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Para um melhor controlo das doenças alérgicas e respiratórias em Portugal, «a MGF é a chave»

"Queremos ter como objetivo que as pessoas com doenças alérgicas e respiratórias crónicas consigam levar as suas vidas sem estarem a pensar nelas, nem limitadas por elas", afirma Helena Pité, coordenadora de Imunoalergologia no Hospital CUF Tejo e especialista também no Hospital CUF Descobertas. 


A necessidade de uma "simbiose permanente"

De acordo com a especialista, "a Medicina Geral e Familiar (MGF) é e deve ser a primeira linha na orientação destas patologias", salientando que, naturalmente, a Imunoalergologia tem também um papel muito importante:


"Não só na avaliação e discussão conjunta quando há dúvidas relativas ao diagnóstico, na identificação de causas, mas também no seguimento dos doentes que tenham uma patologia mais grave, persistente ou recorrente, ou uma resposta insuficiente ao tratamento."

Assim, a conclusão a tirar é clara: "A colaboração e a simbiose permanente entre as duas especialidades é decisiva para melhor cuidar dos nossos doentes e deve ser aprofundada."


Helena Pité

"A chave para gerar a maior mudança"

Na sua opinião, "para conseguirmos melhorar os cuidados prestados e ter estas doenças controladas, precisamos muito de trabalhar em conjunto com a MGF" e vai mesmo mais longe, assegurando que "a MGF é a chave para gerar a maior mudança no paradigma das doenças alérgicas e respiratórias em Portugal".

Em entrevista à Just News, a médica aborda esta temática no seguimento do Allergy & Respiratory Summit 2024, evento cuja primeira edição se realizou na última sexta e sábado. "Trata-se de um projeto diferenciador, que se quer muito interativo entre as duas especialidades, para podermos obter este verdadeiro funcionamento em rede", afirma Helena Pité, que integra a Comissão Científica da reunião.


Realização de provas de função respiratória: uma discrepância "ainda muito evidente"

Relativamente à organização dos CSP em Portugal, Helena Pité considera que continuam a existir "assimetrias importantes no país, o que me preocupa, porque vejo que as condições e o acesso aos cuidados não são iguais para todos. Há várias pessoas no país sem médico de família e os cuidados prestados são díspares".

Por outro lado, alerta que "estes médicos lidam ainda com limitações no acesso a alguns meios diagnósticos e terapêuticos básicos decisivos para melhor cuidarem dos seus doentes" e dá o exemplo da área respiratória:

"Apesar das melhorias registadas nos últimos anos, a discrepância no acesso e na realização de provas de função respiratória no país ainda é muito evidente. Se há locais onde estes exames estão disponíveis, noutros, temos ainda médicos de família que apenas os têm vários meses depois de terem sido solicitados."

E lembra que se tratam de exames que "são essenciais no diagnóstico e no seguimento de pessoas com várias doenças respiratórias, como a asma e a DPOC, são simples, e o acesso devia ser facilitado para todos".

Faz também questão de salientar que se tratam de exames que "devem ser realizados por técnicos de Cardiopneumologia que sejam integrados nas equipas clínicas, com médicos responsáveis diferenciados na área, garantindo a adequada atualização nos procedimentos e a qualidade dos resultados".



"Lutar por termos aquilo de que precisamos para trabalhar bem"

Olhando para o futuro, Helena Pité considera que é necessário "melhorar os cuidados de saúde e dar mais força aos médicos de família, para que possam exercer as suas funções nas melhores condições possíveis", porque são profissionais muito capacitados, interessados em prestar cuidados de saúde de qualidade e em se manterem atualizados – o que também se vê pela adesão ao Summit".

No entanto, sublinha que "quando voltam aos seus gabinetes, sentem-se presos a este e a outros tipos de limitações. Os colegas conseguiriam ajudar mais e melhor se tivessem os meios necessários. E cabe-nos a todos nós lutar por termos aquilo de que precisamos para trabalhar bem."

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