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Reumatologia do CHUC: criação de consultas específicas para «cuidados de excelência»

Nos últimos anos, tem sido grande o esforço do Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) na diferenciação, o que se tem refletido na criação de consultas específicas dedicadas a diferentes patologias do foro da Reumatologia, bem como no desenvolvimento de investigação científica em várias áreas.

José António Pereira da Silva, que além de reumatologista é internista, assumiu a direção em 2009. Em entrevista à Just News, o médico de 61 anos refere que "o espaço físico limitado é o maior obstáculo ao crescimento do Serviço", que conta, atualmente, com 11 especialistas em Reumatologia, 10 médicos internos, 12 enfermeiros e 3 secretárias clínicas.

Segundo este médico, seria desejável dispor de instalações de maior dimensão que permitissem “aproveitar ainda mais a energia e o potencial da equipa”.


José António Pereira da Silva

"Assumimos que a felicidade dos nossos doentes nos diz respeito"

Talvez a forma mais rápida de se transmitir a cultura do Serviço de Reumatologia do CHUC seja referir o lema adotado desde 2010: “Promover Felicidade Mediante Cuidados de Excelência”, uma ideia que pode ser entendida, segundo o seu diretor, num duplo sentido:

“Na perspetiva do doente, quer dizer que assumimos que a felicidade dos nossos doentes nos diz respeito, que devemos procurar contribuir para ela e não apenas para a saúde do seu corpo. Na perspetiva do profissional, entendemos que a nossa felicidade depende, e deve depender, da qualidade científica e humana dos serviços que prestamos: servir melhor os doentes
serve a nossa própria felicidade!”

O Serviço dispõe de cinco gabinetes de consulta (piso 7) e sete camas para internamento (piso 5), número que tem vindo a diminuir em resposta ao progresso geral da Reumatologia (no início eram 15). “Hoje em dia, é muito menos frequente que precisemos de internar os doentes para os tratar, graças à evolução dos medicamentos e das estratégias de tratamento que utilizamos”, diz.



Atividade "muito intensa": 15.000 consultas por ano

Após a aprovação do sistema de Livre Acesso e Circulação de Utentes no SNS, tem sido crescente o número de doentes de outras regiões do país que procuram o Serviço. Em média, anualmente, são realizadas no Serviço de Reumatologia cerca de 15 mil consultas, o que, de acordo com José António Pereira da Silva, significa que o espaço de trabalho é utilizado de uma forma “muito intensa”.

Adicionalmente, são feitos cerca de 8000 outros atos médicos, entre perfusões, infusões, tratamentos locais e ecografias.

Questionado sobre a ligação a outros serviços, o médico refere que tem havido colaboração regular com a Gastrenterologia, a Pneumologia, a Cardiologia e a Dermatologia, em áreas de interesse comum. Mantém, também, uma cooperação forte com a Psiquiatria e a Psicologia, dado o interesse do Serviço e do próprio pelas dimensões psicológicas das doenças reumáticas.

José António Pereira da Silva assume, porém, que, por se tratar de um Serviço muito ambulatório, talvez não tenha com outros serviços do CHUC a ligação ideal, facto que, na sua opinião, é reforçado pelo facto de os reumatologistas não prestarem apoio ao Serviço de Urgência, uma situação que o responsável gostava de poder ver ser alterada, tendo até já efetuado o pedido à Direção do CHUC.



Envolvimento com outros serviços nacionais e internacionais

Segundo José António Pereira da Silva, a Reumatologia de Coimbra mantém uma boa relação com a maior parte dos serviços congéneres do país. “Temos tido a satisfação de ver bem acolhidos projetos nossos que envolvem a Reumatologia no seu conjunto, como, por exemplo, aqueles que têm sido desenvolvidos no âmbito do reuma.pt."

Além disso, acrescenta, "temos mantido uma boa colaboração com muitos dos centros da nossa região”, frisando o orgulho na sua equipa: “Somos, seguramente, uma das especialidades mais dinâmicas e qualificadas do país."

Ao longo do tempo, o diretor do Serviço tem cultivado também uma rede internacional de colaboração. Cooperou com a Liga Europeia Contra o Reumatismo, onde conheceu alguns dos mais destacados investigadores, professores e académicos desta área, um aspeto que tem sido muito útil para fazer avançar os projetos em que o Serviço tem estado envolvido.

“Todos os anos temos trabalhos em colaboração com mais de uma dezena de diferentes hospitais, sobretudo da Europa. Os nossos internos vão regularmente estagiar nos centros
mais prestigiados e alguns por lá se doutoram, o que contribui para expandir ainda mais essa rede que eu também tento colocar ao serviço da Reumatologia portuguesa”, observa.


Sara Serra, responsável pelo setor de Ecografia e Técnicas

Oferecer uma consulta mais diferenciada

A ligação de Armando Malcata, 61 anos, à Reumatologia do CHUC já é longa, tendo estado à frente do Serviço desde que o mesmo ficou autónomo, função que ocupou durante quatro anos. No início de 2018 tornou-se responsável pela Consulta Externa.

O médico, natural do Alentejo, mas residente em Coimbra desde os 17 anos, conta que a gestão da Consulta Externa é feita no sentido de “dar uma resposta mais atempada, diminuir a lista de espera e, ao mesmo tempo, caminhar no sentido de oferecer uma consulta mais diferenciada”.


Armando Malcata

Para além da Consulta de Reumatologia Geral, há as de Lúpus Eritematoso Sistémico (orientada por Luís Sousa Inês), de Terapêuticas Biológicas/Hospital de Dia (da responsabilidade de Maria João Salvador), de Fraturas de Fragilidade (orientada por Mariana Santiago), de Esclerose Sistémica Progressiva (também orientada por Maria João Salvador) e de Artrite Precoce (coordenada por Cátia Duarte).


Anabela Silva, enfermeira do Hospital de Dia, e Maria Joao Salvador

Prevenir o surgimento de novas fraturas de fragilidade

A Consulta de Fraturas de Fragilidade, coordenada pela reumatologista Mariana Santiago, foi a última a ser criada. Arrancou em julho do ano passado, tendo associada uma consulta de Enfermagem, coordenada por Andréa Marques.

Neste momento, já foram incluídos nesta Consulta todos os doentes do hospital que sofreram uma fratura da anca desde a sua criação, tendo sido vistos cerca de 250-300.

"As fraturas osteoporóticas são muito comuns, tal como as complicações resultantes das mesmas", refere Mariana Santiago. A médica explica que “a fratura considera-se ‘de fragilidade’ quando resulta de uma queda inferior à própria altura".

E acrescenta: "O que o Serviço faz é procurar ativamente os doentes que tiveram uma fratura e depois convocá-los para uma consulta, onde serão avaliados todos os fatores de risco para a osteoporose e é instituída terapêutica médica personalizada para prevenir a ocorrência de novas fraturas."

A nível nacional, são raros os serviços com consultas do género, havendo, nomeadamente, uma dedicada às fraturas da anca e outra que está a dar os primeiros passos.


Uma equipa focada em "promover felicidade mediante cuidados de excelência"

Nova valência: transição para o hospital de adultos

Outra novidade implementada pelo Serviço de Reumatologia prende-se com as consultas de transição da Pediatria para o hospital de adultos, quer de doenças reumáticas, quer de doenças genéticas ósseas raras, realizadas desde há cerca de um ano.

Trata-se de um novo serviço que não está completamente formalizado, mas já está em ação e resulta da articulação com o Hospital Pediátrico de Coimbra, cujo objetivo é “evitar hiatos no seguimento dos doentes quando, na mudança de escalão etário, passam a ter que ser seguidos no hospital de adultos”, explica Armando Malcata.

De acordo com o médico, “o doente é seguido no Hospital Pediátrico até atingir os 18 anos. Nessa altura, vamos assistir à consulta e é-nos apresentado o doente e a família e depois o processo é transferido e o doente passa a ser seguido por nós".

Para suprir a falta de espaços de trabalho, neste momento, a Consulta Externa está a decorrer nos polos HUC e Hospital Geral. Como foi referido atrás, em média, realizam-se, por ano, cerca de 15 mil consultas de Reumatologia, número que tem vindo a aumentar, não só porque a patologia é prevalente, mas também porque "os médicos estão mais informados e referenciam mais e mais precocemente".

Por outro lado, diz, “a população seguida vai sempre aumentando, porque na grande maioria dos casos são doenças crónicas que justificam seguimento continuado ao longo do tempo”.

Entretanto, e com o foco em oferecer "cuidados de excelência", o Serviço de Reumatologia está a desenvolver esforços no sentido de, a breve prazo, alargar de novo a oferta de cuidados com a criação de uma Consulta de Espondilartrite.



A reportagem completa, com entrevistas a uma dúzia de profissionais de diferentes áreas do Serviço de Reumatologia do CHUC e com desenvolvimento das consultas diferenciadas, pode ser lida no Hospital Público de maio/junho de 2019.

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