«É vital regulamentar a manutenção da psicoterapia como profissão autónoma»
É com o objetivo de promover "uma reflexão pública e um debate sério acerca da fundamentação científica e ética da Psicoterapia enquanto Profissão Autónoma" que se realiza, esta sexta e sábado, o 1º Encontro Nacional de Psicoterapia, refere Patrícia Câmara, membro da Comissão Organizadora do evento.
O evento, que decorrerá na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, é organizado pela Federação Portuguesa de Psicoterapia e realiza-se precisamente na semana em que se celebra o Dia Mundial da Saúde Mental, contando a reunião "com a presença da European Association for Psychotherapy e outros oradores de renome".
"Para que a confusão de nomenclaturas não se instale"
Em declarações à Just News, a psicoterapeuta e psicanalista Patrícia Câmara esclarece que com este encontro "pretendemos tornar clara a prática e conceptualização das psicoterapias, bem como a consistência científica das sociedades que há décadas formam os psicoterapeutas em Portugal".
Na sua opinião, a importância de perceber "a construção identitária dos múltiplos modelos de psicoterapia existentes e a necessidade da sua coexistência como garante de intervenções adequadas à singularidade humana é o apanágio daqueles que querem ver regulamentada uma profissão que ainda não foi estabelecida legalmente".
E acrescenta: "Procuramos percorrer os meandros das múltiplas escolas de psicoterapia e suas especificidades metodológicas e técnicas para que a confusão de nomenclaturas não se instale e para que não haja dúvidas quanto ao profundo respeito pela complexidade da mente humana que as abordagens psicoterapêuticas assumem, e para que não haja dúvidas também, quanto aquilo que é o trabalho psicoterapêutico e qual o caminho de formação que implica."
Dar a conhecer os "critérios rigorosos de formação"
Segundo Patrícia Câmara, a "pluralidade de abordagens que a FEPPSI contempla está unida pela certeza da necessidade de garantir uma formação consistente de todos os membros das associações que a constituem". Assim, nessa medida, a organização procura também com este encontro "dignificar e dar a conhecer a identidade ou as identidades das psicoterapias e os critérios rigorosos de selecção e formação a que todos os membros estão sujeitos".
Chama igualmente a atenção para a crescente preocupação com a saúde mental e com o reconhecido impacto que a psicoterapia pode ter na transformação de padrões internos e expressões de regulação psicofisiológica mais salutares. Queremos, por isso, garantir que o conhecimento das boas práticas e da diversidade de práticas distintas chega a todas as pessoas que necessitam ou desejam recorrer a psicoterapia".
Por outro lado, pretende-se ainda com esta reunião que "a informação circule, desinstalando a confusão entre áreas contíguas à psicoterapia, movimento necessário para garantir a qualidade e consistência das práticas psicoterapêuticas".
Assim, Patrícia Câmara refere que, durante o encontro, os participantes terão oportunidade de ouvir vários especialistas nacionais e internacionais "e de pensar em conjunto sobre questões epistemológicas, históricas, metodológicas, de investigação, ética e prática clínica do universo das psicoterapias, bem como critérios para a regulamentação da psicoterapia como profissão autónoma".
Faz ainda questão de reforçar a mensagem de como é importante o aspeto da regulamentação: "A manutenção da autonomia do exercício da psicoterapia é vital para garantir a diversidade das abordagens e sua consistência, e a regulamentação pretende exactamente resgatar a evidência da complementaridade científica como movimento de saúde em si mesmo, de quem coopera sem perda de identidade."
O programa e outras informações sobre o 1º Encontro Nacional de Psicoterapia podem ser consultadas mais informação aqui.