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Consulta de Cardio-Oncologia do Centro Hospitalar Barreiro/Montijo «é uma grande mais-valia»

A disfunção ventricular esquerda é uma das possíveis consequências da quimioterapia cardiotóxica, sendo as mulheres com cancro da mama as mais afetadas.

Em busca de uma resposta mais eficaz, o Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar Barreiro/Montijo tem, desde o início de 2017, uma Consulta de Cardio-Oncologia cuja responsável é Joana Chin, que sucedeu à sua colega cardiologista Ninel Santos nessa tarefa. A assistente de Cardiologia está no CHBM há ano e meio e, a certa altura, aceitou o desafio de ficar à frente de um projeto que, atualmente, presta apoio a uma dúzia de doentes.


“Ainda é recente, daí este número, mas tem sido uma grande mais-valia, porque é mais fácil detetar as mulheres que já apresentam disfunção ventricular esquerda e as que correm riscos de vir a ter este problema”, refere.




A cardiotoxicidade associada a tratamentos de quimioterapia pode apresentar-se sob a forma aguda, subaguda ou crónica e o objetivo é detetar os casos clínicos o mais cedo possível. Afinal, a manifestação mais típica de cardiotoxicidade crónica é a disfunção ventricular sistólica ou diastólica, que pode levar a insuficiência cardíaca congestiva ou até à morte.

Joana Chin explica que, antes da consulta, quer o Serviço de Cardiologia como o de Oncologia perceberam que havia dificuldades em dar resposta a todas as situações clínicas.

“Acabou por se criar uma ponte entre os dois serviços, para que se detete, o mais precocemente possível, casos de risco ou pessoas que já têm algum problema cardíaco”, aponta.

A médica é quem observa os exames das pacientes que são expostas a quimioterapia cardiotóxica. “Estas mulheres realizam, com frequência, análises e ecocardiogramas que são vistos por mim. O acompanhamento é contínuo”, diz. Desta forma, “previne-se a insuficiência cardíaca crónica, prolongada e irreversível, com um prognóstico nada positivo”.



Quando existe necessidade de intervenção, é marcada consulta e ajusta-se a medicação. “Dependendo de cada caso, do tipo de neoplasia e da agressividade da mesma, otimiza-se a medicação cardiovascular ou ajusta-se a terapêutica oncológica”, refere.

Além da doença oncológica, estas mulheres apresentam outros riscos cardiovasculares. “Na maioria, são obesas, têm diabetes mellitus e hipertensão.

São utentes com diversas comorbilidades, o que aumenta a probabilidade de virem a ter um problema cardíaco”, acrescenta.

As doentes estão, para já, muito satisfeitas e os médicos também. “Está a ser fantástico, porque conseguimos dar uma resposta mais célere às suas necessidades, o que contribui para uma maior qualidade de vida. Já basta a doença oncológica”, salienta Joana Chin.



Uma subespecialidade “prioritária”

Quem deu todo o apoio ao projeto foi João Tavares, diretor do Serviço de Cardiologia do CHBM. Há 25 anos no hospital e há 12 na Direção, é com orgulho que fala da consulta. “É uma área muito importante, que tem um papel fundamental na vida destas pessoas que já têm de viver com cancro”, afirma.

A equipa de João Tavares engloba 9 médicos, 9 técnicos e 23 enfermeiros num Serviço com 13 camas na Enfermaria e 6 na Unidade de Cuidados Diferenciados Cardíacos. Todos acabam por dar o seu contributo nesta consulta.

“Estamos empenhados em prestar os melhores cuidados”, garante o médico. O facto de terem à sua disposição ecógrafos com elevada capacidade de deteção de anomalias também é uma ajuda, no entender de João Tavares.

“O Serviço é pequeno, mas temos os recursos materiais suficientes para dar apoio em Cardio-Oncologia”, garante.



Joao Tavares e Joana Chin 

A criação desta subespecialidade é vista pelo cardiologista como uma necessidade premente. “Num serviço destas dimensões é preciso ter algum cuidado na criação de consultas de subespecialidade – apesar de fazer cada vez mais sentido, face aos avanços na área da Cardiologia –, mas a Cardio-Oncologia é, de facto, essencial, para se evitarem situações limite, que podem advir do risco de certas terapêuticas”, observa.


Nos próximos tempos, tanto João Tavares como Joana Chin têm esperança no sucesso da consulta, não apenas para o bem-estar das doentes mas ainda pela “ótima relação” que existe entre a Cardiologia e a Oncologia.


Mais que uma consulta, um processo assistencial

Orgulho e satisfação é o que sente o Conselho de Administração do Centro Hospitalar Barreiro/Montijo em relação à Consulta de Cardio-Oncologia.


“É um projeto dos serviços de Cardiologia e de Oncologia, que sentiram a necessidade de agilizar a assistência a utentes com risco ou já com patologia cardíaca associada à terapêutica oncológica e é muito bom ver que os próprios profissionais estão motivados para melhorar os cuidados prestados à nossa população”, diz Luís Pinheiro, o diretor clínico.




O responsável sublinha que, “mais que uma consulta, é um projeto que se traduz num processo assistencial que envolve os utentes mas também os médicos, enfermeiros e técnicos”. Acrescentando, diz que “existe uma forte aposta na prevenção, o que é fundamental na Oncologia”.


Luís Pinheiro confia que a consulta continuará a contribuir para uma boa resposta aos doentes, até porque “temos as condições necessárias e, além disso, os profissionais estão todos muito empenhados e motivados”.


“melhorar o relacionamento” com a Medicina Geral e Familiar


Já aconteceram há algum tempo, mas importa registar que em 2017 tiveram lugar as primeiras Jornadas de Cardiologia do Centro Hospitalar Barreiro/Montijo.



Falando na sessão de abertura, o diretor do Serviço de Cardiologia do CHBM, João Tavares, sublinhou que a reunião tinha como grande objetivo contribuir para “melhorar o relacionamento” com a Medicina Geral e Familiar.



Luís dos Santos Pinheiro, diretor clínico do CHBM, reforçou igualmente a necessidade de a Cardiologia estar em permanente contacto com os seus parceiros naturais, referindo-se à MGF.

“Devemos fomentar relações próximas e dialogantes com os nossos parceiros, nomeadamente nos cuidados aos doentes que seguimos. O hospital e a comunidade são um só e, de facto, estarmos todos aqui representa isso e é prova do trabalho muito motivador com o ACES”, lembrou, elogiando também o dinamismo do Serviço de Cardiologia do CHBM pela promoção destas primeiras Jornadas.



Deixou, por último, uma mensagem de satisfação institucional aos profissionais do serviço de Cardiologia “que, apesar das dificuldades, tem pessoas dinâmicas, interessadas e que conseguiram pôr de pé esta iniciativa”.

Maria José Branco, presidente do Conselho Clínico do ACeS Arco Ribeirinho, foi outra das presenças nesta iniciativa pioneira, tendo aproveitado para sublinhar a importância de a Cardiologia e a MGF desenvolverem um trabalho de complementaridade.

“É importante conhecermo-nos melhor, conhecer as caras e sabermos que critérios de referenciação existem e podemos seguir”, disse.

Carlos Humberto de Carvalho, presidente da Câmara Municipal do Barreiro, recordou que a saúde e o SNS são das conquistas mais importantes da democracia e que é importante que não se esqueça que existem cidadãos que necessitam destes cuidados. Para isso, desejou que os serviços se organizem e que as questões económicas e financeiras, que reconheceu serem extraordinariamente importantes, não se sobreponham aos direitos humanos.




A notícia pode ser lida na edição de janeiro do Hospital Público.



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