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«Órgãos de decisão dos hospitais devem ter em conta a opinião dos internistas»

À frente do Serviço de Medicina de um dos maiores centros hospitalares do país, Armando Carvalho não tem dúvidas em afirmar que os internistas deviam ter um protagonismo muito maior nos hospitais portugueses.

"A minha perceção é que nós reunimos todas as condições para termos uma palavra importante em muitas decisões que se tomam relativamente a doentes. Doentes que são cada vez mais idosos, com múltiplas patologias, muitas delas crónicas”, diz o professor universitário e diretor do Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

O médico recorre mesmo a uma temática muito falada ultimamente, a da hospitalização domiciliária, para questionar como foi possível terem sido publicadas normas de orientação clínica nessa área sem que ao Colégio da Especialidade de MI da Ordem dos Médicos – a que preside – "tenha sido solicitado que nomeasse alguém para integrar a comissão que as elaborou".


Armando Carvalho com algumas jovens médicas no Serviço que dirige

Armando Carvalho, que assume este ano o cargo de presidente do Congresso Nacional de Medicina Interna, defende que “a opinião dos internistas deve ser tida em conta nos órgãos de decisão dos hospitais”. E que deviam ser ouvidos em relação a “praticamente todas as normas de orientação clínica que tenham que ver com patologias ou decisões do foro médico”.

Na sua opinião, a especialidade “tem de estar bem representada” até a nível das universidades, o que no caso de Coimbra “até acontece e espero que continue”.

“Temos que lutar por ter esse papel central. Não basta pedi-lo, é preciso mostrar que possuímos qualidade para tal e estarmos, de facto, presentes”, frisa Armando Carvalho.

Consultas autónomas ou grupos multidisciplinares?

Agendado para o final de maio, em Vilamoura, o Congresso Nacional de Medicina Interna vai promover o debate "em torno de qual deverá ser o cenário em que a Medicina Interna tem de apostar". Armando Carvalho desenvolve a ideia:

“Deve-se cultivar áreas específicas de intervenção, por exemplo, com consultas autónomas, como hoje existem, e bem, ou será melhor para o doente que a MI privilegie a integração em grupos multidisciplinares?”


Armando Carvalho: “O doente não é da especialidade A, B ou C, é de um serviço de Saúde que lhe deve propiciar o melhor acompanhamento possível.”

Levanta também outra questão: “Por exemplo, é mais produtivo, para nós e para o doente, termos aqui no Serviço uma Consulta de Doenças Autoimunes ou haver no hospital um grupo dedicado à patologia autoimune sistémica, integrando as várias especialidades que se movimentam nessa área, incluindo, necessária e obrigatoriamente, internistas?”

Para o diretor do Serviço de Medicina Interna do CHUC, “não se compreende que a MI não tenha qualquer intervenção numa patologia que é sistémica quando, ainda por cima, esses doentes têm frequentemente outras doenças associadas”.



"O papel da Medicina Interna na organização hospitalar"

A opção de Armando Carvalho foi construir a Comissão Científica do 25.º CNMI com base nos internistas seniores e apostar na geração mais nova para formar a Comissão Organizadora. “A ideia foi escolher especialistas de MI do quadro do Serviço, do polo dos HUC e do polo dos Covões, já com alguma experiência de organização de reuniões, mas sem nunca terem integrado uma CO de um Congresso Nacional”, esclarece.

Com um número de inscrições que deverá rondar as 2000, a opção de Vilamoura foi ditada, principalmente, pela dificuldade em arranjar alojamento para todos os participantes na cidade de Coimbra. A escolha do tema geral do Congresso – “A MI no centro da decisão” – tem uma explicação óbvia:

“Porque é o Centro que o vai organizar, mas também porque queremos chamar a atenção para o papel que a MI deve ter na organização hospitalar, eventualmente integrando grupos multidisciplinares que se constituam, mas com os internistas ocupando uma posição central dentro do hospital.”


Armando Carvalho: “A Medicina Interna aparece na minha vida porque tenho alguma dificuldade, sempre tive!, em focar-me apenas numa coisa”

O responsável reforça ainda esta ideia da sua especialidade estar "no centro da decisão" com outra perspetiva: “Aquilo que eu acho muito interessante na Medicina Interna é que consigo falar com um especialista de qualquer área médica e entender perfeitamente o que me está a dizer, permitindo-me discutir qualquer problema do doente em concreto."

Assumindo a direção do que então passou a designar-se Serviço de Medicina Interna A dos CHUC em 2013, Armando Carvalho tem agora também sob a sua responsabilidade aquela que foi, até abril de 2018, a Medicina B, no Hospital Geral (Covões). Concretizada a fusão, dirige atualmente um Serviço que tem um total de oito enfermarias.



A entrevista completa pode ser lida no Hospital Público de março/abril 2019.

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