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Centro Multidisciplinar de Dor do HGO: há 25 anos a tratar a dor crónica

Ao fim de 25 anos, o reconhecimento da Unidade Dor do Hospital Garcia de Orta (HGO) como Centro Multidisciplinar de Dor "é muito gratificante", afirma a anestesiologista Beatriz Craveiro Lopes, fundadora e diretora do Centro. "É um reconhecimento do trabalho de uma equipa multidisciplinar que começou comigo", afirma.

Atualmente, a equipa do Centro Multidisciplinar de Dor do Hospital Garcia de Orta dá resposta a 1400 doentes para que possam ter a melhor qualidade de vida possível.

“Comecei por tratar doentes de forma pontual, mas rapidamente se tornou óbvia a necessidade de ter uma estrutura organizada, preparada e autorizada pelo Conselho de Administração, para se prestarem os melhores cuidados aos doentes portadores de dor crónica”, relembra.

Foram tempos de muitos desafios, mas o lema “Um por todos e todos por um” fez a diferença. Tendo como referência a população da área de influência do HGO, o CMD presta, atualmente, serviços clínicos na área do diagnóstico e do tratamento – quer sejam farmacológicos ou não farmacológicos, invasivos ou não invasivos – aos doentes dos vários grupos etários.




Nos primeiros 6 anos de vida do CMD, a missão era dirigida a doentes com dor crónica e aguda do pós-operatório, mas foi necessário mudar. “O volume de doentes com dor crónica passou a ter tal procura que houve que tomar opções", explica Beatriz Craveiro Lopes.

Desde então, o CMD dedica-se exclusivamente à Medicina da Dor, "ficando a dor do pós-operatório a cargo do Serviço de Anestesiologia; são, pois, duas áreas distintas que necessitam de equipa e logística diferentes."


Equipa do Centro Multidisciplinar de Dor do Hospital Garcia de Orta

Dar formação a médicos e enfermeiros

Como Centro Multidisciplinar de Dor, a formação é essencial, quer para a equipa residente como para quem pede estágios. “Existe a preocupação de dar resposta adequada aos estágios de médicos e enfermeiros solicitados por diversas entidades hospitalares e do ensino universitário, quer da área pública como da privada”, diz.

A título de exemplo, nos últimos 10 anos, 267 médicos de diversas especialidades, como Anestesiologia, Fisiatria, Psiquiatria, Medicina Interna, Neurologia e Medicina Geral e Familiar, estagiaram no CMD. “É muito gratificante reconhecerem a nossa capacidade formativa, pois, traz benefícios para todos, formadores e formandos, que se empenham na causa do tratamento da dor, que não é mais do que um direito fundamental do ser humano”, sublinha.



O papel da Enfermagem

Madalena Mela, enfermeira, chegou à então Unidade Dor em 2006. Tendo-se dedicado desde cedo a esta área, é com satisfação que integra a equipa e que fala da importância da Enfermagem junto das pessoas com dor crónica.

“Todos estes utentes passam por fases muito difíceis, porque se no doente oncológico ainda se entende que haja dor, o mesmo não acontece noutro tipo de patologias.” Uma situação compreensível, como salienta, porque “estas pessoas passam por perdas grandes e por alterações a nível familiar, social e laboral”.


Madalena Mela

O papel do enfermeiro acaba por ser, como acrescenta, o de um orientador do utente e da sua família, para que se aprenda a viver com dor crónica. “É um enorme desafio levá-las a aceitar que têm uma doença crónica e que a dor não vai passar apenas com um simples tratamento”, aponta.

Além da aceitação do problema de saúde, Madalena Mela refere que se deparam com várias situações de não adesão à terapêutica: “Acontece sobretudo com os mais idosos, que nos telefonam a informar que estão pior da dor e depois verificamos que não estão a tomar corretamente os fármacos prescritos.”



Quanto ao reconhecimento da Unidade como Centro Multidisciplinar, que teve formalmente lugar dia 8 de junho de 2017, Madalena Mela diz-se muito contente. Reconhece, contudo, que será ainda mais exigente daqui para a frente aliar o trabalho assistencial à formação e à investigação.

“Por exemplo, neste momento, estamos a realizar um estudo com a Escola Superior de Enfermagem que aborda a adesão à terapêutica no idoso e é preciso uma grande motivação e empenho de toda a equipa”, comenta.

Em 2018, tanto a enfermeira como a diretora esperam continuar o “trabalho de excelência” que até agora tem estado a ser feito.



Determinação em ser "uma referência nacional"

Daniel Ferro, presidente do Conselho de Adminstração do Hospital Garcia de Orta, ouviu falar da Unidade Dor em 1992, quando era administrador do Departamento da Dor e da Emergência do HGO.

O responsável recorda que “a ambição dos profissionais era montar uma Unidade Dor em regime de tempo completo, que fosse uma referência nacional, já que era uma situação ímpar no contexto dos hospitais portugueses à altura”.



Hoje em dia, é com orgulho que vê que a aposta na promoção da diferenciação desta Unidade levou ao reconhecimento como Centro Multidisciplinar de Dor. E acrescenta que “estão acordados alguns projetos como, por exemplo, no domínio da implantação de neuroestimuladores, ou em termos de intervenção no âmbito da patologia da coluna, áreas em que a multidisciplinaridade é fundamental”.

Daniel Ferro garante que a formação e a investigação não vão ser esquecidas: “Estamos empenhados no desenvolvimento do ensino, com a participação em ações de pós-graduação/especialização, a par de estágios que proporcionaremos a internos de várias especialidades, respondendo a um cada vez maior número de pedidos, e na concretização de projetos de investigação de suporte a práticas inovadoras.”



Esta sexta-feira realizam-se as jornadas anuais dinamizadas pelo Centro Multidisciplinar de Dor. Os 25 anos de formação em Medicina de Dor no Hospital Garcia de Orta é o tema da primeira Conferência do 16.º Convénio da ASTOR - Associação para o Desenvolvimento da Terapia da Dor. O programa pode ser consultado aqui.



A reportagem completa pode ser lida no Hospital Público de janeiro.

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