«Há uma oportunidade para aproximar os cuidados aos doentes respiratórios crónicos»

"Ainda temos, em Portugal, uma implementação insuficiente dos cuidados aos doentes respiratórios crónicos", afirma Jaime Correia de Sousa, cofundador do Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias da APMGF.

No entanto, o médico considera que há, "neste momento, uma janela de oportunidade para aproximar os cuidados a estas pessoas aos que disponibilizamos noutras áreas, como a hipertensão, a diabetes, o rastreio oncológico e a saúde infantil".


Jaime Correia de Sousa

Em entrevista à Just News, esclarece a ideia: "Graças ao diálogo que o GRESP tem mantido com o Programa Nacional para as Doenças Respiratórias, na pessoa da Prof.ª Cristina Bárbara, que tem mostrado abertura e interesse em perceber a importância de desenvolver estas competências nos Cuidados de Saúde Primários, conseguimos convencer as autoridades a introduzir alguns indicadores que vão contribuir para melhorar os cuidados prestados."

Jaime Correia de Sousa está esperançoso que, "com esta mudança, os médicos vão ter mais preocupação em procurar ativamente os seus doentes com asma e DPOC, registar alguma informação  sobre eles, fazer diagnósticos corretos e ter pelo menos uma consulta anual".

E acrescenta: "Acredito que, após estarem limados e aferidos, estes novos indicadores vão permitir uma mudança de paradigma e um salto qualitativo nos próximos anos."



"O peso das doenças respiratórias não é bem avaliado"

Questionado sobre se esta "mudança de paradigma" relativa às doenças respiratórias peca por ser tardia, o especialista considera ser "natural que este trabalho tenha começado pelas doenças cardiovasculares e oncológicas, pela diabetes…"

Contudo, adverte que, "muitas vezes, o peso das doenças respiratórias não é bem avaliado porque, se considerarmos desde a asma, a DPOC, a apneia do sono, o tabagismo e o seu impacto nas doenças oncológicas, até às múltiplas infeções que podiam ser preveníveis, a sua carga é muito grande".

E dá um exemplo: "Grande parte da responsabilidade pelo atual surto gripal é da inércia vacinal a que temos assistido este ano".

Na sua opinião, "sempre tivemos uma elevada taxa de vacinação nos idosos, mas reduzida noutros grupos, sobretudo dos profissionais de saúde. Principalmente aqueles que trabalham com populações vulneráveis – em lares, serviços de doenças oncológicas e de geriatria – e os próprios médicos e enfermeiros de família devem vacinar-se".


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