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Promover o controlo da asma e evitar «o uso abusivo da medicação de alívio»

Médicos de família mobilizaram a população da Sertã, incluindo profissionais de saúde de várias áreas, para o problema da asma, promovendo uma iniciativa que incluiu a plantação simbólica de uma árvore. Para Jaime Correia de Sousa, especialista de Medicina Geral e Familiar, “todos os setores devem estar envolvidos nesta luta, incluindo os pais e os professores”.



A ação decorreu no primeiro fim de semana de maio, antecipando a passagem de mais um Dia Mundial da Asma, sempre assinalado na primeira terça-feira deste mês. Para a sua concretização, o Grupo de Estudo de Doenças Respiratórias (GRESP) da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) contou com o apoio da Câmara Municipal da Sertã.

Jaime Correia de Sousa, médico de família em Matosinhos, é o presidente cessante do International Primary Care Respiratory Group (IPCRG), que lançou em 2018 o projeto Asthma Right Care, batizado como CAPA – Cuidados Adequados à Pessoa com Asma em Portugal. E foi no âmbito deste projeto que se concretizou mais uma iniciativa, agora levada a cabo na Sertã.


Jaime Correia de Sousa

"A necessidade de uma medicação de controlo”

“Sentiu-se a necessidade de lançar este movimento a nível internacional sobretudo por se saber que há muitas pessoas que usam inadequadamente a medicação para a asma, centrando-se com bastante frequência no alívio da mesma e não no seu controlo”, esclarece aquele médico.

Apesar de tudo, sendo esse um problema mundial, a situação em Portugal “não será das piores”. Segundo Jaime Correia de Sousa, “até temos um razoável controlo da doença e um nível baixo de internamentos por asma”, mas reconhece ser “difícil passar a mensagem da necessidade de uma medicação de controlo”.

“Algum tempo depois de iniciarem a medicação de controlo, as pessoas sentem-se melhor e abandonam o medicamento, usando novamente a terapêutica de alívio quando esses sintomas reaparecem”, lamenta o especialista, admitindo que “o medo dos corticoides e alguma complexidade das técnicas inalatórias” também contribuem para essa situação.


A ação na Sertã incluiu a simulação de uma consulta, com vista a identificar aspetos e alguns pormenores que justificam especial atenção dos profissionais

Jaime Correia de Sousa sublinha o facto de o movimento CAPA envolver profissionais de saúde não médicos, como enfermeiros, fisioterapeutas ou técnicos cardiopneumologistas. E destaca particularmente os farmacêuticos, que “são muitas vezes os primeiros a detetar o uso abusivo da medicação de alívio e, portanto, a poder recomendar aos doentes que procurem o seu médico assistente”.


A árvore plantada assinala: "Comemoração do Dia Mundial da Asma na Sertã 2019"

“Doenças respiratórias não são elemento fundamental da agenda dos CSP”

A médica de família Cláudia Vicente, que integra o GRESP e que partilha com o seu colega Nuno Pina a coordenação do projeto CAPA, justifica a ação desencadeada na Sertã afirmando pretender-se que “a população tenha melhores e mais cuidados de saúde associados à asma, que é uma doença crónica, mas que pode ser facilmente controlada”.



A escolha da Sertã para assinalar o Dia Mundial da Asma explica-se por ser uma região que, tendo “uma boa qualidade do ar que inspiramos, foi vítima, há 2 anos, do flagelo dos incêndios”. A plantação simbólica de uma árvore – neste caso, um freixo – numa das margens da ribeira que atravessa a localidade surge, assim, associada a esta sessão de educação para a saúde.


Elementos do projeto CAPA

“A população tem pouca informação sobre a asma. Os últimos estudos realizados em Portugal revelam que muitos dos doentes asmáticos não têm uma perceção correta do adequado controlo da doença”, sublinha Cláudia Vicente.

No seu entender, “é importante que os doentes e os seus cuidadores sejam devidamente informados sobre como a asma pode ser controlada”. E é neste sentido que o projeto CAPA tem desenvolvido esforços.


Jaime Correia de Sousa, Nuno Pina e Cláudia Vicente

Embora admitindo que os profissionais de saúde tenham toda a informação sobre a asma, “é importante continuar a alertar para a sua prevalência, até porque as doenças respiratórias não são elemento fundamental da agenda dos cuidados de saúde primários”.

“Temos 695 mil portugueses com asma, que precisam de ser corretamente diagnosticados e tratados”, frisa Cláudia Vicente.


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