Otimizar o tratamento antidepressivo no idoso melhora a performance cognitiva
A Casa da Música, no Porto, foi o local escolhido pela Lundbeck para organizar, em abril, uma masterclass em Psicogeriatria dedicada ao tema da depressão na população geriátrica e orientada para os especialistas em Medicina Geral e Familiar.
Bárbara Baptista, Manuel Viana e Cristina Belova
A iniciativa, moderada por Manuel Viana, médico de família na USF São João do Porto, com competência em Geriatria pela OM e membro da Direção da Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia, mostrou a importância de combater a depressão no idoso com fármacos pró-cognitivos e multimodais, sobretudo quando estamos perante pessoas em que a depressão surge associada ao início de um processo demencial.
Há regras básicas que importa seguir no tratamento do idoso com depressão, que passam, por exemplo, por adaptar a medicação ao perfil sintomático, simplificar os esquemas terapêuticos, evitar fármacos demasiadamente sedativos, com semividas muito longas e efeitos anticolinérgicos ou inibidores de enzimas hepáticas, ou procurar não tratar efeitos secundários de um fármaco com outro. Mas também é basilar, segundo Bárbara Baptista, psiquiatra do Departamento de Psicogeriatria do Hospital de Magalhães Lemos, evitar o subtratamento nestes pacientes.
“Por vezes, temos pudor em escalar a dose de antidepressivo na população mais velha com receio dos efeitos secundários e da menor tolerabilidade, correndo assim o risco de ficar aquém da adequada estabilização dos sintomas depressivos”, referiu Bárbara Baptista, defendendo precisamente a importância de se privilegiarem nesta população os antidepressivos multimodais.
Tratar bem é tratar com dose máxima tolerada
Cristina Belova, especialista em Medicina Geral e Familiar que intervém na Consulta de Geriatria do Trofa Saúde Hospital Central, em Vila do Conde, acentuou o caráter prático desta masterclass, ao expor dois casos clínicos que poderiam desenrolar-se em qualquer gabinete de consultas dos cuidados de saúde primários.
Cristina Belova
Na sua opinião, é vital compreender o perfil-tipo de paciente que está à frente do profissional de saúde e quem beneficia da introdução de antidepressivos multimodais.
E acrescenta: "Se concretizarmos o exercício simples de olhar para o nosso ficheiro de utentes e procurar quem se encaixa neste perfil, vamos perceber que não são os de menos, mas sim os de mais. Devemos, pois, combater a nossa própria inércia médica e prescrever o melhor antidepressivo e nas doses adequadas.”