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Cancro do pâncreas começa a surgir mais cedo, «particularmente desde os 40 anos»

O Hospital da Luz decidiu assinalar novamente este ano o Dia Mundial do Cancro do Pâncreas, promovendo uma reunião onde se procurou "perspetivar o futuro, que passa pelo diagnóstico mais precoce e por terapêuticas mais dirigidas”, refere Rui Maio, o cirurgião e presidente da comissão organizadora deste evento.

Diagnóstico e tratamento: "investigar os subtipos que existem”

O médico, que assume ainda a coordenação dos centros Pancreático e Esófago-Gastro-Duodenal do Hospital da Luz Lisboa, salienta o facto de este ser um cancro “ainda muito subdiagnosticado, na maioria dos casos não ressecável aquando do diagnóstico, que apresenta uma mortalidade muito elevada”.

Rui Maio nota que esta neoplasia traduz-se atualmente na 3.ª causa de morte por cancro. E alerta para a alta probabilidade de, em 2030, este cancro passar a ser a 2.ª causa de morte, no âmbito das neoplasias.


Rui Maio

Esta projeção leva-o a considerar ter de existir “um investimento grande no diagnóstico e, por sua vez, no tratamento mais precoce, a par da aposta na terapêutica dirigida, o que implica investigar os subtipos que existem”.

Um cancro que já surge "em classes etárias mais jovens"

No seu entender, o diagnóstico precoce consegue-se “identificando, primeiramente, os grupos de risco, que abrangem a presença de história familiar, obesidade, tabagismo, diabetes recente ou lesões pré-neoplásicas, e implementando os rastreios adequados”.

Num segundo plano, é necessário “melhorar os exames de imagem, no sentido de terem cada vez mais uma maior acuidade diagnóstica”. Finalmente, “apostar nas biópsias líquidas, reconhecendo biomarcadores precoces da doença através da análise de DNA circulante”.

Além do aumento da incidência desta neoplasia, o cirurgião realça a deslocação do diagnóstico para os mais jovens. “Ao contrário do que era habitual, de este cancro atingir a 6.ª e a 7.ª décadas de vida, começa agora a surgir em classes etárias mais jovens, particularmente desde os 40 anos”, observa.



Grupo Luz Saúde: Reflexão sobre 10 anos de atividade

A primeira sessão deste evento visou o “Tratamento do cancro do pâncreas no Grupo Luz Saúde – Reflexão sobre 10 anos de atividade”, cuja primeira intervenção coube a Rui Maio, que desenvolveu a experiência e os resultados tidos no cancro do pâncreas.

Neste âmbito, aquele que é também o diretor do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Beatriz Ângelo, cuja gestão privada está sob a alçada do Grupo Luz Saúde, destaca o “crescimento significativo da atividade clínica, acompanhado de uma componente científica relevante e atualizada, em parceria com os maiores centros de investigação portugueses, como o Instituto de Medicina Molecular (IMM), o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) e a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT-UNL)”.

Avaliando esta década de atividade, Rui Maio assinala “a melhoria da atividade diagnóstica, a otimização da abordagem cirúrgica no pré-operatório, nomeadamente com a implementação do Programa ERAS, para que o desempenho e o resultado cirúrgico sejam melhores”. Acresce ainda a evolução que se verificou ao nível da quimioterapia, com “mais doentes elegíveis a fazer tratamento adjuvante e neoadjuvante”.

Como sublinha, “estamos a tratar um número cada vez maior de doentes de acordo com o estado da arte, oferecendo as terapêuticas mais atualizadas e recentes, consoante as boas práticas atuais”.




"É uma reunião que nos enche de orgulho"


Isabel Vaz, presidente da Comissão Executiva do Grupo Luz Saúde, não deixou de estar presente neste evento e de realçar, em declarações à Just News, “a aposta muito importante que o Grupo tem feito na Oncologia, em geral, e na Oncologia Digestiva, em particular”.


A CEO da Luz Saúde destacou a vertente multidisciplinar associada à área do cancro e, além da componente assistencial, sublinhou a importância do “ensino e da investigação, ao nível do melhor que se pode fazer neste momento em centros de alto volume”.


Para Isabel Vaz, esta é “uma reunião que nos enche de orgulho, por ser um dia em que se demonstra entre pares aquilo que de melhor estamos a fazer, em que podemos aprender uns com os outros, e é desta forma que os serviços crescem e evoluem”. No caso específico do cancro do pâncreas, acredita que “é preciso estar na crista da onda desta neoplasia que se está a tornar um flagelo, para melhor servir os doentes, que é o que realmente importa no final do dia”.


Jorge Paulino, Marília Cravo, Isabel Vaz e Rui Maio

O Dia Mundial do Cancro Pancreático, este ano assinalado a 18 de novembro, ocorre sempre na terceira quinta-feira do mês do penúltimo mês do ano. Este evento arrancou em 2020, em plena pandemia, sob formato virtual, com o intuito de “chamar a atenção para uma patologia ainda negligenciada e para a qual são necessárias parcerias e um investimento na criação de centros de excelência”, resume Rui Maio. Esta 2.ª edição aconteceu já em formato presencial e teve sala cheia.

 

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