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Violência no namoro: internas de Pediatria capacitam jovens «a não ignorar os sinais»

"Não ignores os sinais da violência no namoro" é o tema do webinar que se realiza este domingo, Dia dos Namorados. A ação, dirigida a jovens e profissionais, conta com 300 inscrições, "o que ultrapassou as nossas expectativas iniciais", reconhece Ana Rebelo, interna de Pediatria do Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga (CHEDV).

A formação permitirá discutir qual a melhor abordagem para desmistificar certas ideias como "É melhor ter um/a namorado/a violento/a do que não ter namorado/a" ou "Os/as adolescentes gostam destas relações ou não continuariam com o namoro".

"Muitas inscrições são de profissionais de saúde"

Organizado pelo Núcleo Hospitalar de Apoio à Criança e Jovem em Risco (NHACJR), o evento conta com a participação de um grupo de internas de Pediatria, coordenado por Ana Rebelo.

Em declarações à Just News, a médica explica que esta formação estava inicialmente concebida para os jovens. Mas a verdade é que, além de estudantes do ensino básico/secundário, "muitas inscrições são de profissionais de saúde, professores, psicólogos…". 

Na sua opinião, essa grande adesão, que atingiu mesmo o limite de inscrições, demonstra "a importância e a atualidade do tema que, além dos danos físicos e psicológicos que provoca nos seus protagonistas, é também motivo de preocupação para aqueles que têm que lidar com esta temática".


Médicas internas de Pediatria envolvidas na organização do webinar: Ana Rebelo, Joana Mendes, Francisca Guimarães, Inês Azevedo, Sara Araújo e Sara Rodrigues.

"É uma mais valia para a nossa formação"

Para o sucesso da iniciativa contribui também o facto da pediatra Virgínia Monteiro ser quem coorderna, desde 2009, o Núcleo Hospitalar de Apoio à Criança e Jovem em Risco. Sendo igualmente responsável pelo Internato de Pediatria do CHEDV, permite aos médicos internos de Pediatria ter um contacto e uma experiência nesta área bastante enriquecedor, conforme explica Ana Rebelo:


"Enquanto interna de pediatria, penso ser uma mais valia para a nossa formação a sensibilização para com as situações de risco ou suspeita de maus tratos em crianças e jovens. O contacto com o NHACJ permite-nos adquirir uma perspetiva mais abrangente e completa da população pediátrica, sendo o nosso dever estar atentos aos diversos sinais e saber como intervir."

Pediatras podem ter um "papel de grande relevância"

Ana Rebelo não tem dúvidas de que o pediatra pode desempenhar um papel de "grande relevância ao detetar, numa fase inicial, os primeiros sinais que transparecem o impacto que uma relação abusiva pode ter na vítima".

Sinais que se manifestam das mais diversificadas formas, "podendo existir um declínio no rendimento escolar, sentimentos de tristeza, medo ou baixa autoestima, dificuldades de concentração, distúrbios do sono ou lesões físicas para as quais o jovem não apresenta explicação…".



O que fazer?

Uma vez identificados alguns sinais, "em primeiro lugar, é fundamental consciencializar os jovens a desenvolverem relações de intimidade saudáveis, desconstruir a legitimação de comportamentos abusivos e alertar para as múltiplas formas que a violência no namoro assume e que podem passar despercebidas."

Por outro lado, "é também nosso papel informar sobre os recursos de apoio disponíveis e encaminhar a vítima e/ou o agressor por si, ou por intermédio das entidades e instituições competentes, de forma a encontrar a ajuda necessária para aquela situação em concreto". E sublinha: "Sendo certo que tanto precisa de ajuda a vítima como o agressor."

Ana Rebelo faz ainda questão de recordar que, em Portugal, "estudos recentes revelam que mais de metade dos jovens já sofreram pelo menos uma forma de violência por parte de um atual ou ex-companheiro. Há ainda um longo percurso a fazer ao nível da consciencialização desta problemática".

Para mais informações:   violencianonamorochedv@gmail.com




As boas práticas merecem uma ampla partillha!

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