«Este projeto é uma revolução na gestão dos problemas das fraturas da anca dos idosos»

Para Rui Lemos, que dirige o Serviço de Ortopedia da ULS de Gaia e Espinho, “a Unidade de Ortogeriatria corresponde a uma revolução na gestão dos problemas das fraturas da anca dos idosos”. Na realidade, durante largos anos, a Ortopedia ficou inteiramente responsável pela gestão desses doentes, sem o apoio de outras especialidades.


"Começou a haver uma visão holística do doente"

Sendo habitualmente doentes idosos, com outras comorbilidades, “verificava-se com frequência a existência de complicações, cardíacas ou renais, por exemplo, associadas à fratura”, refere o médico.

De forma gradual, “felizmente, começou a haver uma visão holística do doente, inspirando uma abordagem multidisciplinar, que permite, sem margem para dúvidas, melhorar a qualidade e a quantidade de vida após fratura da anca no idoso e reduzir a mortalidade que lhe está associada”.

Em entrevista à Just News, salienta que a mudança de paradigma deveu-se também à alteração na posição da Medicina Interna.



“No passado, dizia-se que o doente idoso com fratura da anca era inteiramente da responsabilidade da Ortopedia, mesmo havendo associados outros problemas de saúde graves, como diabetes, hipertensão e arritmia, que estão fora do foco terapêutico da Ortopedia e, como tal, eram difíceis de controlar isoladamente”, explica.

Acontece que “o interesse da MI pela Ortogeriatria e o surgimento da respetiva competência veio modificar o enquadramento e permitir uma abordagem conjunta dos vários problemas destes doentes”.

Ao ortopedista compete a necessidade de “oferecer uma intervenção cirúrgica precoce e competente – idealmente, nas primeiras 48 horas -- e uma transição rápida para os cuidados de um internista capaz de suprir todos os outros problemas que o doente idoso geralmente tem e que se agravam com a fratura da anca”.

No contexto pré-cirúrgico, o nosso interlocutor admite que “deve valorizar-se a importância da Anestesiologia, ao procurar ultrapassar os diversos problemas técnicos desta população, entre eles a anticoagulação, que assiste cerca de 40% dos doentes, impedindo uma anestesia segura”.


Rui Lemos: “É a abordagem multidisciplinar que permite melhorar a qualidade e a quantidade de vida após fratura da anca no idoso”

Enquanto, no passado, os doentes eram operados no Hospital Eduardo Santos Silva, transitando depois para Espinho, onde já ficavam a cargo da Ortogeriatria, quando o Serviço de Ortopedia mudou para VNG reformulou-se a Unidade de Ortogeriatria, tendo-lhe sido alocadas camas na Ortopedia, que ficaram sob a sua responsabilidade.

“Foi possível reduzir a mortalidade e melhorar a integração social"

Rui Lemos, que dirige o Serviço desde 2015, admite que, durante as 3 décadas em que trabalhou no Hospital de Santo António, “já considerava que os ortopedistas não podiam nem deviam tratar sozinhos os problemas associados deste grupo específico de doentes”.

Com este projeto conjunto, “foi possível reduzir a mortalidade e melhorar a integração social, ao tornar estes doentes idosos mais autónomos após a fratura da anca”.

Na verdade, “foram essas vantagens, associadas a uma melhor qualidade de vida, que nos levaram a partilhar algumas das nossas camas com a Ortogeriatria, com incontornável vantagem assistencial para os nossos doentes”.

O médico esclarece que, após a cirurgia, “o doente continua ligado à Ortopedia, através de consulta desta especialidade, pelo menos até à consolidação da fratura, o que leva entre quatro a cinco meses”.

A Unidade de Ortogeriatria da ULS de Gaia e Espinho, coordenada por Rafaela Veríssimo, celebra em 2025 uma década de vida ao serviço da população de Vila Nova de Gaia e Espinho. Na edição de maio do Jornal Médico dos Cuidados de Saúde Integrados a Just News publica uma ampla reportagem sobre Unidade de Ortogeriatria da ULS Gaia e Espinho, com entrevistas a vários profissionais.

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