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Prevenir a queda no idoso: «Não podemos falhar na avaliação do risco»

"Temos de sensibilizar os profissionais de saúde para valorizarem a queda no idoso como um evento grave", afirma Sofia Duque, cordenadora do Núcleo de Estudos de Geriatria (NEGERMI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI).

"Um sinal de alarme"

Na sua opinião, "a queda no idoso ainda não é, de uma forma generalizada, vista como uma condição clínica e, portanto, são poucos os profissionais de saúde que têm formação específica e que dão a devida importância a este problema".

Sofia Duque considera mesmo que esta situação deve ser entendida como "um aviso de que algo não está bem e não encarar apenas como um evento fortuito que aconteceu, fruto do acaso e sem importância". E sublinha: "A queda deve funcionar como um sinal de alarme!"

A médica, que tem estado envolvida na criação de diretrizes nacionais para esta área, conhece bem esta realidade e explica porque considera ser tão crítico que mais profissionais reúnam as competências necessárias:

"Desde logo, as pessoa idosas têm vários fatores de risco, que as tornam vulneráveis para a ocorrência de quedas. Por outro lado, a queda pode ser um evento muito traumático e culminar em complicações graves para a pessoa, como a fratura do colo do fémur, que é de facto a complicação mais traumática. Mas também os traumatismos crânio-encefálicos podem ser graves e ter um profundo impacto na qualidade de vida da pessoa, com repercussões na sua mobilidade e autonomia."


Sofia Duque

Formação gratuita para profissionais

É com o objetivo de contribuir precisamente para uma melhor resposta na prevenção e na abordagem à queda no idoso que o Núcleo de Estudos de Geriatria decidiu avançar com a realização do webinar "Quedas nos Idosos", que decorrerá já no dia 5 de fevereiro.

Em debate estarão temas como os fatores de risco e consequências das quedas, a importância da avaliação e da intervenção multifatorial, o impacto da síndrome pós-queda e a abordagem das quedas no Serviço de Urgência.

"Queremos chegar ao maior número de profissionais de saúde interessados no tema", explica Sofia Duque. Nesse sentido, a inscrição é gratuita e está aberta, nomeadamente, a médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, farmacêuticos, "no fundo, a todos os que podem ter um papel ativo na identificação dos fatores de risco de quedas".

Dar início à avaliação o mais atempadamente possível

O principal propósito desta iniciativa, que se realiza pela primeira vez, é fazer com que "os vários profissionais sejam capazes de olhar para o idoso, identificarem sinais de alarme, conseguirem avaliar o risco de quedas, realizarem a avaliação dos vários fatores de risco e desenvolverem ações para minimizar e controlar esses fatores de risco, diminuindo assim o risco de quedas."

"Não podemos mesmo falhar"

"Na verdade, quando olho para um idoso, eu vejo sempre o risco de queda", reconhece a médica, acrescentando: "É quase inevitável, mais cedo ou mais tarde, um idoso ter risco de queda pelas várias condições que tem. Mas, como é óbvio, há pessoas que têm maior risco que outras."

Assim, não tem dúvidas: "Pelo menos entre as que têm maior risco, não podemos mesmo falhar, que são aquelas que já tiveram uma queda ou que têm problemas de mobilidade e equilíbrio."

E se tal parece ser uma ideia "quase intuitiva", na prática não é bem assim: "Muitas vezes há pessoas que já tiveram quedas, que têm problemas de mobilidade, problemas de equilíbrio, até pelas doenças que têm, e em que não há nem uma avaliação nem uma intervenção dirigida à prevenção da queda."

"Testes simples que podem ser aplicados"

Para a especialista de Medicina Interna, o ideal seria que "todos os idosos realizassem um rastreio, pelo menos anual, mas isto implica que os cuidados de saúde estivessem organizados para o fazer".

Não sendo possível por escassez de recursos e de tempo fazer esse rastreio a todos, "pelo menos devíamos fazer um rastreio oportunístico sempre que os idosos nos surgem à frente e, em particular, quando surgem com estes problemas: de já ter tido uma queda, em particular, se a queda tiver causado lesões traumáticas, ou sempre que há condições clínicas que geram problemas de mobilidade e equilíbrio".

E acrescenta: "Um dos factores que nos faz defender ainda mais a sua realização é que há testes simples que podem ser aplicados, e que no webinar vão ser falados, que também usamos para avaliar outras condições, como a fragilidade e a sarcopenia."


Partilhar conhecimento científico e experiência

O webinar vai contar com a intervenção de um conjunto de profissionais, "todos com uma ampla experiência na avaliação do doente com queda". Irão participar médicos de Medicina Interna e de Fisiatria dos centros hospitalares de Vila Nova de Gaia/Espinho e de Setúbal, dos hospitais Beatriz Ângelo e CUF Descobertas e do Centro de Reabilitação do Norte, um enfermeiro de Reabilitação do Centro Hospitalar e Universitário de São João e uma fisioterapeuta do Hospital Beatriz Ângelo.

No caso específico das internistas Sofia Duque, Lia Marques e Rafaela Veríssimo, o facto de terem já desenvolvido atividade intensa em unidades de ortogeriatria é particularmente interessante, conforme explica a coordenadora do NEGERMI:

"Necessariamente vemos pessoas que tiveram quedas dramáticas, porque culminaram na fratura do colo do fémur. Nestas unidades há uma tentativa permanente de identificar os vários fatores de risco de quedas que possam ser corrigidos, para evitar ou para minimizar, logo no período de internamento, o risco de futuras quedas."


Atualmente responsável pela Consulta de Geriatria na CUF Descobertas, projeto cujas respostas clínicas passarão também pelo internamento, Sofia Duque recorda que, "apesar da casa ser vista como um ambiente seguro, é precisamente aí que ocorre a grande maioria das quedas nos idosos".

O programa e o formulário de inscrição (gratuito) estão acessíveis aqui. O webinar realiza-se no dia 5 de fevereiro, entre as 9h00 e as 13h00. As inscrições estão abertas até às 14h00 dia anterior.

Além de um espaço de perguntas e respostas, os participantes no webinar terão oportunidade de acompanhar um caso clínico e de conhecer especificamente o papel do enfermeiro e do fisioterapeuta no processo de prevenção de quedas.

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