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Insuficiência Cardíaca: «É fundamental existir uma rede de cuidados disseminada pelo país»

A existência das condições certas e as boas práticas implementadas a nível local, por um lado, mas a falta de comunicação, de uma rede de cuidados a nível nacional e de apoio da Tutela, por outro, foram alguns dos tópicos debatidos na III Reunião Anual do Núcleo de Estudos de Insuficiência Cardíaca da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna. 

“Precisamos de outros níveis de comunicação e, sobretudo, da ajuda da Tutela” foi uma das frases proferidas por Cândida Fonseca, diretora do Serviço de Medicina e coordenadora da Clínica de IC do Hospital de São Francisco Xavier (CH Lisboa Ocidental), enquanto uma das moderadoras da sessão “Modelos de Gestão/Cuidados de IC – exemplos em Portugal.


Cândida Fonseca

Para a cardiologista que coordena a Clínica de IC do HSFX, “neste momento, as condições estão reunidas e, localmente, cada um de nós está a trabalhar muito bem; o que acontece é que não comunicamos e não temos o aval de cima, o que nos leva a não dispor de uma rede de cuidados disseminada pelo país”. Por isso, “o passo essencial a ser dado consiste na coordenação com a Tutela”.

Na sua ótica, "é essencial pensar globalmente o que é a insuficiência cardíaca, e isso já fazemos – já pensámos, já estabelecemos normas e já prestamos cuidados −, mas é preciso agir localmente”.

Nesta sessão, que marcou o fecho da reunião, que decorreu em abril, no Porto, ficou comprovada a existência desta ação local:

“Cada um de nós está a capacitar e a tratar os doentes, de acordo com o seu perfil e a geografia onde se insere, e efetivamente não há formas únicas de trabalhar – existem diversos modos de chegar ao mesmo objetivo”.



“Partilhar o saber após tempos difíceis”

Esta foi uma das sessões da III Reunião Anual do NEIC, realizada após dois anos de interregno, devido à covid-19. A importância deste regresso foi enaltecida na sessão de abertura da reunião por Joana Pimenta, a coordenadora deste Núcleo de Estudos da SPMI.

“Pretendemos discutir a insuficiência cardíaca, difundir as novidades, que englobam as novas recomendações da Sociedade Europeia de Cardiologia, publicadas em agosto de 2021, e da Sociedade Americana de Cardiologia, apresentadas no início de abril”, descreve.


Acresce “a união na partilha do saber e a vivência de momentos de convívio, em conjunto com representantes de vários núcleos de estudos da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, como o de Diabetes Mellitus, na pessoa do seu coordenador, Estevão Pape, e do Grupo de Estudos de IC da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, na figura de José Silva Cardoso”.

Joana Pimenta, que dirige o Serviço de Medicina Interna do CH Vila Nova de Gaia/Espinho e coordena o NEIC desde 2021, destaca os “tempos difíceis” que se viveram nos últimos anos, “tanto para os profissionais de saúde, que se viram confrontados com uma doença que desconheciam e que obrigou a uma carga de trabalho importante, como para os doentes com insuficiência cardíaca, que, além de estarem muito fragilizados em relação a esta pandemia, foram privados de muitos dos seus cuidados”.


Joana Pimenta

A internista recordou ainda a “perda súbita e brutal que o próprio NEIC viveu em setembro de 2021, quando se viu sem o seu coordenador, o Prof. Paulo Bettencourt, alguém muito importante para toda a comunidade de IC em Portugal, que beneficiou do seu conhecimento e dinamismo, e, claro, para a sua família, amigos e doentes”.



"Parabéns ao Núcleo"

Em representação da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, Olga Gonçalves participou na sessão de abertura desta reunião, e destacou que esta sociedade científica “tem visto um dos seus principais objetivos − a difusão da Ciência – concretizados através do NEIC”.

A coordenadora da Unidade de Hospitalização Domiciliária do CHVNG/E e tesoureira da SPMI não pôde deixar de parabenizar “um Núcleo que conseguiu fazer um volte-face em relação a uma doença em que todos pensavam não haver muito mais por fazer e dar aos internistas a projeção e a expressão do que acontece diariamente”.


Coordenadora e secretariado do NEIC: Joana Pimenta, Pedro Morais Sarmento, Irene Marques, César Lourenço, Inês Araújo

"Não basta falar de guidelines, é preciso saber como fazer bem no terreno”

Adelaide Belo, coordenadora do Núcleo de Integração de Cuidados da ULS do Litoral Alentejano, participou, em conjunto com Cândida Fonseca, na moderação da última sessão da Reunião, e distinguiu que “quando se trata de doentes crónicos – muitos deles, complexos −, não basta falar de guidelines, é preciso saber como fazer bem no terreno”.

Evocando uma frase da cardiologista Fátima Franco – “onde se pode fazer a diferença é na organização de cuidados”, diz concordar, uma vez que “tudo o resto nós temos – bons profissionais de saúde e acesso a praticamente todas as terapêuticas”.



Comentando o olhar de Joana Pimenta quanto “à forma interessante como diferentes estratégias adaptadas à realidade local funcionam bem e chegam aos doentes", Adelaide Belo, frisou a “existência de dificuldades no começo e a falta de recursos como pontos em comum aos vários projetos locais apresentados na sessão”.

E salientou que “é necessário coordenar cuidados quer de forma intrainstitucional, como interinstitucional, apostando na comunicação”.

 

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