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Idosos infetados com COVID-19 podem apresentar «sintomas atípicos»

A apresentação atípica de sintomas nos idosos com mais de 80 anos infetados por COVID-19 é uma das preocupações de João Gorjão Clara, coordenador do Núcleo de Estudos de Geriatria da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (NEGERMI).

“Os idosos têm redução das capacidades de defesa contra as infeções e admite-se que no envelhecimento aumente a facilidade de penetração na árvore respiratória, facilitando a instalação de graves complicações pulmonares”, indica o especialista, em declarações à Just News.


João Gorjão Clara

Uma situação que se agrava perante casos de multipatologia, que obrigam a polimedicação. “Embora não exista relação direta entre a idade e a probabilidade de se contrair este vírus, esta faixa etária pode desenvolver mais complicações graves", adverte o internista.

Relativamente à urgência de serem tomadas medidas redobradas junto dos idosos, sublinha a recente declaração emitida pelo Conselho Executivo da EuGMS (European Geriatric Medicine Society), onde se faz referência às taxas de mortalidade, "aproximadamente 15% em indivíduos contaminados acima de 80 anos e, por enquanto, inferiores a 0,5% em pessoas com menos de 50 anos.”

"Manifestações atípicas"

João Gorjão Clara chama a atenção para “a apresentação atípica de sintomas” que pode ocorrer na população mais idosa, um dado especialmente preocupante, dada a dificuldade acrescida para o processo de diagnóstico:

“Os muito idosos, ou seja quem tem mais de 80 anos, podem ter manifestações atípicas que não são as habituais do vírus COVID-19 e os profissionais devem estar atentos, para iniciarem o quanto antes a terapêutica adequada.”

Assim, e apesar desta ser uma situação completamente nova e para a qual ainda se reúnem novos dados, os elementos disponíveis levam João Gorjão Clara a deixar o alerta:

"Não se deve descartar a possibilidade de infeção quando o quadro clínico não se limita a tosse seca, dores musculares, febre, dores de cabeça ou até problemas gastrintestinais."



Nas pessoas com mais de 65 anos há ainda uma "desvalorização desta pandemia"

Outra mensagem que João Gorjão Clara considera de “extrema importância” é a sensibilização das pessoas com mais de 65 anos para o facto de pertencerem aos grupos com maior vulnerabilidade:

“Tenho testemunhos de quem está no terreno de que há uma desvalorização desta pandemia, porque já se viveram muitos riscos, inclusive no tempo da Guerra Colonial. É preciso apostar na informação e na consciencialização de que a realidade é outra.”

Guia de recomendações focado "nas necessidades dos mais velhos"

Precisamente para ajudar a promover um maior conhecimento sobre a doença, o NEGERMI divulgou um conjunto de recomendações, com base num documento lançado pela EuGMS, no qual, além de explicar o que é o vírus e os seus sintomas e de abordar as regras gerais para toda a população, deixa alguns alertas "mais focados nas necessidades dos mais velhos".

Algumas dessas recomendações têm já vindo a ser implementadas aos poucos, como o pedir a um vizinho que faça as compras, deixando-as na porta sem haver qualquer contacto. Outras indicações incluem, por exemplo, a advertência para não se tomar anti-inflamatórios não esteroides, por serem inapropriados para os idosos, não deixar acabar a medicação, beber muitos líquidos ou manter-se ativo, mesmo dentro de casa.

Ficam ainda conselhos para os cuidadores formais e informais, "que não só devem cumprir as orientações das autoridades de saúde como é essencial estarem atentos aos sintomas das pessoas que estão a seu cargo".

Apesar da gravidade da situação, João Gorjão Clara defende que não é tempo para “alarmismos”, mas para “informação e prevenção”, acrescentando:

“Perante os ensaios clínicos que já estão a decorrer há algumas semanas, pode ser que, em breve, possamos vir a ter alguma terapêutica farmacológica que faça a diferença, quer do ponto de vista preventivo como do tratamento”.


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