«Não há razão para não termos especialistas orientados para tratar os idosos frágeis»

Especialista em Medicina Interna desde 2022, Pedro Madeira Marques adquiriu a competência em Geriatria em abril de 2024. Alimenta agora a esperança de um dia destes poder concretizar o desejo de tornar a proporcionar aos utentes idosos que recorrem ao Hospital de Vila Franca de Xira – hoje em dia integrado na ULS do Estuário do Tejo – um projeto de certa forma semelhante ao que viu nascer em 2017. O nome já está definido: Unidade Funcional de Geriatria.

O apoio da Direção do Serviço de Medicina Interna e do Conselho de Administração da ULSET para a sua concretização também existe, garante o médico.
 
“Considero mesmo essencial que se invista na criação deste tipo de unidades nos hospitais que ainda não dispõem desta valência porque a população portuguesa, como toda a gente sabe, está cada vez mais envelhecida. E é uma certeza que essa tendência não se vai alterar nas próximas décadas", afirma.


Pedro Madeira Marques

Na sua opinião, "não há uma razão válida para que não tenhamos médicos especialistas especificamente orientados para tratar os idosos mais frágeis, pois, apresentam têm particularidades que obrigam, da nossa parte, a proceder a uma intervenção diferenciada”, afirma Pedro Madeira Marques, acrescentando:


“Está demonstrado que abordar de uma forma mais rápida e eficaz estes doentes permite diminuir os internamentos e os reinternamentos, promovendo a qualidade de vida dos idosos e reduzindo a mortalidade.”

O internista da ULS do Estuário do Tejo sublinha que, “ao contrário do que se possa pensar, a Geriatria não é uma área fácil, sendo extremamente ativa, e não passiva, como muitos acham”.

E adianta: “Lidar com um doente idoso é tão exigente ou mais do que ter à nossa frente um doente adulto, que eu costumo chamar de adulto jovem. Por exemplo, um interno de Geriatria, em todos esses países onde esta é reconhecida como especialidade – tal como acontece já aqui ao lado, em Espanha –, tem de rodar por uma série de valências: ortogeriatria, cardiogeriatria, pneumogeriatria, cuidados paliativos geriátricos...”

“No nosso país, por esses hospitais fora, muitos colegas veem com desconfiança a existência de uma unidade específica de Geriatria, porque acham que já praticam essa abordagem. Contudo, esta é baseada em algo muito concreto, que se chama avaliação geriátrica global, que ultrapassa a anamnese e a história clínica clássicas da MI. E por que não utilizar as guidelines próprias para o doente idoso, quando elas até já começam a existir?”, questiona Pedro Madeira Marques.

Plano Hospitalar para Idosos

Percebe-se o orgulho de Pedro Madeira Marques em ter participado – aliás, como primeiro autor – na elaboração do livro Plano Hospitalar para Idosos, editado pela Lidl. O projeto arrancou em 2018, por iniciativa do então coordenador do NEGERMI, João Gorjão Clara.

O documento apresenta um programa de prevenção e de abordagem do delirium e do imobilismo hospitalares e é, no entender do internista da ULS do Estuário do Tejo, “algo inovador e bastante importante”.

Sublinha mesmo que deverão existir apenas outros dois planos do género em todo o mundo, nos EUA (1999) e na Grã-Bretanha (2021). O Plano Hospitalar para Idosos foi lançado no primeiro semestre de 2022, o mesmo ano em que foi criada a Associação dos Médicos dos Idosos Institucionalizados (AMIDI), de que Pedro Madeira Marques é vice-presidente e foi um dos fundadores, tal como João Gorjão Clara.

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