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Ginecologia: Histeroscopia em Consultório no CHBM «evita complicações pós-operatórias»

São muitas as ideias para que as mulheres possam ter cuidados de qualidade no Centro Hospitalar Barreiro Montijo (CHBM). Com uma equipa dinâmica, os projetos do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, dirigido por Ana Paula Lopes, acontecem e ganham forma. São exemplo disso mesmo o Cantinho da Amamentação e a Histeroscopia em Consultório, que ainda não constituem uma prática generalizada a todos os hospitais.

Como resultado desse dinamismo, são muitos os médicos a cumprir o internato noutros hospitais que vêm complementar a sua formação no 5.º ano da especialidade no Hospital Nossa Senhora do Rosário. Frequentam as diversas consultas que se realizam no Serviço – Uroginecologia, Planeamento Familiar, Apoio à Fertilidade, Ginecologia Oncológica, Patologia de Endométrio e Menopausa –, acompanhando os especialistas e desenvolvendo competências quer a nível médico, quer cirúrgico.

“Estão sempre prontos para algo mais"


Em entrevista à Just News, fica evidente o orgulho com que a ginecologista, que integra a equipa desde 1986, fala dos seus colegas: “Existe, realmente, um grande espírito de interajuda e de amizade. Já nos conhecemos bem uns aos outros e isso facilita o dia-a-dia, sobretudo quando surgem desafios mais complicados, como sucedeu com a pandemia.”

Sempre ao seu lado está Luís Miranda, enfermeiro em funções de gestão, que trabalha no Hospital Nossa Senhora do Rosário há 17 anos. Durante muito tempo, acumulou o trabalho no Barreiro com a atividade profissional desenvolvida noutros hospitais, nunca desistiu de “lutar pelo bom nome da casa”.


Ana Paula Lopes e Luís Miranda

Para tal, conta “com uma equipa fantástica de enfermagem, jovem, altamente integrada e motivada e com uma relação excecional com os elementos médicos”.
 
Esse empenho é reconhecido pela própria diretora, que enaltece os muitos projetos que têm vindo a ser desenvolvidos pela enfermagem. “Eles não param”, afirma Ana Paula Lopes. “Estão sempre prontos para algo mais. É fantástico!”, reconhece o enfermeiro Luís Miranda.



Aposta na histeroscopia em consultório


Cristiana Gonçalves é uma das especialistas mais jovens do Serviço e partilha com mais duas colegas a responsabilidade de realizar a histeroscopia em consultório. Foi ainda durante o internato que se interessou por esta técnica que, regra geral, é feita no Bloco Operatório, com anestesia geral.

“No Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do CHBM, com a colaboração de uma enfermeira e de uma auxiliar de ação médica, consegue-se, apenas com anestesia locorregional, diagnosticar e tratar as patologias que afetam a cavidade uterina. Atingindo muitas mulheres na pós-menopausa, ela pode ter solução sem cirurgia clássica”, explica.


Cristiana Gonçalves 

“Com esta técnica, evitam-se as possíveis complicações pós-operatórias. No mesmo exame, é possível detetar o problema e resolvê-lo, diminuindo-se o risco de cancro e promovendo-se o encurtamento das listas de espera para cirurgia convencional”, salienta a ginecologista.

O treino é fundamental, daí que Cristiana Gonçalves receba colegas de outros hospitais, para que observem a técnica, os procedimentos e os cuidados a ter. “Regra geral, ficam muito admirados por se conseguir fazer a histeroscopia em consultório, já que mesmo em grandes centros hospitalares ainda se recorre à técnica em Bloco Operatório”, comenta.

É, assim, com orgulho que quer manter esta diferenciação e, se possível, ajudar a replicá-la noutras unidades, porque “o que conta é o benefício das doentes”. De futuro, espera que a Consulta de Histeroscopia em Consultório passe a Unidade Funcional, sublinhando que a pandemia fez com que a lista de espera para a realização da técnica tenha aumentado.”



Cantinho da Amamentação: ouvir música e esclarecer dúvidas


Outra das iniciativas que merece destaque tem que ver com o denominado Cantinho da Amamentação, no piso 5. A sala foi remodelada com o apoio de mecenato e tanto pode ser utilizada no puerpério, ainda em regime de internamento, como quando a mãe se desloca ao Serviço, qualquer que seja o motivo.

De realçar que mesmo as mulheres que tenham tido o seu parto em instituições privadas têm a possibilidade de recorrer ao Cantinho da Amamentação – são todas bem-vindas. Neste espaço tranquilo, a mãe pode amamentar em silêncio, ouvindo música, ou usar a bomba extratora de leite.

“O mais importante é promover a amamentação e isso é possível, sobretudo, dando apoio às mulheres nesta fase de adaptação, quando a labilidade emocional e o stress da puérpera podem constituir um obstáculo ao processo de aleitamento materno”, frisa Rita Rosado, uma das enfermeiras responsáveis pelo projeto.

Além de abordarem as questões mais ligadas à amamentação, as mães aproveitam o apoio da enfermagem para esclarecer dúvidas sobre os mais variados assuntos: cólicas, obstipação, problemas com o cordão umbilical, ou outros problemas ligados à saúde da mulher.


Carla Barroso, Rita Rosado e Maria dos Anjos

“É importante ouvirmos o que têm para dizer, porque chegam aqui, muitas vezes, angustiadas e ansiosas, mas respeitando sempre o que pode estar mais relacionado com costumes e hábitos religiosos ou culturais”, acrescenta a enfermeira Carla Barroso.

Exemplo disso mesmo é o caso da guineense que queria colocar um fio à volta do abdómen do bebé, para proteção espiritual, ou a história da muçulmana que não aceitava ser observada por um homem. Ou ainda o episódio do pai muçulmano que trazia consigo o tapete para utilizar nas suas cinco orações diárias, ou o caso da mãe que quis chamar o pastor para abençoar o momento.

“Desde que não faça mal à mãe ou ao filho, aceitamos”, diz Carla Barroso. No entanto, os maiores desafios, a este nível, prendem-se sobretudo com os recentes movimentos de “índole naturista” e que tanto podem defender que não se deve dar banho ao bebé nas primeiras 48 horas de vida como são contra a vacinação.

“Procuramos sempre não entrar em confronto. Contudo, é da nossa responsabilidade alertar para as consequências e para a necessidade do apoio inicial de um profissional de saúde”, observa a enfermeira.



Consulta de Enfermagem do Puerpério

Recomendada pela Direção-Geral da Saúde, a Consulta de Enfermagem do Puerpério às 48 h após o parto foi igualmente implementada no CHBM. “É outro dos nossos orgulhos!”, admite Rita Rosado, acrescentando que “acaba por ser um grande apoio durante o primeiro ano de vida.”

Existe, ainda, a possibilidade de contactar telefonicamente a equipa por telefone, durante as 24 do dia, sempre que haja alguma questão para colocar.

“Todo este trabalho com a grávida começa nos cursos de preparação para o parto e para a parentalidade, que se revestem de grande importância para o casal e que temos a possibilidade de oferecer em horário pós-laboral, para que ambos os elementos possam estar presentes”, explica a enfermeira Maria dos Anjos, pouco antes de receber os Doutores Palhaços, da Associação Nariz Vermelho.

Os “melhores médicos do mundo”, como se intitulam, preparavam-se para visitar as puérperas e os bebés recém-nascidos e provocar algumas gargalhadas e um momento de descontração.



Violência obstétrica ou interferência no trabalho do médico?


Desmistificar, através do diálogo, algumas pseudoverdades que proliferam pela internet é mesmo importante, como afirma a diretora do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do CHBM, que se depara, por vezes, com pedidos que nem sempre fazem sentido. Um dos mais comuns, nos planos de parto tão em moda, é a não autorização em fazer uma episiotomia.

“Não faz sentido. Obviamente, só vamos recorrer a este procedimento se o mesmo se justificar, e sempre com o objetivo de evitar complicações futuras, como, por exemplo, o surgir de fístulas vesicovaginais ou retovaginais, com repercussões graves na qualidade de vida da mulher”, refere Ana Paula Lopes.


Ana Paula Lopes

A responsável considera que existe muita desinformação acerca do que se diz ser violência obstétrica, originada, no seu entender, por alguns grupos de pressão. “A episiotomia não é um ato de violência”, enfatiza.

E prossegue: “A humanização nada tem a ver com estas tendências, passa, essencialmente, por prestar cuidados de qualidade, valorizando o bem-estar da mulher em trabalho de parto, diminuindo a dor associada com técnicas de analgesia, como a epidural, usando a bola de Pilates, a massagem, a música... Não se pode interferir num ato médico de quem tem formação para tal e que, em última análise, tem como objetivo diminuir a morbilidade materna e fetal.”

Com anestesista e pediatra 24 por dia, as grávidas que recorrem ao CHBM “dispõem de todas as condições para terem um parto tranquilo e humanizado”, garante a diretora do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Ana Paula Lopes.



A reportagem completa pode ser lida na Women`s Medicine de setembro/dezembro, a revista de referência na área da Ginecologia/Obstetrícia e Saúde da Mulher em Portugal.
Veículo único de transmissão de conhecimento e de experiência entre os diversos profissionais a nível nacional. 

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