Consulta de Prevenção e Risco Vascular na ULS Amadora/Sintra: «Queremos avançar em 2025»
Uma das metas de Patrícia Vasconcelos, a internista que presidiu à 6.ª Reunião do Núcleo de Estudos de Prevenção e Risco Vascular (NEPRV), para 2025, é erguer uma Consulta de Prevenção e Risco Vascular multidisciplinar e integrada, na ULS onde trabalha. A novidade foi apresentada em entrevista à Just News, a propósito do evento, que decorreu a 7 de dezembro, em Peniche.
Patrícia Vasconcelos
Um "sonho antigo" que deverá avançar em 2025
Patrícia Vasconcelos, representante Sul do secretariado do NEPRV e internista do Serviço de Medicina III da ULS de Amadora/Sintra espera que, em 2025, possa finalmente ser constituída uma Consulta de Prevenção e Risco Vascular. Sendo este “um sonho antigo, que tem vindo a ser protelado pela falta das condições certas, agora, deverá ser possível avançar”.
Debruçando-se este tipo de consulta sobre doenças multifatoriais, “exige uma intervenção multidisciplinar, da parte de internistas e/ou cardiologistas, e a incorporação do apoio de áreas como Enfermagem, Nutrição, Psicologia e Medicina Física e de Reabilitação.
A especialista em Medicina Interna considera que “a consulta deve oferecer uma jornada linear, de forma a evitar que o doente percorra círculos labirínticos no hospital, o que, entre outros aspetos, contemplaria o acesso privilegiado a determinados exames complementares de diagnóstico, nomeadamente exames vasculares, como ecodoppler dos vasos do pescoço”.
Sendo “logisticamente muito difícil viabilizar esta consulta no Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca”, a equipa aguarda com ansiedade a inauguração do novo Hospital de Sintra, que “disponibilizará o espaço físico necessário”.
“Abordámos fatores de risco e consequências”
AVC, cardiopatia isquémica, diabetes mellitus, dislipidemia, fibrilação auricular, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca e tromboembolismo venoso foram os assuntos centrais desta 6.ª edição. “No fundo, abordámos fatores de risco e consequências”.
A reunião contou com mais de duas centenas de participantes, ultrapassando a centena e meia que tem marcado as anteriores edições. “A verdade é que o evento tem vindo a crescer, fruto da recetividade dos profissionais a este modelo diferenciador”, refere.
Tradicionalmente, o programa desta reunião é constituído por um conjunto de Hot Topics, sendo os palestrantes convidados a selecionar 2 artigos que, no ano corrente, tenham tido grande impacto na prática clínica, para serem alvo de discussão.
Dado o carácter plural desta área, a Comissão Organizadora estendeu o convite para integrar o programa científico, enquanto palestrantes e moderadores, a colegas de outros núcleos de estudos da SPMI e até de outras sociedades científicas, sendo disso exemplo o convite dirigido a Cristina Gavina, presidente eleita da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Francisco Araújo, ex-coordenador do NEPRV e presidente da Sociedade Portuguesa de Aterosclerose, e Fernando Martos Gonçalves, presidente eleito da Sociedade Portuguesa de Hipertensão.
Também Paula Freitas, presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, foi uma figura de relevo no evento, enquanto coordenadora do curso pré-reunião, sobre obesidade, “um fator de risco importante para a doença aterosclerótica”.
Diana Fernandes, Patrícia Vasconcelos e Vitória Cunha
A presidente da reunião admite ter-se tratado de um evento “muito proveitoso, em termos formativos e de partilha de experiências entre os colegas”. Entre as sessões da manhã e da tarde, existiu um Corta Sabor Pós Prandial, centrado no tema da Inteligência Artificial para Médicos, que veio “mostrar como esta ferramenta pode ser muito útil aos clínicos, permitindo-lhes estabelecer verdadeiramente uma relação médico-doente”.
Na verdade, “ao auxiliar na elaboração do registo médico, esta ferramenta vai promover o olhar e a conversa com os doentes, enquanto até agora muito do nosso tempo é passado a olhar para o computador”.
Pensando mais além, no âmbito da prevenção e risco vascular, “poderemos vir a assistir à emissão não só de um relatório com a medicação prescrita, como também de tabelas com dicas de dieta e de atividade física, imediatamente após a consulta”.
A reunião teve ainda espaço para a apresentação de posters, que resultou na atribuição de um primeiro prémio e duas menções honrosas.
A continuidade do legado
Durante a sessão de abertura da reunião, Vitória Cunha, a coordenadora do NEPRV, usou da palavra para recordar como “Pedro Marques da Silva permitiu fundar este núcleo, no final de 2015, juntando um grupo muito interessante de pessoas que tinham vontade de unir todas as áreas do risco vascular”.
E salientou como têm “continuado de uma forma muito interessante aquilo que foi pensado inicialmente, e mantido esta reunião, que teve início em 2019, na Ericeira”.
A sessão de abertura contou com a intervenção de Diana Fernandes, da ULS da Região de Leiria, que representou a Direção da SPMI.
Vitória Cunha
Durante a reunião, foi apresentado o YearBook de Risco Vascular 2023, que reúne “cerca de uma dezena de sínteses daquelas que são considerados os melhores artigos publicados no ano anterior”. Do seu ponto de vista, “continua a ser uma publicação relevante nesta área, quer em termos de revisão temática, quer de aprendizagem”.
Sendo o último Guia das Consultas de Risco Cardiovascular datado de 2021, uma das ideias do secretariado do NEPRV é, segundo a sua coordenadora, fazer uma edição revista, já em 2025.
Vitória Cunha lembrou ainda que as candidaturas ao Prémio de Risco Cardiovascular Dr. Pedro Marques da Silva se encontram abertas até ao final de março de 2025, prémio este que será entregue durante a Sessão de Encerramento do 31.º Congresso Nacional de Medicina Interna.
Comissão Organizadora da 6.ª Reunião do NEPRV: Joana Paulo, Daniela Madeira, Patrícia Mendes, Francisco Nóvoa, Vitória Cunha, Rogério Ferreira, Patrícia Vasconcelos (presidente), Rui Valente, Francisca Abecassis, Rodrigo Leão e Ana Tornada (ausente na foto)