunidade, o que inclui, nomeadamente, utentes e profissionais de lares e de serviços de apoio domiciliário, creches e jardins de infância. E conclui: "O que não sabíamos, fomos aprender. Formamos os nossos profissionais e estes, por sua vez, formaram os seus pares em outros ACES".

Retoma da atividade presencial: "número de consultas já é 10% superior a 2019"

Entretanto, em maio, com o fim do estado de emergência, "iniciamos progressivamente a retoma da atividade presencial", refere a diretora do ACES. "Em junho, o número de consultas realizadas, comparativamente com o junho homólogo, já é 10% superior", adianta Dulce Pinto, acrescentando:  "Obviamente que há um novo normal: 64% da atividade assistencial ainda é feita com recurso a meios telemáticos".

A par deste esforço redobrado da prestação na atividade assistencial, o ACES Porto Oriental mantém ainda um conjunto de procedimentos e projetos. Alguns associados à pandemia, como o acompanhamento às Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI) da sua área de influência, "clandestinos ou não, de forma a monitorizar, apoiar e ajustar os seus planos de contingência".

Mas Dulce Pinto faz igualmente questão de destacar que a saúde não se esgota na covid-19, pelo que "retomamos as linhas de integração de cuidados e valorização de percurso do utente no SNS com o Centro Hospitalar Universitário de São João". É o caso do projeto "SNS + proximidade", da estratégia de micro eliminação da hepatite C e do CAI_VENT - Centro de Apoio Integrado ao Doente com Ventilação Mecânica Prolongada, um arrojado projeto que permite reduzir as idas às urgências e "liberta o cidadão doente".

 

Dulce Pinto: "A chave do sucesso do projeto CAI _VENT é conseguir, realmente, uma integração plena e total, trabalhando em equipa, discutindo as dificuldades em conjunto."


Intervir num "território fortemente vulnerável"


"O ACES Porto Oriental não é um grande ACES", recorda Miguel Azevedo, presidente do Conselho Clínico e de Saúde do ACES Porto Oriental, adiantando que atende 118.000 utentes, cerca de 333 profissionais, dos quais 68 médicos de família e 84 enfermeiros e 49 secretários clínicos. "A nossa área de intervenção é um território crítico e fortemente vulnerável".

Assim, e face a esta realidade, "erguemos a verdadeira Redes das Redes com todos os parceiros da comunidade - IPSS, autarquias, hospitais, escolas, universidades, empresas, forças de segurança, cuidadores formais e informais, públicos e privados".

O médico salienta que o trabalho foi sendo desenvolvido "em total sintonia com a Autoridade de Saúde, a Unidade de Saúde Pública e a ARS do Norte, pelo que a comunicação interna fluiu sem dificuldades".


Miguel Azevedo

Acrescenta Miguel Azevedo que, "graças a esta motivação, ao enorme profissionalismo e a uma leitura muito atenta do que se estava a passar, nunca suspendemos a atividade assistencial".

E Dulce Pinto recorda alguns momentos mais complicados, que foram sendo ultrapassados pelo espírito de equipa existente: "Alguns de nós caíram, mas imediatamente avançou o seguinte. E esta é a maior lição: é mais o que nos une do que aquilo que nos pode deter."

Na linha da frente.... "em todas as linhas"

Para a responsável, não deve haver qualquer dúvida: "A Saúde Familiar não parou, as equipas de saúde familiar e os serviços de saúde pública vigiaram 90% dos casos em domicílio e respetivos contactos na comunidade." Uma prestação de cuidados que merece o devido reconhecimento, desde logo, porque "garantiu a capacidade de resposta da rede hospitalar".



Desta forma, Dulce Pinto faz questão de sublinhar que, "longe do mediatismo, os profissionais dos cuidados de saúde primários, na sua tradição de proximidade, estão não apenas na linha da frente, mas em todas as frentes".

E destaca o "papel decisivo que os cuidados de saúde primários desempenham no Sistema de Saúde em Portugal. Como sempre será!".


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