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Bronquiolite causada pelo VSR: «Preocupa-nos particularmente em crianças até aos 2 anos de idade »

O vírus sincicial respiratório (VSR) é o principal causador de bronquiolites em bebés e crianças pequenas, e é certo que "quanto mais pequeno o lactente, maior o risco de desenvolver dificuldade respiratória e de apresentar compromisso da alimentação, com consequente aumento da gravidade da doença", afirma o pediatra Hugo Rodrigues.

Em declarações à Just News, o médico salienta que "por isso mesmo, é uma infeção que nos preocupa particularmente em crianças até aos 2 anos de idade, que é quando temos estes quadros clínicos mais graves e heterogéneos".

No entanto, faz questão de sublinhar que "o VSR também infeta crianças mais velhas" e que, apesar de habitualmente esses casos serem de menor gravidade, "preocupa-nos que essas crianças sejam transmissoras de VSR para bebés, lactentes, crianças pequenas e, essas sim, poderem desenvolver doença mais grave".

E acrescenta: "Sem alarmismos, sem fundamentalismos e sem precauções exageradas, temos que dizer que as pessoas que têm sintomas respiratórios, sejam crianças, sejam adultos, são vetores de contágio. E são vetores de contágio de um vírus que pode resultar em doença de gravidades diferentes, consoante a idade de quem depois contacta com esses microrganismos."


Hugo Rodrigues


Promoção da literacia em saúde nos cuidados de saúde primários

De acordo com Hugo Rodrigues, autor da obra "O Livro do seu Bebé. Os primeiros 1000 dias - da gravidez aos dois anos" e responsável pela plataforma digital https://pediatriaparatodos.com/, neste "trabalho de prevenção, de educação e divulgação de evidência científica, os profissionais dos cuidados de saúde primários têm um papel fulcral".

E qual a primeira mensagem que deve ser transmitida aos utentes? Na verdade, não é nova, conforme explica: "Quando as pessoas têm problemas respiratórios, não devem contactar com bebés pequenos, com poucos meses de idade. Já era uma ideia que ia surgindo, mas agora, com a pandemia e esta atenção redobrada dedicada às doenças respiratórias infeciosas, devemos aproveitar para reforçar esta questão."

Lembra ainda que "há depois outras medidas preventivas, como a lavagem das mãos e a etiqueta respiratória, cuidados que são sempre importantes de reforçar nas consultas de rotina e nas consultas de saúde infantil, quer junto das crianças mais velhas, quer dos pais ".

"A evolução atípica dos sintomas deve alertar os pais"

Na opinião de Hugo Rodrigues, assistente hospitalar graduado na ULS do Alto Minho, o processo de comunicação de médicos e enfermeiros de família "está a ser bem feito e tem vindo a ser cada vez mais eficaz ao longo dos anos", considerando também que "será sempre útil lembrar alguns aspetos". E desenvolve a ideia:

"É importante conhecermos bem a bronquiolite causada pelo VSR e sabermos, de forma geral, como evolui este tipo de infeção em termos temporais. Não sabemos, na fase inicial da doença, quais são os casos que vão ter maior ou menor gravidade, mas sabemos que o mais frequente é observar-se uma melhoria dos sintomas ao fim de 3 ou 4 dias. Contudo, nem sempre é assim e pode observar-se, nesta fase, um agravamento. Esta evolução, que é uma evolução atípica no contexto das outras infeções respiratórias superiores, deve alertar os pais."

Assim, adverte que quanto mais pequenas as crianças forem, “maior o risco de evolução para doença grave e, por isso, mais atentos temos de estar. Nas bronquiolites por VSR o agravamento progressivo dos sintomas obriga a uma monitorização cuidadosa da evolução da doença."

De acordo com o médico pediatra, "é muito importante que este trabalho de informação prévia seja realizado nas consultas de vigilância", indicando que há dois objetivos principais: "primeiro, os utentes não se deslocarem desnecessariamente à urgência, se não existirem critérios de gravidade, até porque não temos grandes tratamentos a oferecer nas bronquiolites, exceto nos casos muito graves. Por outro lado, os cuidadores serem capazes de detetar precocemente um eventual agravamento dos sintomas."

Refere também que é necessário "identificar quais são os bebés que têm fatores de risco para doença mais grave e esses, mesmo que não tenham doença grave na fase inicial, devem ficar debaixo de olho, seja sob vigilância médica, seja informando os pais e acompanhando a evolução.”

Desta forma, esta “promoção de educação para a saúde é fundamental e faz toda a diferença, ajudando a gerir melhor os recursos disponíveis."

Consultas: "Um espaço de confiança para a educação para a saúde"


Hugo Rodrigues destaca ainda: “um dado importante que nós não conseguimos controlar, é a ansiedade dos pais quando se fala da saúde dos seus filhos. A ansiedade em relação a ver um filho doente é grande e, às vezes, a ansiedade em ver um filho doente com algo de que se ouviu falar na televisão numa perspetiva muito alarmista piora ainda mais a situação".

Essa realidade faz com que ganhe ainda mais relevo a intervenção nos cuidados de saúde: "Num espaço de confiança, que são as consultas de saúde infantil ou as consultas de pediatria, deve-se tentar reforçar e preventivamente ensinar e conversar com os pais sobre sinais de alarme a que devem estar atentos. Apesar de tudo, não é muito tempo que demora na consulta este tipo de conversa e faz toda a diferença em recursos posteriores!"



O pediatra aproveita para deixar o convite a todos os profissionais a visualizarem o webinar “Infeção por VSR: uma nova perspetiva sobre a prevenção”, disponível online desde o final do ano passado.

De acesso gratuito, e destinado exclusivamente a profissionais de saúde, este evento contou com a participação de Hugo Rodrigues, que desenvolveu vários temas no âmbito desta infeção em idade pediátrica. "Acredito que será um contributo muito útil", afirma.

 

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