«Não é fácil escrever um artigo científico, exige experiência»
Clareza e economia de palavras são dois pontos importantes quando se trata de escrever um artigo científico. Estas e outras indicações vão ser dadas por Carlos Fiolhais, físico e diretor do Rómulo, Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra, numa sessão da Iniciativa Médica 3M (IM3M), a decorrer dia 28 de abril, às 21h, online.
Integrada no projeto Bial Active Learning, uma plataforma de formação, Carlos Fiolhais vai falar aos médicos sobre a importância de se ter em atenção alguns pontos quando se comunica ciência. Afinal, “não é fácil escrever um artigo científico; exige experiência”, segundo disse à Just News.
Carlos Fiolhais
O físico enfatizou a importância da comunicação científica interpares, devendo dar-se especial atenção ao título e ao abstract. “Regra geral, é o que se lê, sendo preciso escrever de forma clara e concisa, dando a conhecer logo o objetivo do estudo, a sua metodologia, resultados e a interpretação dos mesmos.”
O especialista destaca ainda a relevância de se conhecer a língua inglesa. “Deve-se sempre pedir a outros para lerem e, de preferência, a quem tenha o Inglês como língua materna.” Outro ponto que considera ser fulcral é a voz passiva, ou seja, quem escreve deve “deixar que os resultados falem por si”.
Questionado sobre os muitos estudos que foram publicados no último ano sobre covid-19, Carlos Fiolhais diz-se preocupado com as conclusões precipitadas. Contudo, na sua opinião, é compreensível que, em apenas um ano e dois meses, tenham sido lançados cerca de 350 mil artigos. “Nunca se soube em tão pouco tempo tanto sobre uma dada doença, o que se deve ao trabalho da comunidade científica.”
Mas, acrescentou, que "é preciso ter um certo olho clínico, porque nem tudo o que é publicado na internet tem validade”. “A boa ciência nunca é apenas um resultado, mas a acumulação de resultados; é preciso haver um consenso interpares, mesmo que não haja unanimidade”, continuou.
Na sessão, que estará disponível a toda comunidade, serão abordadas assim as principais falhas na escrita deste tipo de artigos, a identificação precoce de inconsistências metodológicas, erros na construção do estudo, follow-ups e amostras inadequadas e ou insuficientes (ou até mal calculadas), conclusões precipitadas e ou abusivas, entre outros.
Como moderadores estarão Hugo Ribeiro e João Rocha Neves, da IM3M. Relembre-se que a IM3M foi criada em 2018, contando logo com dez médicos de especialidades diferentes, que têm como objetivo apostar na formação interpares.
As inscrições podem ser efetuadas aqui.