Congresso da APTFeridas celebra 20 anos «a promover formação e investigação»
A Associação Portuguesa de Tratamento de Feridas (APTFeridas) realiza esta semana, em Gondomar, o congresso anual, no qual será assinalado o seu 20.º aniversário. Em declarações à Just News, o presidente da APTFeridas, Paulo Alves, sublinha que o objetivo principal é “melhorar a prática de cuidados aos doentes com ferida”.
O enfermeiro especialista em Saúde Comunitária e professor auxiliar da Universidade Católica Portuguesa sublinha que a APTFeridas é "uma associação pioneira na área da prevenção e tratamento de feridas em Portugal" e recorda:
"Foi há 20 anos que um conjunto de enfermeiros e médicos se uniram e a criaram, com o objetivo claro de promover a formação e a investigação na área das feridas."
Paulo Alves esclarece que se pretende “mudar as práticas para melhorar a qualidade de vida e o atendimento aos utentes com ferida” e que uma especial atenção é dada à ferida crónica, “que pode atingir um doente por mais de 50 anos”.
Em Gondomar, ao longo de três dias peritos nacionais e estrangeiros com competência reconhecida na área das feridas vão partilhar a sua experiência. De acordo com Paulo Alves, “a intenção é não só fazer com que os outros alterem os seus procedimentos/comportamentos, mas também melhorar a prática diária”.
Além do Congresso, que tem registado mais de 1500 participantes, a APTFeridas promove ações em centros de saúde e hospitais, com o intuito de melhorar a formação dos profissionais de saúde.
"Saber utilizar os melhores produtos"
O presidente da APTferidas considera que houve uma evolução muito positiva na área das feridas nas últimas duas décadas: “As práticas foram mudadas e hoje já é possível medir os indicadores de resultados. Conseguimos perceber quais as intervenções que são mais eficazes e que a formação que a Associação tem promovido nos hospitais e centros de saúde ajudou a melhorar as práticas, o que se traduz numa melhoria de cuidados.”
Por outro lado, "a evolução tecnológica na área de material de penso foi enorme“ e hoje existe a consciência de que ”não chega ter os melhores produtos, é necessário também saber utilizá-los, conhecer as suas propriedades”.
Viviana Gonçalves (Comissão Organizadora), Paulo Alves, Anabela Gomes (fundadora da APTFeridas), Aníbal Justiniano (fundador e primeiro presidente da APTFeridas) e Tânia Manuel (Comissão Organizadora)
“Estamos a falar de recursos escassos, com custo-efetividade nos tratamentos e que permitem a redução dos tempos de internamento, das áreas das feridas, de sinais e sintomas que causam sofrimento e dor aos doentes”, afirma Paulo Alves.
E assegura, com orgulho, que a APTFeridas "colaborou na aquisição de competências para que seja possível prestar hoje melhores cuidados do que há 20 anos".
"Trazer ao SNS a equidade nos cuidados"
Para os próximos anos, Paulo Alves considera que um dos desafios passará por "controlar o desenvolvimento tecnológico desmesurado", avaliando o que é realmente útil e passível de ser aplicado.
Por outro lado, refere, “é necessário continuar a lutar por trazer ao SNS a equidade nos cuidados, para que todos os doentes, em qualquer parte do país, tenham acesso aos mesmos cuidados”. Paralelamente, importa “melhorar a acessibilidade destes doentes aos profissionais de saúde com competências acrescidas nesta área porque, infelizmente, não estão disponíveis no país inteiro”.
Paulo Alves
“Se conseguirmos chegar a mais profissionais e fazer formação, vamos conseguir ter mais peritos e investigadores, que vão tornar mais acessível ao doente com ferida ter os cuidados que realmente merece ter.”
Congressos inclusivos, onde os doentes partilham experiências
À semelhança do que aconteceu no ano passado, esta edição do Congresso, que conta com o Alto Patrocínio da Presidência da República, envolverá não só profissionais de saúde, mas também doentes. O objetivo é sempre o mesmo: melhorar os cuidados prestados.
“Temos doentes com feridas que vêm falar da sua experiência. Nós queremos que estes intervenham e ajudem os profissionais de saúde a conhecer quais as reais necessidades dos utentes”, afirma Paulo Alves.
O programa e outras informações podem ser consultadas aqui.