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CH Setúbal realizou os primeiros casos de desnervação renal para redução da pressão arterial

"Trata-se de uma enorme mais valia para o Centro Hospitalar de Setúbal", assegura Ricardo Santos, responsável pelo Laboratório de Hemodinâmica do Serviço de Cardiologia, a propósito dos primeiros casos aí realizados de desnervação renal. 


Em declarações à Just News, o médico sublinha que "esta é uma técnica eficaz e segura para os pacientes cujo controle tensional não é adequado com as demais abordagens". Ou seja, "para 
além da modificação do estilo de vida e da intervenção farmacológica, a desnervação renal surge como a mais avançada e promissora tecnologia para optimizar o controlo tensional".



O cardiologista de intervenção salienta a importância do Centro Hospitalar de Setúbal (CHS) passar a ter disponível mais esta valência, recordando que "a hipertensão arterial é o maior fator de risco para mortalidade e morbilidade, estimando-se que afecte mais de um bilião de pacientes e seja responsável por mais de um milhão de mortes anuais, a nível mundial".

Esta técnica foi realizada pela primeira vez no Laboratório de Hemodinâmica do CHS no final de janeiro, tendo esses procedimentos contado com o apoio de Pedro Gonçalves, do Hospital de Santa Cruz, cardiologista de intervenção com uma larga experiência em casos de desnervação renal.  


Redução da pressão arterial e dos eventos cardio-cerebrovasculares

A desnervação renal permite uma importante redução da pressão arterial. Segundo Ricardo Santos, esses valores animadores são obtidos "nos primeiros 3 a 12 meses, mantendo-se ou até melhorando ligeiramente em avaliações até aos 36 meses." Esclarece ainda que "variam entre os principais estudos":

- Redução de 10 a 12 mmHg da pressão sistólica e 5 a 6 mmHg da pressão diastólica avaliada em consultório
- Redução de 5 a 7 mmHg da pressão sistólica média e 4 a 5 mmHg da pressão diastólica média avaliada em monitorização ambulatória da pressão arterial

O impacto é, por isso, muito significativo, conforme explica: "Estima-se que estes resultados permitam reduzir os eventos cardio-cerebrovasculares major em 25 a 30%."


Ricardo Santos

Elevada segurança e "muito baixo risco de complicações"

De acordo com Ricardo Santos, este procedimento "está ainda muito pouco implantado em Portugal por várias razões, que vão desde a escassa divulgação da técnica aos custos inerentes, passando pelos aspectos técnicos".

Quanto à sua realização fora dos grandes centros hospitalares, "tal não é viável, uma vez que se trata de um procedimento invasivo realizado num Laboratório de Hemodinâmica e carece de apoio anestesiológico. Os estudos revelam tratar-se de um procedimento com elevada taxa de segurança e muito baixo risco de complicações quando efectuado nas condições adequadas."



"Constituição de um grupo multidisciplinar dedicado"

Questionado sobre os procedimentos que foram necessários desenvolver no CHS para se chegar a esta fase de implementação da técnica, Ricardo Santos destaca os três "aspetos mais importantes":


1- Divulgação da técnica e da evidência científica,  sensibilização dos colegas, envolvimento das Consultas de Hipertensão Arterial dos Serviços de Medicina Interna e de Cardiologia do Centro Hospitalar de Setúbal

2Seleção adequada de pacientes:

     - exclusão de HTA secundária

     - HTA primária não controlada com pelo menos 3 fármacos na sua dose máxima

     - adesão terapêutica confirmada

     - taxa de filtração glomerular > 40ml/min/1.73m2

3- Treino do staff do Laboratório de Hemodinâmica, constituição de um grupo multidisciplinar dedicado, frequência de formações específicas e presença de proctor experiente nos primeiros casos.

"Poderá surgir um alargamento das indicações"

Quanto ao futuro, esclarece que "os critérios de seleção para esta técnica são actualmente bastante restritos, pelo que é previsível a sua utilização apenas num nicho de pacientes". 


Contudo, Ricardo Santos salienta que, "com a continuidade da demonstração de bons resultados em termos de eficácia e segurança, poderá surgir um alargamento das indicações, incluindo a preferência dos pacientes, a incapacidade de cumprimento terapêutico a longo prazo e a decisão partilhada médico-doente".





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