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Hospitalização Domiciliária: internistas preparam-se para criar «protocolos clínicos nacionais»

No início de junho de realiza-se o 3.º Congresso Nacional de Hospitalização Domiciliária, em Coimbra, e é no decorrer deste evento que será "lançado o desafio de formar grupos de trabalhos multidisciplinares e multicêntricos" com um objetivo muito claro: "Avançar com a elaboração de protocolos clínicos nacionais".

A novidade é avançada à Just News por Sofia Ribeiro, do Núcleo de Hospitalização Domiciliária (NEHospDom) da Sociedade Portuguesa Medicina Interna, que considera ser este um passo importante no contínuo crescimento da hospitalização domiciliária em Portugal:

"Estamos convictos que esses protocolos irão promover uma (ainda) melhor prática clínica e um maior envolvimento dos cuidadores/doentes no processo de cuidar da doença e de defender a saúde."


 Sofia Ribeiro

"Foto de um dia"

De acordo com a médica e coordenadora da Unidade de Hospitalização Domiciliária (UHD) do Centro Hospitalar e Universitário do Porto, esta iniciativa do NEHospDom surge no seguimento de um estudo multicêntrico em que participaram 30 unidades de hospitalização domiciliária:

"Tirámos a fotografia a um dia de Hospitalização Domiciliária em Portugal. O inquérito incluiu questões gerais de caracterização demográfica e dados clínicos, sociais e farmacêuticos."

Marta Monteiro, uma das internistas que está alocada à UHD do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, refere mais alguns dados deste importante inquérito.

Segundo a especialista, "foram analisados 232 doentes que apresentam uma média de idades de 67 anso (mínimo 18 e máximo 101), sendo 50% oriundos dos Serviços de Urgência e de Medicina e 18% dos Serviços Cirúrgicos. Em média, os doentes permanecem no hospital cerca de 7,42 dias antes de ingressarem na UHD, sendo este intervalo um objetivo a melhorar."

E quais os principais motivos de internamento? "As doenças infeciosas, mas também a agudização  de doenças crónicas, como a insuficiência cardíaca ou doença pulmonar obstrutiva crónica."



"Os doentes internados são complexos!"

A médica, que integra igualmente o NEHospDom, sublinha à Just News que o inquérito confirma (e reforça) o que já se sabia: "Os doentes internados são complexos!". E avança com outros dados:

"Em média foram geridos cerca de 4,5 diagnósticos secundários por doente, para além do principal motivo de internamento. Fatores de risco cardiovascular, anemia, DPOC/asma, insuficiência cardíaca, síndrome demencial e doença renal crónica foram as comorbilidades mais frequentes."

A informação obtida "é de facto importante", conforme refere Marta Monteiro. A médica indica que "esta fotografia dos doentes em regime de hospitalização domiciliária permite mais facilmente refletir sobre as reais potencialidades deste internamento e traçar linhas de orientação futuras, estabelecendo novos planos e objetivos."


Marta Monteiro

Mudança de paradigma: "Ainda há resistência e receio"

"Em Portugal, a Hospitalização Domiciliária é já um verdadeiro Hospital virtual, desprovido de tijolos, com capacidade para 349 camas", afirma Sofia Ribeiro, acrescentando tratar-se de "uma alternativa ao internamento convencional na maioria dos hospitais do SNS e recordando que existe já "uma cobertura de mais de 90% dos hospitais públicos, existindo 41 unidades no SNS e 3 no setor privado".

Na sua opinião, com o propósito de "assegurar a sustentabilidade de todo o sistema e a gestão de recursos limitados, emerge a necessidade de descentralizar os cuidados de nível hospitalar para o domicílio, permitindo a deslocalização dos encargos financeiros para outras áreas, nomeadamente da saúde, mas também de outros setores, como o social". 

Acontece que este processo de mudança "pode ser muito complexo". Para Sofia Ribeiro, "esta mudança de paradigma dos cuidados hospitalares exige, primeiramente, investimento financeiro, como a criação de novas infraestruturas e sistemas, mas também o esforço contínuo de transformação dentro das instituições". Contudo, "ainda há resistência e receio de muitos profissionais!"

O programa e outras informações sobre o 3.º Congresso Nacional de Hospitalização Domiciliária podem ser consultadas aqui.

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