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Urgências e consultas hospitalares: livre acesso promove a «eficiência e a qualidade dos hospitais»

Em apenas três meses, 11% dos doentes encaminhados para consultas hospitalares pediram a derivação para outros hospitais, por aconselhamento do seu médico ou por opção individual. De acordo com Manuel Delgado, secretário de Estado da Saúde, este fenómeno de transferência foi mais notório nas áreas de dermatologia (15%), cardiologia (14%), ortopedia (12,3%), gastroenterologia e urologia (ambas com 12%), ginecologia (8,7%), obstetrícia (6,6%) e cirurgia geral (5,8%).

Todas estas especialidades "são clinicamente sensíveis em termos de resposta, isto é, são áreas onde a resposta é muito diversa consoante a zona do país e onde suspeito que a oferta não consegue dar satisfação confortável à procura", explicou o governante na conferência promovida na semana passada pela Associação Portuguesa de Engenharia e Gestão da Saúde (APEGSaúde) sobre "liberdade de circulação - primeiros resultados, tendências e constrangimentos".




No decurso da sua intervenção na Sala Dourada do Palácio Nacional de Queluz, seguida de um debate que contou com a participação de um amplo painel de especialistas, o secretário de Estado da Saúde salientou que "do ponto de vista do planeamento e da distribuição de recursos, faz sentido que os cidadãos estejam ligados ao hospital da sua zona de residência mas, embora estes princípios sejam justificáveis, o cidadão deve ter a possibilidade de optar por outro hospital".


O processo é iniciado pelo médico de família quando se perspetiva a primeira consulta hospitalar. Contudo, "se o doente quiser ir à urgência fora da sua área de residência, também o pode fazer". A medida visa "reforçar o papel do médico de família como conselheiro, informador e orientador dos doentes para centros de excelência e serviços onde, eventualmente, até poderá ter boas relações de trabalho".



São muitas e variadas as razões que levam os portugueses a escolher outro hospital mas, apesar dos dados não serem ainda muito robustos (o livre acesso iniciou-se no passado mês de junho), o motivo principal terá a ver com os tempos de espera. Com esta medida, o Ministério da Saúde visa "aumentar a eficiência e a qualidade dos hospitais" e, ao mesmo tempo, potenciar o desenvolvimento de uma "competição saudável" nas unidades do SNS.


Os tempos de espera são "um indicador importante do que se faz ou não se faz", frisou o secretário de Estado da Saúde. Obviamente que, em certos serviços, as listas de espera resultam de um "excesso de procura" ou de um "défice de profissionais de saúde" e "é preciso ter a mente aberta para perceber estas situações". Contudo, outras situações "têm a ver com a desorganização e um ritmo de trabalho baixo".

Na perspetiva de Manuel Delgado, "temos que solicitar aos hospitais que organizem melhor as suas equipas, disciplinem melhor os tempos de trabalho dos seus médicos e enfermeiros, por forma a que os blocos operatórios, as camas e toda a restante componente do conjunto necessário de recursos, sejam utilizados de forma razoável". O objetivo é "maximizar a capacidade instalada", "valorizar as preferências dos utentes" e tornar o Serviço Nacional de Saúde "mais transparente".


Carlos Tomás, presidente da APEGSaúde, com Manuel Delgado.

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