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Congresso de Obesidade com projeto inédito para médicos de família

Pela primeira vez na sua história, o Congresso da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO), que terá lugar nos últimos dias de novembro, em Lisboa, vai incluir um curso destinado à Medicina Geral e Familiar (MGF).

Em declarações à Just News, o presidente da Comissão Organizadora do evento, António Albuquerque, refere ser importante não esquecer que “o médico de família está na 1.ª linha de abordagem ao doente com obesidade” e é nesse contexto que se realiza, durante todo o primeiro dia de trabalhos do Congresso, o “Projeto de Treino e Formação em Obesidade para Médicos de MGF”.

Além do tratamento, "uma forte componente da prevenção"

Na organização desta iniciativa participam igualmente a Sociedade Portuguesa de Cirurgia da Obesidade e Doenças Metabólicas (SPCO), a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) e a Associação de Doentes Obesos e Ex-Obesos de Portugal (ADEXO).

“Esta ação formativa vai ser abrangente, na medida em que não nos focamos apenas no tratamento da obesidade, mas também numa forte componente da prevenção, tendo o curso sido dividido em módulos, distribuídos pelas várias entidades que participam na sua organização”, afirma António Albuquerque.



O cirurgião do Hospital de Curry Cabral esclarece que a SPEO, de cuja Direção faz parte, ficou com a responsabilidade da abordagem diagnóstica do indivíduo com excesso de peso e obesidade e com a questão dos modelos de apoio ao tratamento, onde se inclui a constituição de equipas multidisciplinares.

“Estes modelos de prevenção e tratamento da obesidade devem iniciar-se, no nosso entender, nos CSP”, afirma. E lembra que “o médico de família pode, junto do indivíduo com excesso de peso ou obesidade ligeira, iniciar um conjunto de ações de prevenção para se evitar a evolução para graus mais graves da doença e, portanto, mais difíceis de tratar”.

Saber que tipo de cirurgias existem

O cirurgião, que integra o Centro de Tratamento Cirúrgico de Obesidade do CHLC, considera ser “importante que o MF saiba que tipo de cirurgias existem para tratar a obesidade”. Até porque, nesta área, “existe a noção errada de que fazer uma cirurgia bariátrica é simplesmente sinónimo de colocar uma banda gástrica”.

“Também há quem julgue que fazer um bypass gástrico ou um sleeve é colocar algo num doente! De facto, na banda coloca-se um anel de silicone, mas no sleeve ou no bypass modificamos a anatomia e a fisiologia do tubo digestivo”, refere António Albuquerque, concluindo:

“É fundamental desmistificar os tipos de cirurgia junto dos MF e as complicações associadas a estas intervenções, que são, atualmente, reduzidas, fazendo destas cirurgias uma forma de tratamento segura.”


Alguns dos elementos da Comissão Organizadora: Maria João Fagundes, Olga Ribeiro, Léneo Andrade, Nuno Borges, António Albuquerque, Paula Câmara, Sandra Martins e José Silva Nunes

Os participantes no curso que se vai realizar passarão a ter uma noção exata do tipo de cirurgia a que o doente foi submetido e de quais as suas necessidades no pós-operatório. Por exemplo, “quem faz sleeve pode necessitar de suplementação vitamínica e mineral”, sendo que, no caso do bypass gástrico “essa suplementação é obrigatória para o resto da vida”.

E ainda: “Se o MF vai  pedir análises, deve solicitar um conjunto de doseamentos para detetar determinados défices que são mais específicos de quem se submete a uma cirurgia de obesidade.”
 
Também é um facto que “muitas vezes referencia-se o doente obeso para a cirurgia em circunstâncias em que não existe indicação podendo o tratamento passar pela Endocrinologia, Medicina Interna, Psicologia, ou Nutrição”.

“É fundamental que o MF saiba quais as indicações para tratamento cirúrgico, quais os canais que tem para referenciação, e se houver necessidade de realizar um conjunto de exames antes da cirurgia pode pedi-los”, frisa o cirurgião.



Um Congresso também para a MGF

O 22.º Congresso Português de Obesidade, que decorrerá entre os dias 23 e 25 de novembro, sob o lema “Obesidade: um peso a reduzir”, também é destinado à MGF. Esta é claramente uma mensagem que António Albuquerque quer passar e que vai além da realização inédita do projeto de formação:

“Não queremos que os médicos de família venham apenas ao curso paralelo. Vão ser abordadas uma série de áreas de conhecimento relativas à obesidade, quer na prevenção quer no tratamento, nomeadamente, farmacológico, e é muito importante que o médico de família esteja a par das novidades."

Além dos diferentes temas em debate, vão ser dados a conhecer vários protocolos de âmbito nacional, um relacionado com o tratamento médico da obesidade, outro de diagnóstico e tratamento das hipoglicemias após cirurgia bariátrica e um terceiro de orientação nutricional da terapêutica farmacológica na diabetes também após cirurgia bariátrica.

“É um esforço da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade para que existam linhas de orientação que também servem para os médicos de família, daí a importância de participarem no Congresso e de não ficarem apenas pelo curso paralelo”, sublinha o especialista.

Equipa multidisciplinar

Além de não ser habitual um cirurgião presidir ao Congresso Português de Obesidade, António Albuquerque vai liderar uma Comissão Organizadora verdadeiramente multidisciplinar.

Fazem parte da equipa: Sandra Martins e Cristina Caetano (fisiologistas do exercício), José Silva Nunes e Cristina Santos (endocrinologistas), Léneo Andrade e José Camolas (nutricionistas), Susana Carnapete, Maria João Fagundes, Paula Câmara e Olga Ribeiro (psicólogas), Graciete Bragança (pediatra) e Nuno Borges (cirurgião).



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