Nesta ULS, a aposta da Medicina Interna em Hospitais de Dia «tem sido uma constante»
"As Unidades de Medicina de Ambulatório e diagnóstico rápido constituem uma necessidade atual e de qualquer sistema de saúde", afirma Fernando Salvador, que dirige o Serviço de Medicina Interna da Unidade Local de Saúde de Trás-os-Montes e Alto Douro (ULSTMAD).
De acordo com o médico, ao longo dos tempos, "foram vários os fatores que contribuíram e contribuem para esta necessidade" e menciona os principais motivos:
"O aumento do número de doentes idosos polimedicados e com múltiplas comorbilidades, a necessidade de redução das intercorrências infeciosas hospitalares, a humanização em saúde, a redução do número de episódios de urgência e de internamentos evitáveis, a melhoria na acessibilidade e a redução dos gastos em saúde."
Fernando Salvador
Elo de ligação com os cuidados primários
De acordo com Fernando Salvador, no Serviço de Medicina Interna que dirige, "a aposta em diferentes Hospitais de Dia tem sido uma constante", lembrando que, "já depois da criação de áreas distintas de ambulatório para patologias específicas, foi criada uma denominada Unidade Clínica de Ambulatório Médico (UCAM)".
E em que circunstâncias surgiu esta valência? "A taxa de ocupação persistentemente superior a 100% e o grande número de doentes observados no Serviço de Urgência (SU) com doença crónica ditaram a necessidade de criar uma estrutura que permitisse reavaliar doentes num curto período, quer provenientes do Serviço de Urgência, quer com alta precoce do internamento", refere Fernando Salvador.
Salienta também que "era fundamental uma melhor articulação com a Medicina Geral e Familiar (MGF) na gestão partilhada e contínua de doentes com doença crónica, cardiovascular, respiratória e metabólica". Uma necessidade que resultou num "projeto ambicionado e idealizado ano após ano, cuja concretização se tornou uma realidade durante 2019."
E acrescenta: "A sua criação permitiu uma reavaliação a curto prazo de doentes com alta do internamento e com alta do Serviço de Urgência e constituiu um elo de ligação com os Cuidados de Saúde Primários, ao ser uma “porta” de entrada de doentes com urgência relativa, observados nas Unidades de Saúde Familiares/Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados, ou seja, doentes cuja gravidade dita uma observação em ambiente hospitalar em menos de sete dias."
Segundo o médico, "todas as restantes áreas de ambulatório do Serviço de Medicina Interna da ULSTMAD evoluíram neste sentido e atualmente é possível, em cada uma delas, efetuar uma observação clínica, uma avaliação laboratorial e imagiológica e realizar procedimentos invasivos".
Esclarece ainda que "todos os nossos Hospitais de Dia contam com a colaboração diária de outros serviços de ação médica na realização, no próprio dia, dos mais variados exames complementares de diagnóstico. É administrada terapêutica oral, subcutânea, intramuscular e endovenosa. São prescritas unidades de concentrado eritrocitário e outros hemoderivados."
Doentes com patologia autoimune: Redução de idas à urgência
No caso específico do Hospital de Dia de Doenças Autoimunes, Fernando Salvador afirma que "mantém a matriz anterior, permitindo, por um lado, observar doentes com doença crónica, mas também outros com necessidade de investigação rápida (muitos deles referenciados pelos especialistas de MGF)".
E desenvolve a ideia: "No primeiro grupo são habitualmente administrados fármacos sintéticos e biotecnológicos. No segundo, e fruto de uma organização em equipa, são observados todos os doentes com patologia autoimune que recorrem, com motivo de urgência, ao Hospital."
Os resultados têm sido muito positivos, já que, apesar do "crescente número de doentes", Fernando Salvador adianta que tem sido possível "reduzir idas desnecessárias ao Serviço de Urgência de doentes crónicos com patologia complexa".
A conclusão tirar? "Aliada a projetos de melhoria contínua, esta modalidade tem possibilitado uma atividade assistencial aprimorada e tem tornado o Sistema de Saúde na nossa região mais eficiente."